O biólogo que acordou “tetraplégico” em 2 de outubro de 2016 por conta da Síndrome de Guillain-Barré quer usar a luta contra a doença para inspirar outras pessoas. Nelson Rodrigues da Silva, de Sorocaba (SP), voltou a caminhar e andar de bicicleta sozinho após 27 meses de recuperação.
“Pretendo terminar meu doutorado, porque está no meio. Vou usar tudo o que aconteceu para algo positivo em um livro relatando tudo que eu passei e, quem sabe, dar palestras motivacionais. Quero ajudar pessoas. Tenho lido muito sobre isso”, diz.
A doença surgiu durante os trabalhos de coleta de informações para o doutorado, em Maceió (AL). A síndrome interrompeu, naquele momento, o sonho do diploma, que está sendo retomado aos poucos.
Durante o tratamento, que ainda é realizado, o paulista, de 39 anos, dependia de outras pessoas para beber água ou até mesmo ir ao banheiro. Foram vários dias com sessões de fisioterapia e atenção diária com enfermeiro.
Atualmente, a rotina voltou a ser aquela que imaginava quando estava internado sem mexer os músculos do pescoço para baixo.
‘Tetraplégico’
Nos dias em que os primeiros sintomas surgiram, Nelson foi ao médico e chegou a apresentar melhora. Ele aproveitou a oportunidade para voltar a Sorocaba e, ainda no aeroporto, se deparou com as pernas travadas.
“Eu estava sozinho e achei estranha aquela dor, achava que era nervo ciático. Cheguei em casa e nem me preocupei muito.”
Silenciosa, a doença começou a afetar os membros inferiores durante a madrugada naquele dia. “Eu já acordei com as duas pernas paralisadas. Mais tarde, no mesmo dia, eu estava tetraplégico”, relata.
A família logo procurou ajuda médica quando o corpo de Nelson já não correspondia aos comandos. Debilitado, mas podendo se comunicar, ele foi até uma clínica particular sem saber o que tinha. O médico fez três perguntas e alertou para a síndrome de Guillain-Barré.
Ele foi internado e passou 31 dias no hospital, sendo cinco na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). O biólogo deu entrada na UTI com 73 quilos e saiu com 42.
Síndrome de Guillain-Barré
A Vigilância Epidemiológica de Sorocaba explicou ao G1 que a notificação sobre casos de Guillain-Barré não é obrigatória.
No entanto, devido à possível relação com a infecção do vírus da zika e outras arboviroses, existe desde 2016 a orientação de investigação para estes agentes em todos os casos com diagnóstico confirmado.
Ainda segundo a Vigilância Epidemiológica de Sorocaba, a Síndrome de Guillain-Barré ocorre quando o próprio sistema de defesa do corpo ataca os nervos periféricos. Porém, existe tratamento.
Até o momento, não existe estatística brasileira sobre a ocorrência de casos da síndrome, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.