Iniciando o verão, época em que aumenta a proliferação de mosquitos, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) prepara ações para o combate ao Aedes aegypti. Nesta quarta (21/12) foi realizado, no Hospital Municipal Carlos Tortelly, um seminário de atualização sobre as três arboviroses: dengue, zika e chikungunya. Profissionais da rede pública de saúde foram convidados para as palestras da diretora da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covig), Ana Lúcia Eppinghaus, e o médico pediatra Sérgio Arino.
“Essa capacitação faz parte deste momento de maior cuidado no combate às doenças causadas pelo Aedes aegypti. Com a atuação da Vigilância, o trabalho será reforçado com ações de vistoria com motos e carro com fumacê. Além disso, os comitês comunitários entre as policlínicas regionais vão realizar, em conjunto, ações de combate em cada área”, explicou a secretária de saúde Maria Célia Vasconcellos, lembrando que Niterói foi a primeira cidade que notificou um caso de dengue, em 1986, e que o trabalho no controle do mosquito é elogiado pelo Estado e pelo Ministério da Saúde.
As arboviroses acometem mais o adulto jovem, mas a ocorrência em bebês, crianças e idosos, por sua vulnerabilidade, demanda atenção no pré-natal, na assistência infantil e no cuidado à população com mais de 60 anos. De acordo com cada doença e seu nível de gravidade, o tratamento pode ser dado por analgésicos, antitérmicos, anti-histamínicos, antieméticos, além do uso de repelentes e hidratação.
Os sintomas se distinguem da seguinte forma: a dengue se manifesta, sobretudo, com febre, náuseas e moleza no corpo; a chikungunya através de febre com artralgia (dor nas articulações); e a zika apresenta exantemas (erupções e manchas na pele) e pode causar complicações neurológicas (como a Síndrome de Guillain-Barré), mas também pode se manifestar sem apresentar qualquer tipo de sintoma.
Ana Lúcia Eppinghaus, da Covig, apresentou os dados sobre a incidência das arboviroses no município, no estado e no país. Chama atenção que os casos de chikungunya têm crescido. Em Niterói, as ocorrências confirmadas em laboratório subiram de 2 (2015) para 37 (2016). No Brasil, já foram notificados mais de 236 mil casos. A explicação para esse aumento é que, por ser uma doença mais nova que a dengue e a zika, o sistema imunológico da população está mais suscetível e menos imunizado a ela. Ressalta-se, também, que o Aedes aegypti não é o único vetor da chikungunya. Foi comprovado que o mosquito Aedes albopictus também pode transmitir a doença.
Outra atenção que está sendo dada é em relação à síndrome de zika congênita, ou seja, a zika que afeta as mulheres grávidas, por conta do risco dos bebês nascerem com microcefalia. O cuidado com a grávida prevê acompanhamento da saúde mental, redução do quadro febril e atenção ao pré-natal que envolve toda a equipe multidisciplinarmente.
“O grupo de trabalho da Covig com o Departamento de Supervisão Técnico-Metodológica (Desum) da FMS e a Universidade Federal Fluminense (UFF) realiza monitoramento dos filhos de mulheres que tiveram zika”, afirmou Ana Lúcia.
Além de mãe para filho na gestação, a transmissão de zika pode acontecer por esperma, saliva e urina. No entanto, não se comprovou contaminação pelo leite materno, o que permite que as mães com a doença possam amamentar normalmente seus bebês.
Sobre a dengue, a maior preocupação é por ainda se tratar da doença com maior risco de morte. Todo suspeito de estar com dengue deve ser notificado.
“É necessário que o profissional de saúde reconheça a doença precocemente, tendo um comportamento proativo no manejo clínico, sabendo da história clínica e realizar exame. A hipótese da doença deve levar à boa conduta do profissional”, encerrou o Dr. Sérgio Arino, ao apresentar as fases e a patogenia dessas arboviroses, reforçando a importância do combate ao vetor através do impedimento dos focos com acúmulo de água parada.