Tratamento para leishmaniose é eficiente, mas ainda é caro para maioria

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A Leishmaniose Visceral é uma doença ainda sem cura para os animais e que infecta pessoas por meio da picada do flebotomíneo, o mosquito-palha. Em Campo Grande, já foram registradas três mortes por leishmaniose neste ano. No começo deste mês, o maquiador Josimar Pereira Madeira, 31 anos, morreu após contrair a doença. O óbito ainda está sob investigação e não entrou nas estatísticas oficiais da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).

A situação preocupa a população, pois, além do mosquito que transmite a doença infectar as pessoas, os cães são os principais vetores do parasita. Durante vários anos, o tratamento dos cachorros foi questão polêmica e a eutanásia era a recomendação oficial dos órgãos de saúde. Não era permitido o tratamento da doença nos cães com a utilização de medicamentos para seres humanos ou que não possuíam registro no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

O abate de cachorros, que contêm o parasita responsável pela doença, era questionado por tutores, protetores de animais e profissionais da área de veterinária. Em Campo Grande, a lei complementar que alterou o Código Sanitário de Campo Grande e regulamentou o tratamento da leishmaniose visceral em cães no município entrou em vigor no dia 17 de abril, após a publicação no Diário Oficial da sanção do prefeito Marcos Trad (PSD) ao projeto do vereador Francisco Gonçalves de Carvalho (PSB), que havia sido aprovado na Câmara da capital.

Onde tratar?

O CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) – que atende quem não tem condições de levar o animal à uma clínica veterinária – não realiza o tratamento dos cães com leishmaniose, mas orienta o tutor de animal que ele pode realizar o tratamento com medicamento autorizado pelo Ministério da Saúde e/ou Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e que o animal precisa de acompanhamento médico veterinário periódico.

Segundo o Ministério da Saúde a eutanásia é umas das alternativas que deve ser apresentada ao proprietário e a outra é o tratamento. A Sesau não informou ao Jornal Midiamax se está realizando a eutanásia e leitores informaram dificuldades para conseguir realizar o procedimento.

O cão é o principal reservatório do parasito em área urbana. Nos cães, o tratamento pode até resultar no desaparecimento dos sinais clínicos, porém eles continuam como fontes de infecção para o vetor, e, portanto, um risco para saúde da população humana e canina. Segundo o Ministério da Saúde a eutanásia é umas das alternativas que deve ser apresentada ao proprietário e a outra é o tratamento”, informou a Sesau.

A boa notícia para os donos, é que o tratamento é eficaz para a maioria dos cães e com isso, os animais não precisam ser sacrificados. De acordo com o veterinário Crispin Ferreira, da Clínica São Bernardo, em Campo Grande, entre 70% e 80% dos animais respondem ao tratamento da leishmaniose com medicação.

Antes de começar os procedimentos, é necessário avaliar o estado clínico do animal para saber se os órgãos não foram comprometidos. Somente se não houve chances no tratamento, é que os médicos indicam a eutanásia do animal.

Como tratar a leishmaniose

O tratamento é feito com o medicamento sendo ministrado ao animal por 30 dias. Depois, a recomendação é voltar com o cachorro na clínica a cada três meses, pelo menos, para avaliação.

Sendo positivo, teríamos que avaliar se o animal está apto a iniciar o tratamento. Nem todos os estão aptos e é necessário verificar o rim, fígado, visualizar os órgãos internos. Se o animal estiver apto, faz o tratamento ou trata o problema renal, hepático e se voltar a ficar apto, inicia o tratamento da leishmaniose”, explica Ferreira.

Quanto custa tratar a Leishmanioese

Não há alternativas para tratar leishmaniose fornecidas por órgãos públicos de saúde e o tratamento também é vetado em universidades. O único medicamento de uso veterinário contra a leishmaniose registrado no País teve o uso autorizado pelo Mapa em 2016, o Milteforan.

Porém, o medicamento é caro e o tratamento acaba não sendo acessível a toda a população. Em pesquisa à internet é possível encontrar a por valores entre R$ 700 e R$ 2000. Somado aos atendimentos veterinários e outras medicações, o valor fica ainda mais caro.

Segundo o veterinário, o tratamento varia de preço e também depende do porte do animal. O tutor pode ter que investir valores entre R$ 300 a R$ 2 mil por mês para cuidar da saúde do animal. A eutanásia também varia de valor de acordo o peso do cachorro e, segundo Ferreira, só é aconselhada quando o animal está sofrendo muito.

Hoje em dia, o Milteforan é legalmente o único medicamento veterinário permitido a ser usado. Em medidas de profilaxia, é evitar que o animal pegue a doença. Nesse sentido a coleira é eficiente, e tem de várias marcas, e a vacina, que só tem um fabricante. Os dois juntos são eficientes”.

Medicação paralela

Em Mato Grosso do Sul, o CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária) e o CRMV/MS (Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul) defendem o cumprimento da portaria Interministerial nº 1.426, de 11 de julho de 2008, que normatiza o tratamento da LVC no país.

A norma, do Mapa e do Ministério da Saúde, veta o tratamento da leishmaniose em cães doentes com produtos destinados ao uso humano, ou que não sejam registrados no Mapa. Estão incluídos na proibição os chamados “métodos alternativos”, que não eliminam a infecção nem impedem o ciclo de transmissão da doença”, afirma comunicado no site do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul. O médico veterinário que receitar tratamentos não reconhecidos para a LVC pode sofrer processo ético-profissional no Conselho Regional de Medicina Veterinária do seu estado.

Entretanto, informações de tutores de animais, é de que é possível conseguir o tratamento feito com a medicação paralela e utilização de medicamento para seres humanos. Eles garantem que o tratamento possui eficácia, que é comprovada nos exames feitos posteriormente, e que o valor é bem mais acessível do que o único medicamento autorizado pelo Mapa.

Fonte: https://www.midiamax.com.br/cotidiano/2018/tratamento-para-leishmaniose-e-eficiente-mas-ainda-e-caro-para-maioria/

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