Dengue: na pior epidemia, nebulização será suspensa por falta do inseticida

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Coletiva de Combate a Dengue 2019 José Eduardo Fogolin Passos

Em meio à maior epidemia de dengue de toda a história de Bauru, que já contabiliza 13.752 casos da doença (dados atualizados nessa sexta, dia 26 de abril), 12 mortes confirmadas e outras oito sob investigação, a nebulização com equipamento acoplado a veículo será interrompida por falta de insumo. A informação foi prestada nesta sexta-feira pelo titular da Secretaria Municipal de Saúde, José Eduardo Fogolin Passos.

Segundo o secretário, o Ministério da Saúde confirmou que atrasaria a entrega do inseticida utilizado durante o procedimento, denominado Malathion. Porém, Fogolin garantiu que o serviço será retomado tão logo o produto estiver disponível.

Vale lembrar que o próprio Ministério da Saúde visitou a cidade recentemente por conta da preocupação com a dengue em Bauru.

MOMENTÂNEO

Questionada, a assessoria de comunicação do Ministério alega que não deixou de fornecer os insumos considerados estratégicos aos Estados para controle de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como o inseticida/adulticida Malathion.

“É importante informar que o Ministério da Saúde passa hoje por um desabastecimento momentâneo do produto, em decorrência de problemas na formulação pela empresa produtora, que causou vazamento de embalagens, além da sedimentação do produto que o inviabiliza par uso. A Bayer, empresa produtora, foi informada dos problemas e recolheu 105 mil litros do inseticida, para testes e ensaios de qualidade. A previsão que é que a empresa entregue, no mês de maio, o quantitativo recolhido”, aponta o governo federal, complementando que, só neste ano, o Estado de São Paulo recebeu 50 mil litros do inseticida.

40% FICAM FALTANDO

O titular da Secretaria Municipal de Saúde explica que, até segunda-feira, executará a nebulização de 60% da cidade com o inseticida que ainda tem. Em duas áreas, o serviço foi concluído, sendo que uma abrange a região do Parque Jaraguá e do Santa Edwirges. Já a outra corresponde ao entorno da Vila Falcão.

Agora, a pasta pretende finalizar o procedimento na região da Vila Independência, Jardim Ouro Verde, Jardim América, Jardim Europa, Vila Universitária, Jardim Panorama, Jardim Cruzeiro do Sul, Jardim Coralina, Jardim Marambá, Núcleo Geisel e Jardim Olímpico. 

No entanto, a nebulização dos outros 40% da cidade fica na dependência da chegada do inseticida. A área contempla as regiões do Redentor, Carolina, José Regino, Ferradura Mirim, Tangarás, Octávio Rasi, Mary Dota, Santa Luzia, Pousada da Esperança, Vila São Paulo, Vista Alegre, São Geraldo, Vila Garcia e a parte baixa do Bela Vista.

Mesmo assim, Fogolin destaca que o município mantém as demais ações do tipo, como vistorias em imóveis e aplicações de biolarvicida.

Para ele, 80% dos focos do Aedes aegypti estão dentro das residências, nas fases de ovo, larva ou pupa. “A nebulização só é eficaz contra o inseto. Logo, reforço que a população precisa dedicar aqueles 10 minutos diários para inspecionar o próprio quintal”, argumenta.

OUTRAS AÇÕES

Implantar um hospital de campana do Exército, como chegou a ser cogitado, é uma ação descartada pelo próprio Ministério da Saúde, conforme informa o secretário municipal.

O órgão federal, de acordo com Fogolin, avaliou todas as ações desenvolvidas pelo município positivamente. “Logo, nós trabalhamos, sim, com a prevenção”, ressalta o secretário.

Inclusive, a cidade faz o bloqueio dos criadores de 1,2 mil imóveis por dia. E mais: diariamente, 450 edificações são submetidas à nebulização portátil.

Os agentes visitam, também, de oito a dez pontos estratégicos, como ferro-velhos, por dia. Além disso, os servidores monitoram os imóveis considerados especiais, como escolas e hospitais.

Concomitantemente, o município realiza aplicações de biolarvicida, cujo efeito é mais duradouro; limpeza dos terrenos públicos; bem como reuniões mensais junto ao Comitê Ambiental.

Em janeiro, a prefeitura determinou que os proprietários dos terrenos particulares fizessem a limpeza e a capinação destas áreas até o dia 2 de março. Caso contrário, o serviço seria executado e a conta, enviada aos responsáveis, que, além de tudo, receberão uma multa de R$ 5,00 por metro quadrado.

Nas UPAs, o município realiza a triagem qualificada, ou melhor, logo que o paciente chega com a queixa, já pede o hemograma completo. O protocolo clínico, por sua vez, corresponde à hidratação.

Já os pacientes em observação ou internados são acompanhados pela Vigilância Epidemiológica, diariamente.

A pasta havia ampliado a Unidade Básica de Saúde (UBS) do Bela Vista. Agora, as UBS do Bela Vista, Mary Dota, Jussara/Celina e Geisel também atendem os casos de dengue, das 14h às 23h.

57 suspeitos de zika e 22 de chikungunya

Do início do ano até o momento, o município contabiliza 57 casos suspeitos de zika vírus e outros 22 de chikungunya. Por enquanto, não houve qualquer confirmação.

Segundo José Eduardo Fogolin, em situações de epidemia, é obrigatório solicitar exames para descartar ambas as doenças, quando a dengue não é confirmada. “O vetor é o mesmo e algumas situações clínicas são semelhantes”, argumenta.

O pedido de exames, portanto, já é registrado como ocorrência suspeita.

NA PRÓXIMA TERÇA

Quanto aos casos de dengue, o secretário adianta que divulgará a confirmação ou não dos oito óbitos sob investigação somente na próxima terça-feira.

Lembrando que as mortes suspeitas pela doença são avaliadas pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. Já as ocorrências passam por análise no próprio município, por um laboratório contratado.

Bairro a bairro
Em fevereiro de 2019, os casos de dengue estavam distribuídos da seguinte forma: a região Noroeste detinha 52% das ocorrências da doença, contra 21% da Sul, 14% da Norte e 13% da Sudeste.Em abril deste ano, a situação mudou, sendo que a região Noroeste passou a apresentar 41% dos casos de dengue, contra 27% da Sul, 17% da Norte e 15% da Sudeste.Em vista disso, houve aumento das ocorrências em todas as localidades, exceto na área considerada mais crítica. Titular da Secretaria Municipal de Saúde, José Eduardo Fogolin Passos atribui às ações do município, focadas, principalmente, na região Noroeste.
”Extras” para agentes
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo ficou de destinar recursos extras para que cerca de 1 mil agentes municipais de saúde combatessem o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya, aos sábados.Na região, Avaí, Borebi, Duartina, Guaiçara, Iacanga, Piratininga e Reginópolis serão contempladas com a verba nesta primeira etapa, em razão da elevada incidência de casos da doença.Questionada sobre o fato de Bauru não receber este recurso, afinal, lidera o ranking de ocorrências de dengue em todo o território paulista, a assessoria de comunicação do governo estadual afirma que “a iniciativa contemplará apenas municípios com incidência superior a 300 casos por 100 mil habitantes e com tendência de aumento”.Para o Estado, Bauru já atingiu o ponto máximo e, agora, a predisposição é de estabilidade.
Epidemia multifatorial
Para o secretário José Eduardo Fogolin Passos, a epidemia é multifatorial e o principal motivo gira em torno da circulação do vírus tipo 2 ou dengue grave. A variação entrou no País, incluindo em Bauru, no ano anterior. Antes, os sorotipos prevalentes eram o 1 e o 3.Além disso, Fogolin alega que o clima neste ano também favoreceu a epidemia.Conforme o Jornal da Cidade noticiou no último dia 2, os 273,1 milímetros de chuva que assolaram a cidade, em março, atingiram recorde dos últimos 28 anos.Outro fator diz respeito à extensão territorial do município, fato que dificulta o controle ambiental.Ainda de acordo com Fogolin, o problema só será resolvido de maneira eficaz através da implantação de uma vacina eficiente e de uma política universal de cuidados.

Em menos de dois meses, município recebe 4.038 denúncias de ‘sujões’

Secretário interino das Administrações Regionais, Donizete do Carmo dos Santos revela que, de 6 de março a 25 de abril deste ano, o município recebeu, por meio da Ouvidoria, 4.038 denúncias de terrenos sujos, das quais 292 dizem respeito às áreas públicas e 3.746, às privadas.

Do total de 4.038 queixas, 640 são iguais (mesmo terreno, várias reclamações) e outras 674 não tiveram o endereço identificado. Portanto, 2.724 denúncias estão em processo de tramitação.

O titular da pasta recomenda que os reclamantes passem o maior número de informações possível, como quadra e rua do terreno, além do endereço completo do imóvel mais próximo.

Ainda entre 6 de março e 25 de abril, a Sear realizou a limpeza de 343 mil metros quadrados de praças e áreas verdes. Já a Emdurb cuidou de escolas (212 mil metros quadrados) e, também, de áreas verdes (774 mil metros quadrados).

Por fim, a empresa contratada pela Prefeitura de Bauru para limpar os terrenos particulares e, em seguida, mandar a conta aos proprietários já executou o serviço em 249 mil metros quadrados.

MUTIRÕES

Nessa sexta-feira (26) e neste sábado (27), das 7h às 13h, o município promove o mutirão “Limpeza pra Valer” no Parque Viaduto e na Vila Falcão. A ideia é recolher todo e qualquer recipiente que possa acumular água. A iniciativa conta com o apoio do Tiro de Guerra.

Entre os dias 9 e 11 de maio, das 7h às 13h, o mutirão será feito no Jardim Redentor e no Núcleo Geisel. De 23 a 25 de maio, a iniciativa ocorrerá no mesmo horário e abrangerá o Jardim Bela Vista, bem como o Mary Dota.

SERVIÇO

Para denunciar os “sujões”, basta procurar pela Ouvidoria, cujos canais de acesso são: telefone (3235-1156), e-mail ([email protected]) e site (http://www.bauru.sp.gov.br/ouvidoria). Também foi criado o app “Limpeza pra Valer”, que pode ser acessado pelo http://app.bauru.sp.gov.br/.

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