Parece que virou rotina estar em alto risco, como se não fosse possível manter o índice de infestação com ações de rotina, realizando o manejo ambiental em tempo oportuno.
Já é de praxe esperar o verão para ver os agentes de endemias pelo bairro fazendo visitas em grandes mutirões envolvendo diversas secretarias e outros setores, como se o mosquito se reproduzisse apenas uma vez ao ano.
Para os políticos esta tem sido a estratégia, não investir em prevenção e gastar com mídia nessas ações de contingencia. A proposta do Ministério da Saúde é estruturar serviços públicos de controle do vetor de acordo com o porte do Município e este deve trabalhar a intersetorialidade continuamente, através da mobilização social, mantendo sob inspeção todos os imóveis sejam eles residenciais, comerciais, institucionais, terrenos baldios, espaços públicos ou privados. No entanto o que se pode ver são as infinitas justificativas para as falhas que acabam gerando o tal “Alto Risco”. Por parte da população não há cobranças das ações do poder público porque este mesmo já criou a cultura de que os munícipes precisam cuidar do “seu quintal”.
No caso de doenças transmitidas por mosquitos essa questão vai muito além da corresponsabilidade individual, trata-se do coletivo, ou seja, mesmo cuidando do seu domicilio as pessoas circulam por todos os espaços do Município onde a responsabilidade em cuidar perpassa o indivíduo e onde a falha do poder público em cuidar oferece o “Alto Risco”, e a contaminação com o vírus acontece. Diferente de outros vírus circulantes o da DENGUE pode e deve ser controlado existindo diversos mecanismos a disposição dos serviços que detém a responsabilidade de manter sob controle.
Se estávamos em alto risco em dezembro porque não tivemos controle até agora. Será que só a população deixou de fazer sua parte? Ou mais alguém está deixando de fazer seu dever de casa ou melhor está fazendo de maneira equivocada. Afinal estamos em EPIDEMIA? E isso significa que ouve falhas na gestão dos serviços, até porque se existe investimento na prevenção deveríamos sentir os resultados e hoje não haveria tantas pessoas utilizando um leito hospitalar para tratar a doença.
Quando está tudo certo ninguém vem fazer visita de rotina, orientar, tratar, notificar aqueles que não abrem a porta, multar aqueles comércios que mantém uma enorme quantidade de criadouros a céu aberto, realizar manejo ambiental nos espaços públicos e até mesmo inspecionar os prédios públicos, então porque quando temos uma situação grave de epidemia com gente morrendo os responsáveis pelo funcionamento desses serviços vem a público culpar única e exclusivamente a “população”.
Se cada um fizer sua parte não teremos tanto desgaste com epidemias, tantas perdas de vidas que poderiam ter sido evitadas tantos prejuízos econômicos e sociais. Entretanto nesse cada um está inserido os gestores Municipais e todas as autoridades em Saúde envolvidas na responsabilidade de “Cuidar” e não apenas a população.