O ano de 2019 chega ao fim com uma média de 206 casos de dengue por hora.
Dados do Ministério da Saúde mostram que foram 1.520.424 casos prováveis (confirmados e suspeitos) da doença entre 1º de janeiro e 4 de novembro (últimos números disponíveis). PUBLICIDADE
Foram 723,5 casos a cada 100 mil habitantes, com um total de 732 óbitos decorrentes da doença. Em 2018 o país registrou 252.706 casos prováveis de dengue e 146 óbitos.
O estado mais crítico foi Minas Gerais com 483.569 casos até dia 9 de dezembro, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde. Isso equivale a quase 59 casos por hora em território mineiro.
Minas possui 43,5% dos municípios com incidência considerada muito alta, equivalente a 371 cidades. O pior mês foi maio com 148.788 casos. Até agora, o estado registrou 168 óbitos; no ano anterior foram 12.
A Secretaria de Saúde de Minas Gerais atribui a alta a três fatores: a densidade populacional do mosquito Aedes aegypti, influenciada pelas condições climáticas; densidade da população humana suscetível; e intensidade de circulação do sorotipo DENV2.
Melissa Falcão, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que o vírus da dengue é dividido em quatro sorotipos. “Se a pessoa pegar um dos sorotipos ela está imune contra aquele sorotipo específico, ou seja, uma pessoa pode pegar dengue quatro vezes”, afirma.
A epidemia mais intensa de dengue já ocorrida no Brasil foi de 2015, com 1.621.797 casos. “Em 2015 foi o sorotipo DENV1. Nossa população não estava protegida contra o 2”, afirma.
O segundo estado com maior número de casos foi São Paulo: 395.930 registros até 7 de dezembro. Dez cidades concentraram mais de 43% dos casos: São José do Rio Preto, Campinas, Bauru, Araraquara, São Paulo, Ribeirão Preto, Birigui, Araçatuba, Presidente Prudente e Guarulhos.
O estado registrou 262 óbitos. Em 2018, foram 15.708 casos confirmados de dengue, com 14 mortes.
“Não sabemos porque Minas, mas São Paulo pode ter sido um local com muitos casos por conta da urbanização desorganizada e descontrolada. [Existem] muitos locais com problemas de saneamento básico e dificuldade dos profissionais de saúde de alcançarem certos lugares para combater o vetor, como favelas”, explica a especialista.
A epidemia afetou principalmente os idosos. Segundo Melissa, 51% dos óbitos foi de pessoas com mais de 60 anos.
A dengue é considerada uma doença sazonal, ou seja, é esperado que a sua incidência aumente e que ocorra uma nova epidemia a cada 3 ou 5 anos.
“Normalmente o maior número de casos ocorre no verão, por aumentar a proliferação do mosquito vetor. Esse ano foi diferente, no inverno o número de casos continuou alto”, afirma Melissa.
Segundo ela, isso ocorreu, provavelmente, por conta das mudanças climáticas, que fizeram com que o inverno fosse mais quente e devido à circulação do sorotipo DENV2.
O número de casos começou a diminuir no final de outubro, mas especialistas acreditam que a incidência deve aumentar com a chegada do verão e, por este motivo, afirmam que as atitudes de prevenção devem continuar.
“Sempre vão existir pessoas suscetíveis. A única maneira de resolver a epidemia é abolir o Aedes”, afirma Melissa. Para prevenção individual o ideal é utilizar repelentes, principalmente no início da manhã e no final da tarde.
Ela alerta ainda para a importância de cada um fazer sua parte no combate ao mosquito. “Olhar o quintal, procurar água parada, limpar a piscina, colocar areia nos pratinhos das plantas e ligar para a vigilância epidemiológica do seu município se souber de alguma área de risco.”.
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