Minas tem 128 cidades assombradas por epidemia de dengue: veja a lista

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Combate ao Aedes aegypti em BH, uma das cidades que têm taxa de contaminados acima de 300 para cada grupo de 100 mil habitantes (foto: Leandro Couri/EM/D.a press - 20/2/19)

A sombra da epidemia de dengue já se projeta sobre 15% das cidades mineiras – 128 municípios com incidência da doença considerada epidêmica, incluindo Belo Horizonte. Os números, da Secretaria de Estado da Saúde, explicam o cenário de unidades de atendimento lotadas, agentes nas ruas para aplicar inseticida contra o mosquito Aedes aegypti e tentativa de reforço nos mutirões de limpeza. A situação é mais preocupante nos locais com projeção superior a 300 casos prováveis da virose para cada grupo de 100 mil habitantes, índice considerado alto ou muito alto, status que caracteriza a epidemia, segundo autoridades sanitárias estaduais. Diante do quadro, o governo de Minas prepara para os próximos dias a edição de um decreto de emergência, que deve facilitar a adoção de medidas urgentes de combate. O estado já confirmou 12 mortes pela doença e investiga outros 33 óbitos. 

Com 99.599 notificações de casos prováveis da doença apenas neste ano – que engloba confirmados e suspeitos – o avanço da dengue assusta em Minas. Somente em março foram 47.752 registros, número que bateu o verificado em dois meses anteriores. Em janeiro foram 17.539 diagnósticos e, em fevereiro, 32.811. Para se ter ideia, o total desses 96 dias já supera em 80,1% a soma dos dois últimos anos. Nas últimas quatro semanas, segundo dados da Saúde estadual, 128 cidades entraram em situação epidêmica (veja mapa), das quais 80 apresentaram incidência muito alta de casos, (acima de 500 por 100 mil habitantes), e outras 48, incidência alta (300 para grupos de 100 mil). Belo Horizonte está nesse segundo grupo, com taxa de 312,82. 

A cidade com a maior incidência no período é Tabuleiro, na Zona da Mata, com uma taxa que chegou a 2.649,51 – lembrando que o índice corresponde a uma proporção do total de casos projetado para uma população de 100 mil pessoas, mesmo que a cidade tenha um número absoluto de habitantes menor. “Temos intensificado o nosso trabalho. O estado já disponibilizou o fumacê (aspersão de inseticida) e já fizemos três ciclos. Os agentes seguem orientando a população e realizando mutirões de limpeza”, explicou Lucimar Freitas Vieira, secretária Municipal de Saúde. Segundo ela, a administração municipal está recorrendo a multas para conscientizar moradores. “Quando os agentes detectam o foco, jogam o remédio. Se no mês seguinte a situação continua, passamos a acionar o fiscal, que notifica o proprietário, e se persistir o quadro, aplica a multa”, completou.

Outro município que vive situação semelhante é Felixlândia, na Região Central de Minas. A prefeitura informou que promove, desde a última semana, o bloqueio do Aedes aegypti. “Temos muitos casos notificados. Já fizemos a aplicação de inseticida UBV (ultrabaixo volume), e estamos fazendo um arrastão de fiscalização, para tentar eliminar os focos. Aqui, o que predomina são recipientes usados pela população para armazenar água, como tambores”, explicou Milton Geraldo da Silva, secretário de Saúde da cidade. 

Segundo ele, outra característica de Felixlândia é a população flutuante, que não fica sempre na cidade. “Temos muitos moradores que trabalham em Belo Horizonte, por exemplo. Então, ficam aproximadamente 15 dias sem voltar para as casas, e acabam deixando o imóvel em risco”, disse. “A questão central é a cultura da população, que não tem o hábito de eliminar os focos. Temos a necessidade de colaboração do cidadão, porque sem isso não conseguimos combater esse bichinho tão pequeno que vem derrubando a gente”, afirmou. 

CAPITAL Belo Horizonte também enfrenta aumento de casos em relação aos dois últimos anos. Até a última sexta-feira foram 9.536 registros prováveis. Desses, 2.398 foram confirmados e outros 7.138 seguem sendo investigados. Foram descartados 3.008 casos. A Região do Barreiro é a que tem o maior número de confirmações: 543 moradores contraíram a doença neste ano. 

Para tentar impedir o avanço da virose, medidas de combate estão sendo reforçadas na cidade, segundo a prefeitura. “As ações de controle acontecem dentro de uma rotina e não só em momentos de ocorrências de casos. Sempre atuamos com visitas às casas, fazendo buscas de criatórios, no mínimo cinco vezes ao ano. Ou seja, cada residência é visitada cinco vezes dentro da rotina”, disse Eduardo Viana,  gerente de Zoonoses da Prefeitura de Belo Horizonte. 

Além da intensificação do combate, a administração municipal conta com parcerias para ajudar na eliminação do Aedes. “Contamos com parceria com a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) para fazer mutirões de limpeza para a retirada de materiais de dentro e fora das moradias. Tem também iniciativas com a Defesa Civil, no intuito de encontrar os moradores em horário noturno, quando a equipe de agentes não consegue ter acesso ao imóvel durante o dia. Além da parceria com a Secretaria Municipal de Educação, no Programa Saúde na Escola, para sensibilizar professores e pedagogos no sentido de levar o tema de combate ao mosquito para as aulas. O intuito é envolver as crianças e, principalmente, os pais, no sentido de mudar hábitos”, completou o gerente da PBH. A capital não tem mortes confirmadas por dengue neste ano.Continua depois da publicidade

Mapa da epidemia

Municípios com incidência de casos prováveis de dengue acima de 300 casos por 100 mil habitantes, taxa considerada epidêmicaContinua depois da publicidade


Cidade // Taxa de incidência*

Tabuleiro 2.649,51
Sarzedo 2.645,23
Felixlândia 2.560,07
Guarda-Mor 2.553,44
Grupiara 2.397,74
São João Nepomuceno 2.309,90
Mário Campos 2.121,70
Miravânia 1.965,20
Buritis 1.830,77
Bom Jesus do Amparo 1.694,92
Juatuba 1.685,09
São Gonçalo do Pará 1.627,03
Igarapé 1.616,94
São Tomás de Aquino 1.606,20
Pimenta 1.605,50
Romaria 1.564,22
Veríssimo 1.406,29
Jequitaí 1.368,82
São Joaquim de Bicas 1.206,90
Luislândia 1.184,13
Maravilhas 1.091,92
Vazante 1.082,56
Ubaí 1.053,39
Fortaleza de Minas 1.021,10
Martinho Campos 1.019,65
Cônego Marinho 970,62
Arcos 967,07
São Francisco de Sales 964,01
Marilac 963,80
Pequi 955,63
Campo Azul 931,92
Nepomuceno 909,33
Papagaios 876,51
Santa Fé de Minas 853,20
Piraúba 848,38
Ipiaçu 840,14
Planura 839,27
Prata 831,05
Pintópolis 830,59
Sabará 827,40
Japonvar 817,69
Guimarânia 791,86
Douradoquara 777,20
Jequitibá 770,82
Gameleiras 762,49
Riachinho 759,95
Juramento 734,28
Luz 728,26
Florestal 721,78
Itatiaiuçu 701,34
Arapuá 693,72
Carmelo 675,68
Betim 675,65
Lontra 663,42
Frutal 656,80
Santo Hipólito 652,58
Curvelo 630,96
Dom Bosco 628,60
São Gonçalo do Abaeté 623,37
Padre Carvalho 615,34
Ibirité 611,35
Lagoa Santa 597,55
Corinto 594,65
Candeias 594,18
Mateus Leme 586,74
Monte Azul 578,43
Canápolis 577,70
Conceição do Mato Dentro 551,69
Iguatama 550,66
Mirabela 546,41
Bocaiuva 542,18
Materlândia 541,24
Contagem 533,88
Várzea da Palma 531,59
Guarani 530,56
Mato Verde 521,44
Jeceaba 518,33
Brasília de Minas 513,26
Jaboticatubas 506,52
Presidente Olegário 500,03
São José do Goiabal 497,07
Presidente Juscelino 496,47
Passos 496,25
Patos de Minas 490,41
Pirapora 490,25
Pedrinópolis 490,20
Cascalho Rico 488,44

Água Comprida 485,91
Chapada Gaúcha 485,70
Três Pontas 485,14
João Pinheiro 484,09
Pains 476,70
Morada Nova de Minas 474,04
Joaquim Felício 471,19
Varzelândia 466,46
Paracatu 462,19
Guaraciama 459,91
Conquista 459,77
Pirajuba 449,05
Esmeraldas 446,31
Januária 444,71
Funilândia 444,24
Augusto de Lima 437,99
Arceburgo 415,96
Delta 403,88
Francisco Dumont 402,68
Estrela do Sul 400,95
Três Marias 394,48
Santa Vitória 391,94
Rio Novo 385,29
Lagoa da Prata 382,78
Itaguara 382,62
São Sebastião do Paraíso 371,46
Claro dos Poções 370,89
Patrocínio do Muriaé 369,72
Fruta de Leite 367,84
Uberlândia 356,19
Uberaba 354,89
Bonfim 327,64
Itueta 326,80
Perdões 317,11
Belo Horizonte 312,82
Coromandel 312,19
Engenheiro Navarro 311,78
Rio Manso 311,74
Catuti 310,62
São Romão 302,72
Japaraíba 301,76

*A taxa de incidência considera a proporção do total de casos projetado para uma população de 100 mil habitantes, mesmo que a cidade tenha um número absoluto de habitantes menor que os 100 mil.

Mortes por dengue

Betim (Grande BH) 6
Uberlândia (Triângulo Mineiro) 2
Unaí (Região Noroeste) 2
Arcos (Centro-Oeste de Minas) 1
Paracatu (Região Noroeste) 1

Em investigação
33 óbitos em Minas

Fonte: Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG) 

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