Campinas quer esterilizar capivaras após novas mortes por febre maculosa

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Capivara em parque público de Campinas
Capivara em parque público de Campinas Carlos Bassan/Arquivo PMC

Medida visa conter disseminação da doença após aumento de óbitos na região; esterilização das capivaras é considerada estratégia preventiva

Campinas, uma cidade localizada no interior de São Paulo, anunciou na última quarta-feira (2) que registrou mais duas mortes relacionadas à febre maculosa, elevando o total de óbitos para cinco somente neste ano. Como resposta a esse aumento alarmante, a administração municipal está planejando um levantamento da população de capivaras na cidade, com o intuito de esterilizar esses animais como medida de mitigação do risco de transmissão da doença.

O esforço de contagem da população de capivaras nos parques públicos da cidade começou em 21 de junho. Essa contagem não apenas fornece o número total de animais, mas também identifica características específicas, como o gênero, a idade e o agrupamento dos indivíduos.

De acordo com a Prefeitura de Campinas, o levantamento já identificou 48 capivaras na Lagoa do Taquaral, 28 no Lago do Café, 10 no Parque das Águas, 65 no Parque Ecológico, quatro na Lagoa do Mingone, oito na Lagoa do Jambeiro e seis no Parque das Pedras, região próxima ao Shopping D. Pedro.

A próxima fase desse esforço será o levantamento nas áreas de lagos da Fazenda do Exército, previsto para começar na próxima segunda-feira (7). Esse local é considerado um possível foco de infecção, o que levou a uma das mortes recentes por febre maculosa. A estimativa é que a contagem das capivaras dure cinco dias.

A administração municipal ressalta que esse censo é um passo necessário para obter licença do governo estadual visando à esterilização dos animais, uma medida considerada crucial para reduzir o risco de transmissão da febre maculosa.

Paulo Anselmo Nunes Felipe, veterinário da Secretaria do Verde de Campinas, explica que a esterilização das capivaras evita não apenas o nascimento de novos filhotes, mas também a entrada de novos indivíduos nos grupos existentes. Isso ajuda a diminuir a circulação da bactéria rickettsia, que é transmitida pelo carrapato estrela, vetor da febre maculosa.

A febre maculosa é transmitida por carrapatos do gênero Amblyomma sp., conhecidos como carrapatos-estrela, que frequentemente se hospedam em capivaras e outros mamíferos. A doença pode manifestar-se até duas semanas após o contato inicial e apresenta sintomas como febre, dor de cabeça intensa, náuseas e vômitos, diarreia, dores musculares, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, entre outros.

Enquanto a doença tem cura e o tratamento com antibióticos apropriados é eficaz, a prevenção é considerada a abordagem mais efetiva. A remoção cuidadosa dos carrapatos do corpo e a atenção aos sintomas após exposição a áreas de risco, como vegetação próxima a cursos d’água frequentados por capivaras e cavalos, são medidas recomendadas.

Apesar dos esforços de prevenção, ainda não há vacina disponível para a febre maculosa, e a eliminação completa dos carrapatos de áreas de vegetação é inviável. Diante do aumento dos casos e mortes, Campinas busca uma estratégia abrangente para conter a disseminação da doença e proteger a saúde pública.

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