Uma equipe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Montes Claros (MG) recolheu neste sábado (14) mais 100 escorpiões na casa onde 500 haviam sido encontrados no dia anterior. Os animais peçonhentos foram encontrados durante averiguação de uma denúncia de que poderia haver focos do mosquito Aedes aegypti na residência.
Segundo Flamarion Cardoso, coordenador do CCZ, uma mulher de 60 anos vive sozinha no imóvel. Ela afirmou que não sabia da existência dos animais peçonhentos e disse também que nunca foi picada. O local passou por uma limpeza.
A maior parte dos animais peçonhentos foi encontrada em uma porta de madeira e em restos de materiais de construção. Algumas das principais formas de evitar o aparecimento e reprodução desse tipo de bicho é manter o local limpo e evitar o acúmulo de materiais.
“Uma casa com essa quantidade de escorpiões acaba causando uma infestação muito maior. Tivemos relatos que os escorpiões estavam aparecendo na casa de vizinhos. A residência oferece as condições favoráveis como umidade, calor e muito material acumulado”, diz Cardoso.
Na próxima segunda-feira (16), uma equipe vai retornar o local e irá fazer vistorias nas casas de vizinhos para verificar a presença de escorpiões.
“Temos um servidor na nossa equipe que trabalha há 36 anos no CCZ e afirma nunca ter visto nada do tipo”, destaca o coordenador do centro.
A assessoria de comunicação da Prefeitura informou que a equipe técnica do CRAS, formada por psicólogos e assistentes sociais, visitou a moradora e está analisando sua situação e fazendo os encaminhamentos necessários para as redes municipais de Saúde e Assistência Social.
Cuidados devem ser redobrados no verão
“Com as altas temperaturas, os escorpiões saem do abrigo para realizar a reprodução e procurar novos ninhos, os acidentes ocorrem nessa transição”, explica o pediatra Carlos Lopo. Com as chuvas, é ainda mais comum os animais saírem dos locais onde estão.
O médico destaca que o veneno do escorpião oferece maiores riscos para pessoas abaixo dos sete anos e acima dos 65. Segundo o médico, nessas faixas de idade o metabolismo é mais lento. No caso das crianças, a relação entre peso e a quantidade de veneno é um complicador. Já para os idosos, doenças preexistentes, como diabetes e hipertensão, podem agravar a situação.
Carlos Lopo destaca que em casos classificados como leves, o paciente sente apenas dor. “O veneno é neurotóxico, ou seja, afeta o sistema nervoso. Isso quer dizer que se uma pessoa leva uma picada na mão, pode sentir dor até no ombro”, complementa.
Nos casos moderados ou graves, pode haver sintomas como sudorese, palidez, alteração da circulação, vômitos, entre outros. O agravamento do quadro pode levar a edema do pulmão, insuficiência cardíaca, convulsão e derrame.
“Uma vez ferroado, o paciente deve ser levado o mais rápido para a unidade de saúde. Não deve-se passar nada no local, nem fazer torniquete ou cortes, que aumentam as chances de infecção. O soro é utilizado dentro da faixa de risco. Fora dela, avaliamos o quadro para verificar a necessidade”, diz o médico.
As espécies mais comuns na região são a Tityus bahiensis e a Tityus serrulatus, escorpiões preto e amarelo, respectivamente. O último é o mais preocupante, mas o tratamento é o mesmo para ambos.
“É preciso evitar acúmulo de materiais de construção, lixo e mato. Manter os ambientes limpos é a principal medida para evitar acidentes com animais peçonhentos de forma geral”, fala.
Lopo ainda diz que apesar do costume de se criar galinhas, elas têm hábito diurnos, enquanto os escorpiões são noturnos. A aplicação de produtos para o controle desses animais peçonhentos também não é recomendada, já que não provoca morte e pode fazer com que eles deixem os esconderijos, aumentando a chance de acidentes.