Risco de peste bubônica faz Ceará emitir alerta para casos da doença

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42 municípios estão inseridos na vigilância da doença causada pela mesma bactéria da peste negra – que dizimou milhares de pessoas na Idade Média. Mas, não há notificação no CE desde 2005, e risco de epidemia é praticamente nulo.

Alerta para notificação imediata de peste bubônica foi emitido nessa segunda-feira, 12, pela Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa). O último caso da doença no Estado foi confirmado em 2005, por exame sorológico, no município de Pedra Branca. A nota técnica da secretaria orienta vigilância em 42 cidades cearenses.

A peste bubônica é transmitida pela bactéria Yersinia Pestis, a mesma da peste negra, doença que matou milhares de pessoas na Europa durante a Idade Média. Essa bactéria tem como vetores pulgas de dezenas de espécies. Os principais hospedeiros são os roedores, como camundongos, ratos, capivaras e até porquinhos-da-índia.

Humanos não são os hospedeiros naturais, mas contraem a doença sendo mordidos pelas pulgas infestadas nesses animais ou inalação de ar contaminado, no caso de pneumonia grave. O contato com os roedores ocorre, segundo a secretaria, quando o homem invade os ecossistemas desses hospedeiros infectados em atividades de caça, agricultura, comércio ou lazer.

Animais domésticos, tais como cães e gatos domésticos, também estão associados a algumas das principais espécies de pulgas da peste. ” Fortaleza teve uma epidemia de peste no século XIX e primeiro metade do século 20. Nos dias de hoje, é muito improvável que ocorra epidemia porque as condições de vida mudaram”, explica o médico infectologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Roberto da Justa.

Ainda que a doença possa ocorrer em todo o território, inclusive urbano, o risco de epidemia é quase nulo devido às melhores condições de higiene. “Apesar de ainda termos muitos defeitos em termos de saneamento, a situação sanitária melhorou (em relação ao período de infestação). Era uma doença bem grave e dizimava muitas pessoas, mas contamos agora com antibióticos que há 100 anos não existiam”, frisa.

No Estado, as áreas com focos de peste e, portanto, de importância para a vigilância, estão localizadas nas Serras de Baturité, Serra do Macaco, Uruburetama, Pedra Branca, Ibiapaba, Matas e Chapada do Araripe, conforme a nota técnica.

A nota da Sesa destaca que “a persistência desses focos deve ser considerada uma ameaça real e permanente de acometimento humano nessas regiões, que pode estender-se para outros lugares, inclusive centros urbanos, tornando-se imperativo que os técnicos de saúde estejam preparados para lidar com o problema”.

Casos no CENa década de 1980, foram notificados 76 casos de peste humana no Ceará e na Paraíba, com a ocorrência de três mortes. Entre 1994 e 1997, foram confirmados laboratorialmente no Ceará três casos da doença – dois em Guaraciaba do Norte e um em Ipu.

De acordo com Roberto, o alerta não é motivo para pânico, mas é importante para prevenir qualquer forma da peste. A recomendação é, em ambientes mais rurais, proteger as pernas para evitar transmissão por roedores que possam estar contaminados.

Os sintomas da peste bubônica relatados na nota técnica da Sesa são mal-estar, abatimento, dor de cabeça, dores no corpo, vômitos, pulso acelerado, arrepios de frio, febre alta, bubões. Já a peste pneumônica pode acarretar arrepios de frio, dor de cabeça intensa, delírio ou prostração absoluta, respiração ofegante, tosse frequente, escarro abundante (a princípio claro, depois sanguinolento), e pulso acelerado.

A Sesa define como caso suspeito o paciente sintomático ganglionar (manifestação da bubões ou adenite dolorosa) ou respiratório (manifestação de tosse, dispneia, dor no peito, escarro muco-sanguinolento) com febre e/ou mais dos sintomas: calafrios, cefaleia, dores no corpo, fraqueza, anorexia, hipotensão e/ou pulso rápido/irregular oriundo de zonas ativas de ocorrência da peste (1 a 10 dias).

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