EUA aprovam uso de mosquitos da dengue modificados

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Método depende de liberação da Anvisa para ser utilizado no Brasil

Segundo artigo publicado na revista Nature, os Estados Unidos deram mais um passo para o combate à dengue. O país está se preparando para lançar mosquitos modificados em 20 de seus estados e na capital.

O mosquito em questão é o aedes albopictus, considerado mais perigoso que o aegypti – um velho conhecido dos brasileiros. O albopictus é infectado com a bactéria Wolbachia pipientis pelos cientistas da startup biotecnológica MosquitoMate para controlar a proliferação dos demais mosquitos transmissores da dengue.

Funciona da seguinte maneira: os machos e as fêmeas são separados em laboratório, e como elas picam, são mortas. Os machos, por sua vez, são soltos na natureza portando a bactéria que atrapalha a formação dos cromossomos paternos. Dessa forma, as fêmeas não procriam porque os ovos fertilizados não chegam a virar outro mosquito.

É a primeira vez que o governo de um país autoriza a liberação dos insetos infectados em larga escala. O objetivo é controlar a quantidade de mosquitos e, consequentemente, o número de pessoas infectadas pela doença.

O uso em larga escala de mosquitos modificados também no Brasil depende da liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Apenas a pesquisa está permitida.

Em 2015, uma iniciativa científica semelhante, coordenada pela Fundação Osvaldo Cruz, foi testada no Rio de Janeiro.

No entanto, diferentemente da estadunidense, a estratégia era mudar a capacidade do mosquito de transmitir o vírus – e não impedir a fertilização.

Dengue no Brasil

De acordo com o Ministério da Saúde, até 5 de agosto deste ano foram registrados 210.627 casos prováveis de dengue no país, com incidência de 102,2 casos/100 mil habitantes. Outros 166.905 casos suspeitos foram descartados.

A região Nordeste apresentou o maior número de casos prováveis (37,7%). Em seguida aparecem as regiões Centro-Oeste (29,1%), Sudeste (22,3%), Norte (20.487; 9,7%) e Sul (1,2%).

Na Bahia, o número cresceu 995% em 10 anos. Em 2006 houve 6.563 casos da doença, enquanto no ano passado foram contabilizados 65.351 casos. Também aumentou o número de casos registrados no País. A estatística saltou de 258.680 para 1.500.535, no mesmo período.

A infecção por dengue pode ser assintomática ou causar doença que pode levar a quadros graves com choque com ou sem hemorragia, podendo evoluir para o óbito. Ano passado foram registradas 4 mortes pela doença na Bahia e 466 no Brasil.

Normalmente, o primeiro sintoma é a febre alta (39° a 40°C), acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e prurido cutâneo. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns.

A recomendação do Ministério da Saúde é que, em caso de suspeita de dengue, o paciente deve procurar o serviço de saúde mais próximo e seguir a orientação médica de fazer repouso e ingerir bastante líquido – água, sucos, soro caseiro ou água de coco. A vacina para dengue está em fase de estudos no Brasil.

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