O infectologista e cordenador de Vigilância em Saúde e Laboratório de Referência da Fundação Oswaldo Cruz, Rivaldo Venâncio da Cunha, afirmou na manhã desta quarta-feira (12) que o Estado do Rio de Janeiro já conta com 37 mil casos de chikungunya registrados até outubro, o que caracteriza uma epidemia.
“Principalmente se levarmos em consideração que para caso notificado há, em média, dois casos não registrados. A chikungunya é uma doença nova e está chegando com força no Sudeste, onde as pessoas ainda não tiveram contato com a doença e portanto, não têm anticorpos”, destacou o especialista.
Até outubro foram registrados, em média, 120 casos de chikungunya por dia no estado do Rio de Janeiro. Número muito maior que o registrado no mesmo período de 2017, quando foram registradas 4.825 ocorrências.
Segundo o infectologista é certo que o número de casos vai aumentar neste verão porque há muito mosquito Aedes aegypti circulando no estado. E por isso, os desafios para combater a proliferação do mosquito vai além das ações de saúde.
“Além das ações do setor de saúde de buscar uma vacina e criar mosquitos estéreis, geneticamente modificados, e dos moradores, de evitar água parada em casa, os maiores desafios são a deficiência da coleta de lixo urbano, que deixa resíduos sólidos que acumulam água da chuva nas ruas, o abastecimento de água irregular, que faz com que moradores acumulem água em recipientes inadequados e sem vedação, e a violência urbana que impede ações de saúde em áreas de risco”, detalhou Cunha.
Além de ser uma doença nova, e que por isso de grande dificuldade para os profissionais de saúde que não têm a prática em seu tratamento, a chikungunya pode ser fatal para grupos de pessoas mais vulneráveis, como idosos e recém-nascidos. Embora os números sejam bem baixos – um óbito para cada mil casos registrados – a doença causa descompensação em pessoas que tenham outras enfermidades, como diabetes, hipertensão e doenças autoimunes.
“A chikungunya causa uma descompensação nas outras doenças, mesmo quando elas estão controladas. E isso causa um descontrole tamanho que pode levar à morte. Além que os efeitos são muito extensos. Há casos de pessoas que ainda sentem dores pelo corpo três anos depois de ter contraído o vírus”, destacou o infectologista da Fiocruz.