Incidência de escorpiões na região de Campinas aumenta com uso incorreto de inseticida, aponta especialista

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O período quente e chuvoso do verão faz aumentar a incidência de um animal indesejado e bastante temido pelos moradores da região de Campinas (SP): o escorpião. Pré-histórico, o aracnídeo, da mesma família das aranhas, parece difícil de ser eliminado, sendo muito combatido com o uso de inseticidas – o que pode, na verdade, aumentar o aparecimento do animal.

É o que alerta Fernando Bernardini, especialista da indústria química Bayer, de Paulínia (SP). Ele afirma que o uso de veneno vendido para combate de insetos pode aumentar o risco da pessoa ser picada pelos escorpiões.

“Ele [escorpião] pode sair muito estressado e picando tudo o que vê pela frente”, adverte.

Especialista orienta sobre cuidados com escorpiões. — Foto: Ricardo Custódio/EPTV
Especialista orienta sobre cuidados com escorpiões. — Foto: Ricardo Custódio/EPTV

Ele explica que existem produtos específicos para o combate aos aracnídeos, que devem ser utilizados mediante a contratação de uma empresa especializada nesse tipo de dedetização.

“São produtos de uso profissional, ou seja, as empresas é que devem realizar o uso”, afirma.

Veneno próprio para escorpiões é aplicado por empresas especializadas. — Foto: Ricardo Custódio/EPTV
Veneno próprio para escorpiões é aplicado por empresas especializadas. — Foto: Ricardo Custódio/EPTV

Espécies mais comuns

Bernardini afirma que, das 120 espécies do animal presentes no Brasil, as que a região de Campinas mais registra são a amarela e a marrom.

“O amarelo, muito comum na nossa região, é um animal predador, ou seja, precisa caçar a presa antes de se alimentar”, explica.

As pinças, segundo o especialista, servem para segurar a presa enquanto utiliza o ferrão para injetar o veneno.

Escorpião Amarelo é um dos mais recorrentes na região de Campinas (SP). — Foto: Ricardo Custódio/EPTV
Escorpião Amarelo é um dos mais recorrentes na região de Campinas (SP). — Foto: Ricardo Custódio/EPTV

Os escorpiões vivem, geralmente, em redes de esgoto, onde há umidade e insetos em abundância.

“Se alimentam principalmente das baratas, mas isso não significa que não possa se alimentar de outros insetos, como grilos e gafanhotos”, complementa Bernardini .

Perigo dentro de casa

Como, então, os escorpiões vão parar dentro das casas? O especialista explica que pode ser a escassez de alimento, mas não é apenas isso.

“Por mais que goste e umidade, o escorpião não gosta de ficar submerso na água. Então, nesse período chuvoso, dentro das galerias pluviais pode estar aumentando o fluxo de água, e eles vão procurar outros locais”.

Aracnídeo, o escorpião é do mesmo grupo das aranhas. — Foto: Ricardo Custódio/EPTV
Aracnídeo, o escorpião é do mesmo grupo das aranhas. — Foto: Ricardo Custódio/EPTV

Por mais que a maior incidência seja dentro das residências, quem mora em apartamento também deve ficar atento.

“Ele não consegue subir em superfícies lisas, mas uma superfície mais áspera, de reboco, ele consegue acessar”, ilustra.

Já as galinhas, bastante utilizadas como “predadoras” do escorpião, podem não ser tão eficazes assim, já que estas aves possuem hábitos diurnos, ao contrário do aracnídeo.

Locais de incidência

Segundo Bernardini, é muito comum encontrar os escorpiões em entulhos ou em materiais de construção. Também é possível que os animais entrem em casa pelo ralo ou por frestas nas portas e janelas, se escondendo, posteriormente, no meio das roupas ou dentro de calçados.

Foi o que aconteceu com o técnico em informática Marcelo Leite. Quando calçou o tênis, sentiu um incômodo e, em seguida, uma dor no pé. Ao colocar a mão dentro do calçado, a fim de ver o que era, se deparou com o escorpião.

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Marcelo foi picado por escorpião que se escondia em seu tênis. — Foto: Ricardo Custódio/EPTV

“Levei a picada no pé e a dor foi subindo até a panturrilha e o resto da perna. Foi agonizante”, relembra.

Dias depois, mais um escorpião foi encontrado na rua onde a família de Marcelo mora, em Americana (SP). “A gente via uma coisinha saindo ao lado do formigueiro, mas eram escorpiões”, revela a consultora de moda Gisleine Leite.

Gisleine trocou os ralos de casa por modelos que impedem a entrada de escorpiões. — Foto: Ricardo Custódio/EPTV
Gisleine trocou os ralos de casa por modelos que impedem a entrada de escorpiões. — Foto: Ricardo Custódio/EPTV

A partir daí, Gisleine mudou a rotina de cuidados com a casa. Trocou os ralos por modelos que podem ser fechados e passou a utilizar toalhas para bloquear as frestas nas portas da residência.

A consultora de moda também tinha o hábito de usar um inseticida improvisado, que não é recomendado para o combate ao escorpião, segundo o especialista da Bayer.

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