Após morte, Fiocruz Alerta para Meningite Transmitida por Caramujo

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Caramujos do gênero Pomacea analisados no Laboratório de Malacologia do IOC/Fiocruzfoto: Josué Damacena

Primeira morte registrada em dez anos acende sinal de alerta

Após a morte de um paciente por meningite transmitida por caramujos no Estado do Rio de Janeiro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) emitiu um alerta para possíveis novas ocorrências da doença. A instituição soou o alarme no final de junho, após análises laboratoriais identificarem a presença do verme causador da doença em um caramujo da região onde a morte foi registrada. Desde então, novos moluscos infectados já foram encontrados pela instituição.

Primeiro Caso em Dez Anos

Este é o primeiro caso registrado de meningite transmitida por caramujo no Estado do Rio de Janeiro desde 2014. No Brasil, casos semelhantes ocorrem desde 2006.

O Que é a Meningite Eosinofílica?

A doença, chamada meningite eosinofílica, é caracterizada pela inflamação das meninges, membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. A infecção nos seres humanos ocorre quando as pessoas ingerem um caramujo infectado ou o muco liberado por ele, contendo as larvas do verme.

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Etapa da análise parasitológica, realizada no Laboratório de Malacologia do IOC, para investigação da infecção em moluscos (foto: Josué Damacena)

Investigação e Análises

As análises começaram em maio, após solicitação da Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu, onde ocorreu o caso. Os pesquisadores da Fiocruz, junto a agentes da Vigilância Ambiental em Saúde (Suvam), coletaram caramujos em diferentes pontos do bairro em que a vítima contraiu a doença. Um dos caramujos, da espécie Pomacea maculata, popularmente conhecido como lolô ou Aruá, testou positivo para a presença do verme Angiostrongylus cantonensis, causador da doença.

Novos Casos e Pesquisas

A pesquisadora Silvana Thiengo, chefe do Laboratório de Malacologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), explica que a instituição realiza investigações contínuas e segue encontrando novos caramujos infectados em outros bairros de Nova Iguaçu. Os pesquisadores também coletaram dados de animais como ratos, preás e gambás na região para confirmar a infecção desses mamíferos. As análises estão em andamento.

Transmissão da Doença

O verme busca hospedeiros como roedores para se desenvolver. No organismo desses animais, ele se reproduz e gera larvas que são eliminadas pelas fezes dos mamíferos. Essas larvas são ingeridas pelos caramujos, onde se tornam capazes de infectar animais vertebrados. Nos humanos, a meningite eosinofílica se inicia com a ingestão acidental de caramujos ou lesmas infectados, ou pelo contato com o muco desses moluscos. A transmissão também pode ocorrer ao comer alimentos contaminados.

Sintomas

Os sintomas típicos incluem dor de cabeça forte e frequente, distúrbios visuais, enjoo, vômito e sensação de formigamento ou dormência. Embora a maioria dos casos se cure espontaneamente, o acompanhamento médico é crucial para evitar complicações graves.

Cuidados e Prevenção

Para evitar a contaminação, é recomendado o uso de luvas ao manusear moluscos, atenção redobrada com crianças, e a higienização correta de verduras. O consumo de moluscos crus ou mal cozidos deve ser evitado. Para eliminar caramujos, recomenda-se fervê-los por cinco minutos, quebrar suas conchas e descartar corretamente. A Fiocruz destaca a importância da vigilância municipal na coleta e análise de moluscos para mapear riscos de infecção.

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