São Tomé e Príncipe está a reforçar a luta contra a malária, também conhecida como paludismo, com o 13º ciclo de pulverização intradomiciliar. Cerca de 150 agentes de saúde participam na campanha. Até 2025, as autoridades são-tomenses pretendem erradicar a doença do país.
A campanha de pulverização contra a malária arrancou em Água Grande, um dos distritos mais populosos de São Tomé. De acordo com o agente supervisor da campanha, José Rodrigues, várias comunidades vão receber as ações contra a malária.
“Temos O que-del-Rei, Bairro da Liberdade e Campo de Milho, zonas que têm muitos casos de paludismo. Temos também Ganda, Pantufo, as praias Cruz e Loxinga, que são as comunidades mais afetadas com mais casos de paludismo”, explica.
Governo pede colaboração da população
A malária é um dos entraves ao desenvolvimento de São Tomé e Príncipe. Por isso, segundo as autoridades, o sucesso desta campanha é crucial. No entanto, nesta primeira fase, os agentes não têm conseguido pulverizar seis casas por dia, a meta estabelecida.
A ministra da Saúde, Maria Jesus Trovoada, apelou à colaboração da população no arranque oficial deste décimo terceiro ciclo de pulverização. “Ultimamente temos estado a verificar que há um número de pessoas que não abre a porta das suas casas aos agentes pulverizadores, alegando vários motivos. Essas recusas podem trazer resultados maus, que colocam em risco todo o esforço da população e do Governo”, disse.
Segundo a ministra, “este comportamento pode levar ao retrocesso dos nossos bons resultados”. Maria Jesus Trovoada ressalta que, “por esse motivo, o Governo pede a todos para abrirem as portas aos agentes de pulverização. A colaboração de todos na luta contra o paludismo é importante”.
Erradicação da doença
Desde 2003 que São Tomé e Príncipe vem travando a luta contra o paludismo, aplicando nas paredes interiores das casas os inseticidas que matam os mosquitos anófeles, principal vetor da malária, afirma Hamilton Nascimento, coordenador do PNLP (Programa Nacional de Luta contra o Paludismo).
“Estamos no bom caminho. A mortalidade e a morbilidade estão em declínio. Se olharmos para os dados de 2012 a 2016, nos últimos anos, a incidência desceu de 65.5% para 11.3%, a mortalidade passou de 3.9% por 100 mil habitantes para 0. Todos os distritos, desde 2014, têm registado uma taxa de positividade inferior a 5%, o que tornou o país elegível para a pré-eliminação do paludismo”.
O coordenador do Programa Nacional de Luta contra o Paludismo prevê a erradicação da doença em menos de oito anos. “Entre 2022 e 2025 todos os distritos de São Tomé vão estar a lutar para a interrupção da transmissão e na ilha do Príncipe vamos estar a prevenir a reintrodução. A nossa meta é chegar à eliminação até 2025”.
Estratégias para o desenvolvimento
Há já treze anos que o paludismo deixou de ser a principal causa de morte no país. Os programas de vigilância epidemiológica, o acompanhamento e tratamento de doentes, a eliminação das larvas e a identificação de casos autóctones e casos importados são apontados por Hamilton Nascimento como ferramentas de uma estratégia de sucesso.
Nascimento lembra que o combate à malária, ou paludismo, também assegura o desenvolvimento económico. “Não podemos esquecer a importância económica que isto tem para o país. No ano passado um dos setores que teve maior incremento foi o setor do turismo. Uma das primeiras coisas que qualquer turista faz, antes de viajar para um país, é ver as doenças que existem”.