Caracas – O Observatório Venezuelano da Saúde (OVS), com a iniciativa de um grupo de especialistas no tema, alertaram nesta sexta-feira que a malária se propaga rapidamente na Venezuela e entregou uma “carta aberta” aos presentes ao fórum Malária nas Américas 2017, que ocorre nesta sexta-feira em Washington.
No texto, “ex-ministros de Saúde e Assistência Social, unidos a especialistas em saúde mundial e pesquisadores qualificados” chamam a atenção para “a grave epidemia de malária na Venezuela”.
“Esta é uma situação urgente já que a epidemia está se propagando rapidamente, afetando populações vulneráveis na Venezuela e países vizinhos”, explicam os especialistas na carta.
Segundo dados do OVS, o país tem os piores índices de desempenho de malária na região desde o ano 2000. O órgão também ressalta um “aumento de casos de malária de 709%, um aumento de 521% de mortes relacionadas com a malária e um aumento de 540% na incidência parasitária anual (IPA)”.
De acordo com a entidade, essa doença está presente em 17 estados que informam casos autóctones e exportam malária a países vizinhos (Brasil e Colômbia).
O OVS indica que o governo venezuelano “restringiu” o uso da informação epidemiológica e deixou de publicar dados desde 2014, mas afirma que “os dados oficiais correspondentes à semana epidemiológica Nº 26, de 2017, não publicados, mostraram um aumento de 70% dos casos de malária (comparado com 2016)”, assim como o dobro do número de mortes relacionadas à malária.
Os especialistas afirmam que a crise na Venezuela trouxe como consequência um “sistema de saúde colapsado” que não aplica uma campanha de distribuição em massa de inseticidas de longa duração e tem uma limitada implementação da fumigação do interior de residências.
“O desabastecimento de provisões para o diagnóstico e o tratamento da malária é cada vez mais grave”, acrescentou.
A análise destaca que os remédios utilizados para combater a doença são “insuficientes” e às vezes “ineficazes”, o que também aguça a complexidade de outras epidemias que afetam a população como tuberculose, difteria, sarampo, sarna e HIV, entre outras.
Esta carta, entregue durante o fórum Malária nas Américas 2017, exige que a Organização Pan-Americana de Saúde a Organização Mundial da Saúde, entre outras, “apoiem e tomem ações urgentes” destinadas a controlar esta epidemia.
“É necessária uma resposta internacional urgente para controlar a pior epidemia de malária na região das Américas no século XXI”, declararam os especialistas venezuelanos.