Uma infestação de escorpiões tomou conta do Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) Homero Frei, em São Carlos (SP). Pais e professores dizem que são encontrados em média dez animais peçonhentos por dia.
A prefeitura diz que a equipe de Zoonoses fez vistorias na unidade e acompanha o caso. (veja o posicionamento abaixo).
O Cemei atende cerca de 120 crianças, de 4 meses a 5 anos de idade. “Dá medo porque está saindo do azulejo. A sala dos pequenininhos é a mais afetada, é ao lado do mato. É de dez a 20 escorpiões por dia”, disse a tosadora de animais Daiane dos Reis Antonio.
Ela, que tem dois filhos, na escola, disse que perdeu o sossego e não tem mais levado as crianças à unidade. Como ela trabalha fora de casa, precisaria contar com o apoio da escola, mas afirmou que está muito assustada.
Medo e responsabilidade
A professora e presidente do Conselho de Escola, Amanda Marangoni, disse que os professores cobram uma posição da Secretaria Municipal da Educação, uma vez que as crianças estão sob a responsabilidade dos profissionais.
“Se um escorpião pica uma criança, ela pode vir a óbito. A responsabilidade será toda minha. Como eu consigo trabalhar em paz desse jeito?”, questionou.
Antes de começar a aula, a professora segue um ritual para tentar evitar o aparecimento dos animais peçonhentos.
“Desencostar armários, levantar cadeiras, cestos de lixo, mesas. Eu mesma comprei vários potes com tampa para colocar tudo suspenso”, disse Amanda.
Situação indefinida
A diretora do Cemei fez uma reunião para explicar o problema aos pais e disse que, por enquanto, não existe uma solução definitiva.
“Não tem vagas em outras escolas, não têm estrutura para receber tantas crianças. Os pais precisam porque trabalham”, disse Daiane.
A diretora publicou uma live na rede social falando sobre o problema e também da falta de estrutura do local.
Para mostrar o que alunos e funcionários estão enfrentando, tem fotos e vídeos feitos com o celular. Os escorpiões estão em potes, no chão, no armário e até na parede.
Com o intuito de afastar os bichos, foram colocadas telas que, segundo os educadores, não surtiram nenhum efeito.
O professor de educação física Vanderlei Martins não se conforma com a precariedade da Cemei. Para ele, o ideal seria trabalhar em outro espaço neste momento até que tudo seja resolvido.
“Nós não estamos nos negando a trabalhar, pelo contrário, precisamos e queremos atender a nossa comunidade, entendemos a defasagem educacional. Queremos trabalhar, mas com segurança”, disse.
Os dois filhos de 2 e 5 anos da dona de casa Mariana Milanez Barbosa são atendidos no local, mas ela não se sente nada segura e prefere deixar as crianças em casa.
“A gente foi comunicada que era uma infestação mesmo. Tinha muito escorpião, inclusive embaixo de mochila de criança, no armário de brinquedo e aí a gente decidiu que não dava mais”, disse.
Segundo Mariana, a Vigilância Sanitária foi até a escola para orientar sobre prevenção, mas os escorpiões continuam aparecendo.
De mãos atadas, funcionários e pais querem que a rotina volte ao normal.
“Eu gostaria que fosse resolvido, até porque os pais não deixam aqui por escolha. A gente quer o melhor para os nossos filhos, a melhor educação, o melhor lugar e eles não estão tendo”, disse a dona de casa.
O que diz a prefeitura
Em nota, a prefeitura disse que a Secretaria de Serviços Públicos fez a limpeza da área ao lado da escola, mas as pessoas insistem em jogar lixo ali.
A administração municipal informou que não existe inseticida contra escorpiões, mas a escola vai passar por uma nova dedetização.
Com relação aos reparos na estrutura, explicou que uma licitação foi aberta para contratar os serviços de manutenção predial para atender as 61 escolas municipais, incluindo o Cemei Homero Frei.
A prefeitura afirmou ainda que teve uma reunião entre pais, professores e a Secretaria de Educação para encontrar um novo espaço pra atender os alunos, e que isso está em análise.
