A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou, na quarta-feira, a quarta morte causada por leishmaniose visceral humana, no período de um ano, em Porto Alegre. A vítima, uma menina de dois anos e oito meses, residia nos altos do Morro da Embratel, no bairro Cascata, e faleceu no último dia 1, dois dias após a notificação da suspeita pelo Hospital de Clínicas, onde ela estava internada na UTI pediátrica desde a metade de setembro. Após a confirmação do caso, a prefeitura prepara uma nova rodada de capacitação de profissionais, com foco na gerência distrital de saúde Glória Cruzeiro Cristal, que abrange cerca da metade das áreas consideradas de risco. No começo de novembro, está programada uma sensibilização para profissionais de serviços de emergência e pronto atendimentos, na qual deve ser apresentado o mapa das áreas de risco para leishmaniose no município. De acordo com a prefeitura da Capital, medidas estão sendo tomadas, desde o último dia 6, na área onde residia a vítima, incluindo busca ativa de casos suspeitos e aplicação de inseticida nas proximidades da residência da criança. No começo da próxima semana, deve ser realizada a coleta de sangue em cães da região, que podem ser hospedeiros da doença, transmitida pelo mosquito-palha. Pesquisa mostra que 26% dos pediatras sofrem atos de violência no trabalho Dois em cada dez pediatras no Brasil têm sido submetidos frequentemente a atos de violência em seu ambiente de trabalho. O dado está presente em uma pesquisa elaborada pelo Instituto Datafolha, sob encomenda da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que captou, em janeiro, a percepção de 1.211 pediatras de todos os estados. O resultado foi apresentado quarta-feira, no 38º Congresso Brasileiro de Pediatria, em Fortaleza. Em estruturas da rede pública de saúde, a incidência de tais casos aproxima-se de 30%, atingindo 26% do universo de médicos dessa especialidade. Em hospitais e consultórios privados, o indicador é de 12%. Outra revelação do levantamento é que 53% dos profissionais dividem o tempo entre expedientes das duas esferas. Para a presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva, a lastimável situação é uma realidade que não fica restrita somente aos pediatras brasileiros, constituindo-se na vida da maioria dos médicos. Para que esse quadro seja desenredado, ela diz que os órgãos representativos da categoria precisam se mobilizar. “Nós vemos que a sociedade se encontra em um momento delicado, porque a violência começa a fazer parte de nossos dias. A situação de trabalho também é muito estressante para os médicos e, além disso, há um volume muito grande de pacientes. Há vários fatores na determinação dessa violência”, afirma Luciana. A médica destaca que as mulheres pediatras estão, “como sempre”, mais vulneráveis. Os números corroboram a opinião de Luciana, já que, enquanto 17% dos pediatras consultados declaram enfrentar agressões, 24% das profissionais mulheres sofrem com isso. Quando consideradas ocorrências dos últimos 12 meses anteriores à entrevista, a porcentagem de mulheres atacadas sobe para 26%. Além disso, o nível de estresse ocasionado pelas condições de trabalho é o maior registrado entre as médicas nos últimos cinco anos: 66%.