Alerta em Betim: Infestação de Caramujos Africanos Ameaça Saúde Pública

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Foto: Reprodução Internet
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Moradores de bairro em Betim (MG) enfrentam invasão do molusco transmissor de doenças; especialistas orientam sobre riscos e controle.

Infestação Preocupa Moradores

Um bairro na cidade de Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte, está em alerta devido a uma intensa infestação de caramujos africanos (Achatina fulica). A presença massiva desses moluscos tem gerado grande preocupação entre os moradores, principalmente pelos riscos que representam à saúde pública e ao meio ambiente local. A situação foi reportada inicialmente pela TV Alterosa em 5 de maio de 2025, destacando o temor da população diante da proliferação descontrolada do invasor.

Caramujos africanos invadem bairro em Betim e geram risco de doenças

Caramujo Africano: Um Invasor Perigoso

O caramujo africano não é uma espécie nativa do Brasil. Ele foi introduzido ilegalmente no país no final da década de 1980, vindo do leste e nordeste da África, com a promessa de ser um substituto lucrativo para o escargot na culinária. No entanto, a tentativa de comercialização fracassou devido à falta de hábito de consumo pelos brasileiros. Com isso, muitos criadores soltaram os moluscos na natureza, desencadeando um grave problema ambiental e de saúde.

Atualmente, o Achatina fulica está presente em 23 dos 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal, com maior concentração nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Sua capacidade de adaptação e reprodução é alarmante: um único caramujo pode colocar, em média, 200 ovos por postura, reproduzindo-se várias vezes ao ano. Além de devastar hortas e jardins, sendo considerado uma praga agrícola, o caramujo africano é um potencial vetor de doenças.

Riscos à Saúde: Meningite e Outras Doenças

A principal preocupação com o caramujo africano reside na sua capacidade de transmitir vermes que podem causar doenças graves em seres humanos. Duas zoonoses são destacadas por especialistas:

  • Meningite Eosinofílica: Causada pelo verme Angiostrongylus cantonensis, que pode infectar humanos acidentalmente. O parasita afeta o sistema nervoso central. Embora a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) indique que, até o momento de suas publicações de referência, não havia casos confirmados no Brasil de transmissão dessa doença especificamente pelo Achatina fulica, o risco potencial existe e o contato com o muco do caramujo ou a ingestão de alimentos contaminados são vias de infecção.
  • Angiostrongilíase Abdominal: Causada pelo parasita Angiostrongylus costaricensis. Já existem casos registrados no Brasil, embora não diretamente ligados ao caramujo africano como principal transmissor até então. O Achatina fulica é considerado um hospedeiro potencial, e a doença pode levar a perfurações intestinais e peritonite, sendo fatal em alguns casos.

É crucial ressaltar que, mesmo que o risco de transmissão dessas doenças pelo caramujo africano no Brasil seja considerado baixo por algumas instituições em determinados contextos, a manipulação inadequada e o contato com os moluscos ou seu muco devem ser evitados a todo custo.

Como Agir: Medidas de Controle e Prevenção

Diante da infestação, a população deve adotar medidas de controle e prevenção, seguindo as orientações de órgãos como a Fiocruz e o IBAMA:

  • Catação Manual Segura: É a principal forma de controle. Deve ser feita sempre com as mãos protegidas por luvas grossas ou sacos plásticos, para evitar o contato direto com o molusco. Os melhores horários para a catação são o início da manhã ou o final da tarde, quando os caramujos estão mais ativos. É importante procurar e destruir também os ovos, que são branco-amarelados e ficam semi-enterrados.
  • Eliminação Correta: Após a catação, os caramujos devem ser eliminados de forma segura. As recomendações incluem:
    • Esmagá-los e cobri-los com cal virgem antes de enterrar.
    • Mergulhá-los em água fervente.
    • Incinerá-los, tomando as devidas precauções de segurança.
    • Podem ser ensacados e descartados no lixo comum, mas é fundamental quebrar suas conchas para que não acumulem água, evitando a proliferação de mosquitos como o Aedes aegypti, transmissor da dengue.
  • Higiene Rigorosa: Lave bem frutas, verduras e legumes antes do consumo, especialmente aqueles provenientes de hortas que possam ter sido visitadas pelos caramujos. Recomenda-se deixá-los de molho em uma solução de água sanitária (hipoclorito de sódio a 1,5% – uma colher de sopa para cada litro de água filtrada) por cerca de 30 minutos.
  • Não utilize venenos (pesticidas): São altamente tóxicos e podem contaminar o solo, a água, outros animais e até mesmo seres humanos. O uso de sal diretamente no solo também não é recomendado, pois pode prejudicar as plantações.
  • Jamais consuma o caramujo africano encontrado na natureza.

Apelo às Autoridades e Conscientização

A situação em Betim reforça a necessidade de ações coordenadas das autoridades de saúde e meio ambiente para controlar a infestação e orientar a população. Campanhas de conscientização sobre os riscos e as formas corretas de manejo e descarte dos caramujos africanos são fundamentais para proteger a saúde pública e minimizar os impactos ambientais causados por esta espécie invasora.

Este artigo foi elaborado com base em informações da TV Alterosa e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). As informações aqui contidas são para fins educativos e não substituem o aconselhamento de profissionais de saúde ou autoridades sanitárias. Em caso de dúvidas ou sintomas, procure orientação médica.

Fontes Consultadas:

  • TV Alterosa: Caramujos africanos invadem bairro em Betim e geram risco de doenças (05/05/2025)
  • Fiocruz (Instituto Oswaldo Cruz): Caramujo africano: quais os reais riscos para a população?

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A infestação de caramujos africanos em Betim destaca a importância do conhecimento especializado em controle de pragas e saúde pública. Proteja sua comunidade e aprenda como lidar com essas ameaças de forma segura e eficaz. Visite Pragflix para explorar nossos cursos.

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