No último final de semana, a Prefeitura de Araçatuba mobilizou mais de mil pessoas em ações de combate a escorpiões, que foram realizadas em 80 escolas da cidade e nos seus arredores. Entretanto, a Folha da Região tem recebido várias denúncias de imóveis, muitos deles abandonados, cheios de materiais que podem servir de esconderijo para escorpiões.
O empresário Júlio Castilho, que mora no bairro Nova Iorque, encontrou um escorpião na área da casa dele na última segunda-feira (25), apesar de afirmar que toma todos os cuidados para evitar a presença do animal no imóvel.
O problema é que ao lado da casa dele existe um prédio em construção, cuja obra estaria parada há oito anos. Apesar disso, há muito material de construção amontoado no imóvel, principalmente madeiras e tijolos, que servem de abrigo para os aracnídeos.
“Minha casa é totalmente limpa. Não tem entulho, tenho um jardineiro que cuida do jardim, faço pulverização interna e externa contra insetos e mantenho os ralos todos fechados. Mas do que adianta eu fazer a minha parte se ao lado nada é feito?”, questiona.
Castilho afirma que é a segunda vez em 15 dias que ele encontra escorpião em casa e diz que já questionou a administração municipal a respeito da situação do imóvel vizinho. De acordo com ele, a Prefeitura informou que o local já foi vistoriado e que o proprietário, inclusive, teria sido autuado, mas não retirou os materiais que servem de abrigo para escorpiões. “Eu tenho um filho de 4 anos em casa. Se ele é picado e morre, como é que faz? Eu tenho feito a minha parte”, comenta.
RIGOR
Em entrevista coletiva realizada na Prefeitura no dia 19, quando foi anunciada a campanha “Escorpião, aqui não”, o prefeito Dilador Borges (PSDB) declarou que a administração municipal vai orientar a população, mas também será rigorosa com os proprietários de imóveis que não os mantiverem devidamente limpos.
A ação foi anunciada após a morte de uma menina de 4 anos, que foi picada por um escorpião no dia 15, quando caminhava com a família pela rua Fundadores, após sair de uma igreja, no bairro Santa Luzia. Ela morreu na noite seguinte.
Após o acidente com o aracnídeo, a Folha da Região recebeu fotos que seriam do quintal de uma residência próxima a essa igreja, com grande quantidade de material acumulado. O terreno é de terra, tem muito material de construção e folhas secas, potenciais abrigos para escorpiões.
RESPONSABILIDADE
A Prefeitura informa que a responsabilidade de limpeza de prédios e terrenos particulares é do proprietário, que está sujeito a multa de 10% do valor venal do imóvel. Ainda de acordo com a administração municipal, neste ano já foram aplicadas mais de 300 multas pela Prefeitura em proprietários de imóveis que foram notificados e não fizeram a limpeza.
“O Centro de Controle de Zoonoses tem um cadastro de imóveis que faz visitas mensalmente e todo o morador pode e deve fazer denúncias como estas”, informa em nota da assessoria de imprensa.
SEM RESPOSTA
A Folha questionou o município se o proprietário do imóvel citado pelo empresário Júlio Castilho faz parte do cadastro e foi fiscalizado, mas não teve resposta. A administração municipal também não se manifestou sobre possível terreno com entulho perto da igreja onde a criança foi picada por escorpião e morreu.
