Época de chuvas – o que isso tem a ver com as doenças infecciosas?

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Chega o verão e, além do calor típico dessa época, começamos a sofrer com as pancadas de chuva que causam alagamentos e enchentes. Na virada de 2021 para 2022 vimos a ocorrência das fortes chuvas na Bahia, Minas Gerais e em vários outros locais do país, em especial no sul e sudeste. Essa semana assistimos à tragédia em Petrópolis, cidade da região serrana do Rio de Janeiro, onde um volume de chuva equivalente a 1 mês inteiro caiu em poucas horas, causando enxurradas e enchentes.

No entanto, além dos transtornos com a destruição que a força da água causa nessas situações, outros perigos estão associados às chuvas: as doenças infecciosas. Mas como essas infecções se relacionam ao acúmulo de água nas ruas? Um dos principais fatores que levam ao maior risco de doenças infecciosas em casos de alagamentos é a desorganização urbana associada a falhas no saneamento básico. Especialmente nas grandes cidades, a rede de esgoto não comporta o escoamento de um grande volume de água, fazendo com que a água acumulada nas ruas se misture com o lixo e outras fontes de contaminação microbiana.

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Mas quais são os perigos de se ter contato com a água proveniente de alagamentos e enchentes? Diversas infecções podem ter origem na contaminação da água das chuvas que se acumula, como a leptospirose, doenças gastrointestinais e infecções transmitidas por mosquitos.

Leptospirose

A leptospirose é uma infecção bacteriana que causa febre, dores no corpo e cor amarelada na pele e nos olhos (icterícia). Se não tratada, a doença pode evoluir para sinais graves, incluindo danos no fígado e nos rins.

O que torna a leptospirose um perigo para o contato com água de chuva acumulada é a dinâmica de transmissão da bactéria causadora. A bactéria Leptospira é liberada na urina de animais infectados, como roedores, fazendo com que o esgoto (onde a presença de ratos é comum) seja uma fonte da bactéria. Assim, quando a água da chuva acumula e entra em contato com o esgoto, os bolsões de água acumulada nas ruas podem estar contaminados com a bactéria. A Leptospira é capaz de penetrar a pele íntegra, ou seja, sem nenhum tipo de lesão ou machucado. Dessa forma, não é preciso estar com a pele lesionada para se infectar, o que torna o contato com a água de enchentes um risco.

Infecções gastrointestinais

O esgoto e o lixo, muitas vezes jogado em rios nas grandes cidades, contaminam esses efluentes com bactérias e vírus causadoras de doenças gastrointestinais, como é o caso dos coliformes e de vírus como o rotavírus. Quando ocorrem enchentes e alagamentos, esses rios enchem e transbordam para as ruas, fazendo com que as pessoas entrem em contato com esses microrganismos.

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Ao ingerir a água contaminada, as pessoas podem desenvolver quadros de gastroenterites. Mas como essa contaminação pode acontecer? O contato com a contaminação presente na água pode ocorrer de forma direta ou indireta.

  • Direta: As pessoas podem levar a água contaminada diretamente à boca, através das mãos sujas ou ingerindo alimentos que entraram em contato com a água contaminada.
  • Indireta: A água pode entrar em estabelecimentos, como restaurantes e residências, contaminando superfícies que são utilizadas para o manuseio de alimentos.

Dessa forma, é importante higienizar muito bem o corpo, especialmente as mãos, assim como as superfícies que entram em contato com a água de alagamentos, como bancadas, talheres, copos, pratos e fontes de água para consumo (como caixas d’água).

Infecções transmitidas por mosquitos

Sabe-se que no verão as altas temperaturas favorecem a proliferação dos mosquitos. Além disso, a ocorrência de alagamentos e de maior incidência de chuva ajudam na deposição de água parada onde os mosquitos depositam os ovos para a sua proliferação. Assim, é necessário ter bastante atenção nessa época para o acúmulo de água parada que vai servir como foco de crescimento de insetos. Essas condições, então, vão favorecer o aumento da população do vetor capaz de transmitir diversas doenças, como dengue, zika e chikungunya, já conhecidos da realidade de várias cidades brasileiras.

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Conclusão

Nessa época de altas temperaturas e fortes chuvas, é preciso redobrar as medidas de higiene pessoal e higienização de superfícies, uma vez que tanto as pessoas como os ambientes estão mais sujeitos aos riscos de contato com água contaminada por resíduos de esgoto. Com isso, não hesite em atualizar a limpeza da sua caixa d’água, a higienização de superfícies (especialmente aquelas onde há contato com água de consumo e alimentos) e tenha atenção redobrada para o acúmulo de água parada em possíveis reservatórios que servem para a proliferação de mosquitos.

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