Provavelmente você já ouviu alguma história de algum conhecido que foi acampar ou passar uns dias em meio à natureza e que acabou sendo vítima de um “berne”, tendo que passar por algum procedimento de extração da larva que, certamente, lhe causou enjoo só de imaginar.
Segura o estômago
A criatura nojenta é a larva da mosca Botfly (Dermatobia hominis), que é uma das variedades da nossa conhecida (e repulsiva) varejeira, que ainda engloba as famílias Calliphoridae e Sarcophagidae.
Uma vez que os ovos da mosca são depositados sob a pele de um animal ou um ser humano, eles vão crescer e se tornar larvinhas parasitas. Estas, por sua vez, ficam ali parasitando o corpo do afetado e se alimentando de sua carne.
Os casos desses parasitas são muito comuns em fazendas, pois eles afetam bastante as criações de gado, cavalos e, é claro, os humanos que trabalham em regiões agrícolas. Abaixo você vai conhecer a história do taxonomista Chris Carlton, da Universidade do Estado da Louisiana. Porém, se você tem estômago fraco, é melhor parar de ler por aqui ou nem clicar no link do vídeo de extração do bicho logo adiante.
Lembrancinha de viagem
Quando o taxonomista de insetos (profissional que coleta e classifica espécies) Chris Carlton realizou uma viagem de trabalho em Belize, ele fez o que muitos viajantes fazem: levou consigo uma lembrança na volta para casa. Depois de passar um mês na América Central, ele retornou para seu país e “desembrulhou” o presente nada agradável.
Uma larva de mosca, conhecida nos Estados Unidos como BotFly, estava devidamente instalada em seu couro cabeludo. “Eu comecei a notar uma espécie de desconforto no topo da minha cabeça”, disse Carlton. Ele era conhecedor profundo de insetos, mas nem ligou o incômodo com a existência de um berne em sua cabeça até uma dor intensa atingi-lo a cada 15 minutos.
Foi quando ele se lembrou de que, quando as larvas atingem certo tamanho, elas “giram” em suas pequenas tocas feitas na pele, e isso cria esse tipo de dor periódica. Então, ele resolveu removê-la imediatamente após a constatação da existência do parasita.
Contando com a ajuda da colega Victoria Bayless, a primeira medida tomada por Carlton foi aplicar uma camada de esmalte na “toca” feita pelo intruso. Dessa forma, com o orifício de respiração fechado, o berne morreu, e a assistente do taxonomista puxou o bicho com uma pinça. Segundo Carlton, ele sentiu como se tivesse perdido um pedaço de pele de repente.
Processo de parasitagem
Diferente do que algumas pessoas possam pensar, não é a mosca que “senta” na pele do animal ou da pessoa e coloca os ovos. Na verdade, tudo começa com um portador, sendo geralmente um mosquito, que a mosca agarra no ar, de acordo com os estudos dos entomologistas. Em seguida, a mosca transfere vários ovos para a parte inferior do mosquito com um tipo de cola.
Dessa forma, quando o mosquito encontra um ser humano ou outro mamífero para se alimentar, os ovos da mosca acabam caindo na lesão que ele causou. Através dessas minúsculas feridas, os parasitas entram na pele e se desenvolvem com o calor do corpo, alimentando-se dos tecidos inflamados. O formato da larva a ajudam a “cavar” a carne com mais facilidade.
Quando a larva está adulta, e se ela não foi percebida e extraída do animal, ela alarga o seu orifício de respiração e se direciona para a luz do dia, saindo sozinha da toca e rastejando para a terra a fim de terminar o seu ciclo para se tornar uma mosca adulta e bem resolvida. No caso de humanos, é mais difícil isso acontecer, pois a maioria das pessoas percebe a agonia de ter uma criatura nojenta em sua pele e a extrai o mais rápido possível.