No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária recomendou que a vacina da dengue só seja aplicada em quem já teve a doença.
A recomendação da Anvisa veio depois de um alerta do próprio fabricante, o laboratório Sanofi: 0,5% dos pacientes que tomaram a vacina e que nunca tiveram dengue desenvolveram a doença depois de vacinados. Isso representa um risco de cinco casos a cada mil pessoas.
A Anvisa determinou que o fabricante deve fazer a advertência na bula da vacina. A agência afirmou que, nas pessoas que já tiveram a doença, o benefício foi comprovado e que, por isso, não vê necessidade de suspender a vacina no país.
“Os dados que nós temos ainda são inconclusos, eles precisam de maior confirmação e eles falam apenas que, para os pré-expostos ao vírus da dengue se reduziu quase que 72% as hospitalizações, enquanto que, no grupo que não tinha sido exposto ainda, pode haver um aumento de casos”, disse o diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa.
A vacina é a única contra a dengue no Brasil. Aplicada em três doses, é encontrada em clínicas particulares.
A equipe do JN ligou para cinco dessas clínicas em Brasília e em São Paulo. Duas informaram que suspenderam a vacinação e três não estavam sabendo da orientação.
O Paraná é o único estado que aplica a vacina na rede pública. Imunizou 300 mil pessoas desde 2016 em 30 municípios com maior número de casos da doença. A Secretaria de Saúde disse que vai manter o esquema de vacinação.
O infectologista Alexandre Cunha concorda com o alerta, mas diz que a vacina tem apresentado bons resultados até aqui.
“É importante lembrar que, para os pacientes que tiveram dengue, a vacina se mostrou muito protetora. É importante que esse paciente se vacine, mas os pacientes que não tiveram contato, realmente é melhor que não tomem a vacina devido aos eventos que podem acontecer caso venham a ter dengue depois”, disse.