A Justiça determinou que a prefeitura de Campo Grande pague R$ 80 mil em indenização aos pais de Maria Eduarda Rissi, que morreu em 2011, com apenas 3 anos de idade depois de ser picada por um escorpião que estava dentro do sapato dela. De acordo com a sentença, houve negligência por parte da prefeitura e também falha na prestação do serviço de socorro médico.
Na época, Valmir Rissi José, pai da menina, reclamou ao G1 que acionou o Samu e pediu atendimento, mas não obteve o serviço. Nos autos, os responsáveis ainda informaram que no dia do fato, solicitaram uma ambulância, porém, o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) negou-se a buscar a criança com o argumento de que não havia veículos disponíveis. Diante da dificuldade, o avô paterno levou a criança de carro até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Conforme a decisão, mesmo diante da situação, a menor recebeu apenas soro fisiológico e ficou em observação por 6 horas. Os pais ainda informaram que os profissionais não teriam aplicado soro antiescorpiônico e que a falha no procedimento agravou o quadro da vítima, pois o veneno se alastrou com maior rapidez no organismo.
A prefeitura contestou que o atendimento proporcionado no âmbito da rede pública básica de saúde foi condizente com a estrutura de um posto de saúde, que não possui soro antiofídico, tampouco laboratório.
O juiz responsável pela análise dos autos, Marcelo Andrade Campos Silva, destacou que não se trata, de fato, de erro médico, mas de falha na prestação do serviço público e ineficiência dos serviços prestados. O G1entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura para apurar se haverá recurso e aguarda retorno. De acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça, até a publicação desta reportagem, nenhum recurso havia sido entregue.
Relembre o caso
Maria Eduarda Rissi, de três anos, morreu no Hospital Regional de Campo Grande no dia 27 de outubro de 2011, após ser picada por um escorpião no dia anterior.
Segundo informações da família, na época, a criança estava na casa da avó quando foi picada pelo animal peçonhento. “Ela estava brincando na varanda, quando foi pegar o sapatinho para mexer com uns bichinhos de luz. Só ouvi o grito dela e vi que ela jogou o sapatinho no chão. Acho que o escorpião estava lá dentro”, contou a avó, Cleuza Rissi.
O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) identificou como sendo o Tityus Serrulatus a espécie de escorpião que picou a menina. O biólogo Isaías Pinheiro explicou que o tipo mais comum de escorpião encontrado em Campo Grande é o Tityus Confluens, que dificilmente provocaria acidentes graves e é muito parecido com a outra espécie. “Os dois têm a coloração amarela. O mais agressivo, o Tityus Serrulatus é maior e tem pequenas serras na cauda quase invisíveis a olho nu”.