Em paralelo aos esforços de combate ao coronavírus, a prefeitura de Salvador, através da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), intensificou em 2021 as ações contra o mosquito Aedes Aegypti, transmissor de arboviroses como dengue, chikungunya e zika. Com a meta de atingir todos os 170 bairros da capital e investimentos de mais de R$2,5 milhões, a Operação Dengue é um plano de contingência que engloba estratégias inovadoras, uso de tecnologia, insumos, novas abordagens, atuação ostensiva dos agentes e capacitações nas redes de atenção primária e de urgência e emergência para o atendimento.
As iniciativas já surtem bons resultados, graças também às parcerias da SMS com outros órgãos, a exemplo das Secretarias Municipais de Ação Social e Combate à Pobreza (Sempre), Manutenção da Cidade (Seman), Educação (Smed), Comunicação (Secom) e Ordem Pública (Semop), através da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb) e Guarda Civil Municipal (GCM).
“Foi iniciada uma megaoperação com o trabalho de campo ininterrupto dos agentes de endemias de domingo a domingo, inclusive feriados, com o auxílio de parceiros intra e interinstitucionais. Conjuntamente com a Limpurb, realizamos 93 mutirões de limpeza onde foram trabalhadas 161 ruas e removida 1,5 tonelada de resíduos, que poderiam se tornar potenciais criadouros do mosquito transmissor”, salienta o secretário municipal de Saúde, Léo Prates.
Também estão sendo executadas ações de manejo ambiental de canais, córregos e riachos, sobretudo, em bairros com maiores índices de infestação do mosquito, em parceria com a Secretaria Municipal de Manutenção da Cidade (Seman). Com a Secretaria de Ação Social e Combate à Pobreza (Sempre) estão sendo feitas intervenções em imóveis de acumuladores. O trabalho conta, ainda, com o apoio do governo estadual, no fornecimento de inseticida para aplicação espacial e disponibilização de carro fumacê.
Além de intensificar essas medidas de enfrentamento, a campanha de mobilização tem entre seus objetivos: promover o autocuidado da população, a higienização de imóveis e conscientizar as pessoas sobre a importância da eliminação de criadouros do mosquito e, assim, impedir a sua proliferação. A prefeitura também busca valorizar com iniciativas específicas a figura dos agentes de combate às endemias. Hoje são mil agentes atuando nas ruas dos diversos bairros, todos os dias da semana.
Agentes ganham apoio tecnológico para otimizar atuação nas ruas
Um dos maiores objetivos da administração municipal durante a Operação Dengue é valorizar a figura do agente de combate às endemias. São homens e mulheres que estão nas ruas diariamente em prol da saúde da população. Além de capacitação para utilização dos recursos e participação nas ações estratégicas para o Controle Vetorial do Aedes Aegytpi, esses profissionais passaram a contar com a tecnologia a seu favor, em 2021.
Em substituição aos formulários impressos, já foram distribuídos 1.336 tablets e os agentes estão em processo de capacitação e transição. Entre as maiores vantagens desta substituição, Cristina Guimarães, subcoordenadora de arboviroses do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), destaca: possibilidade de traçar o perfil entomológico da área de trabalho, com identificação dos imóveis focados, subsidiando o planejamento estratégico e a tomada de decisão por parte do gestor.
Nova ferramenta
Com 11 anos de experiência como agente, Zenivaldo Silva afirma que a tablet veio para ficar. “De fácil manuseio, facilita o trabalho do agente. O trabalho fica mais otimizado, as informações são obtidas com maior rapidez”.
A adaptação à ferramenta, conta ele, tem sido de forma gradual. “O colega que já consegue utilizar o aparelho com facilidade se torna multiplicador para aqueles mais antigos, que não têm muita habilidade com o tablet”.
O manuseio tecnológico, porém, não é o maior desafio desses profissionais. Segundo Zenivaldo, conscientizar os moradores de que eles precisam inspecionar os seus próprios imóveis é a grande missão, já que os agentes não estão entrando nos imóveis, por conta da pandemia. “A abordagem tem sido feita com mensagem educativa e a população, graças a Deus, em sua maioria tem acolhido o trabalho dos agentes de forma positiva. Com o isolamento social e o medo de uma coinfecção, eliminar os focos de água parada se torna ainda mais importante para evitar a dengue”, alerta.
Secretaria Municipal de Saúde realiza ações de enfrentamento à dengue em 12 Distritos Sanitários
O mutirão da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) tem realizado um trabalho incansável para eliminar focos do Aedes Aegypti, em Salvador. Nos meses de março e abril, os agentes de combate às endemias inspecionaram 3.815 imóveis especiais, como instituições de ensino, instituições de saúde, hotéis e pontos turísticos. Paralelamente a isso foram realizadas inspeções em pontos estratégicos (templos religiosos, cemitérios, borracharias e reciclagens), bocas de lobo e praças.
Com o retorno as aulas neste mês de maio, as ações estão intensificadas para o controle da infestação e proliferação do vetor transmissor de arboviroses nas escolas do município (ensinos público e privado). Ainda no primeiro ciclo de visitas domiciliares, foram inspecionados 1.353,186 imóveis residenciais da capital.
Com as restrições por conta da Covid-19, desde 2020, Cristina Guimarães, subcoordenadora de arboviroses do CCZ, explica que o grande desafio do trabalho está na conscientização da população em cuidar da limpeza do seu espaço, evitando o acumulo de água parada, fundamental para combater a proliferação do mosquito.
“O último levantamento realizado tem evidenciado que os principais depósitos e criadouros focados, identificados nos bairros, são aqueles que se encontram no interior dos imóveis, como depósitos do tipo A2 (armazenamento de água no nível do solo), e do tipo B (pequenos depósitos móveis, como vasos, pratinhos de vasos, potes e vasilhames de uso na residência”, destaca Cristina Guimarães, subcoordenadora de arboviroses do CCZ.
Principais localidades
Uma das ações no combate ao mosquito da dengue é a aplicação de larvicidas em imóveis, inclusive naqueles abandonados. Para executar tal estratégia, o município se vale de contratos de prestação de serviço com chaveiros. Cristina Guimarães ressalta que, da 1ª até a 13ª Semana Epidemiologica (SE), o número de imóveis que recebeu o tratamento com larvicida foi de 59.374. Essas ações ocorrem em todos os bairros de Salvador, sendo que nos Distritos Sanitários Subúrbio Ferroviário, São Caetano, Cabula e Pau da Lima, que tiveram um histórico elevado do índice de Infestação Predial nos últimos dez anos, as medidas estão sendo mais intensificadas.
Com base na notificação de casos suspeitos ou confirmados de dengue, zika e chikcungunya, também merecem cuidados especiais os Distritos Sanitários de Pau da Lima (São Marcos, Jardim Cajazeiras e Castelo Branco) e Cabula (Pernambués, Arenoso, Cabula e Tancredo Neves).
Outra ação prevista dentro da operação de combate à dengue é a instalação de ovitrampas, uma espécie de armadilhas para capturar os ovos do mosquito transmissor, sobretudo, nos Distritos Sanitários do Centro Histórico, Barra/Rio Vermelho e Itapuã.
Mas não é só. A mobilização conta também com iniciativas complementares de controle ao Culex (muriçoca) em seis Distritos Sanitários, onde os agentes realizam coleta, aplicação de larvicida e inseticida. A proposta é que as ações específicas ocorram em 15 bairros, 21 canais e 64 ruas.
Motofogs
Todas as etapas da super operação municipal, que deve seguir até o final do ano, visam alcançar todos os bairros da cidade e não deixar de fora nem mesmo aquelas ruas onde não entram carros. Para isso, entraram em ação as motofogs: motocicletas usadas para realizar o trabalho de pulverização de forma rápida e eficiente, possibilitando o acesso às ruas, terrenos e locais mais difíceis. Também estão sendo utilizados procedimentos com larvicida biológico e pulverizadores costais.
Área assistencial ganha capacitação para maior rapidez no diagnósticos e tratamentos
Na batalha contra a dengue, chikungunya e zika, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) apostou também em capacitações das redes de atenção primária e de urgência e emergência para o atendimento dos casos suspeitos de arboviroses, o que inclui preenchimento das fichas de notificação compulsória, diagnóstico e tratamento.
As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da rede municipal estão equipadas para a realização de 30 mil testes rápidos para essas doenças. A aplicação do exame sorológico – da coleta ao encaminhamento das amostras biológicas – fica a cargo do Laboratório Central. Esta iniciativa garante rapidez no diagnóstico das doenças e início imediato do tratamento.
Desta forma, a integração das equipes de urgência e emergência, atenção primária e a estrutura oferecida na rede laboratorial são hoje fatores definitivos para o controle das doenças e do número de casos de internações. Outro ponto muito positivo é que a integração da rede laboratorial com os profissionais da Vigilância Sanitária tem sido um apoio relevante para investigações epidemiológicas.
Este cenário é muito favorável também por aliviar o sistema de saúde e o número de atendimentos nas UPAs, que ficam mais livres para direcionar o atendimento aos casos de Covid 19.
Veja como combater o mosquito e eliminar possíveis criadouros:
- Descarte materiais desnecessários e sem uso. Se forem destinados à reciclagem, guarde em local coberto e abrigado da chuva;
- Água de piscina deve ser tratada com cloro. Se não estiver em uso, deve ficar completamente vazia e sem poças d’água;
- Se houver no imóvel lagos ou cascatas, devem estar sempre limpos e até com peixes que se alimentem de larvas;
- Pneus velhos devem ser entregues ao serviço de limpeza urbana. Se precisar mantê-los, devem estar em locais cobertos e sem água dentro;
- Mantenha os ralos da casa limpos uma vez por semana e sempre desentupidos;
- Pratos de vasos de planta devem ficar sem água – usar areia ajuda na drenagem;
- Reservatórios de água (tanques, caixa d’água, balde de água) devem ser mantidos tampados e monitorados.