Isis Breves
Jornalista – comunicação institucional, comunicação em saúde, comunicação interna. Amo o que faço?
Pernambuco registrou média de 44,6 acidentes com escorpiões por dia no período de janeiro a abril deste ano de 2019. No total foram 5.354 casos de picada de escorpiões e o tema foi pauta da imprensa no Estado de Pernambuco. O Portal Pragas e Eventos conversou com a Médica Veterinária e Bióloga Cibele Rocha, especialista em Vigilância Sanitária e Controle de Qualidade de Alimentos que apresentou a palestra “Escorpiões de Importância Médica – Biologia, Comportamento e Controle” na evento SulPrag que aconteceu em Gramado-RS de 22 a 24 de maio.
A alta incidência de acidentes com escorpiões vêm aumento no país. Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), em 2017, foram registrados 124.077 acidentes com escorpiões no país e 143 mortes. As regiões nordeste e sudeste apresentaram os maiores números de casos, 56.074 e 54.488 3, respectivamente.
Cibele Rocha explica que o aumento do escorpionismo se deve a expansão urbana, a oferta de alimento e abrigo, as condições climáticas favoráveis, a falta de predadores naturais na ambiente urbano, e principalmente a presença de espécies generalistas com reprodução assexuada e alto potencial reprodutivo. “Por isso, há de se desenvolver estratégias para prevenção e controle, seja no ambiente intradomiciliar, seja no ambiental industrial”, ressalta.
No Brasil são registradas 131 espécies de escorpiões que representa 9% da diversidade mundial. “Os escorpiões de importância médica pertencem ao gênero Tityus: T. serrulattus (amarelo) encontrado em Minas Gerais, com distribuição geográfica ampliada para a região sul do Brasil, com registros em Curitiba no Paraná, Itajaí e Joinvile em Santa Catarina e em mais 40 municípios do Rio Grande do Sul, inclusive em Porto Alegre; T. bahiensis (marron ou preto) encontrado nas regiões centro-oeste, sudeste e sul do país; T. stigmurus (amarelo do nordeste) espécie comum no nordeste brasileiro, porém já há registros da ocorrência em SP, PR, RJ e SC”, afirma Cibele rocha, que atua há mais de 15 anos na área de Controle Integrado de Vetores e Pragas Urbanas e na área de segurança de alimentos.
Segundo Cibele, “O controle deve ser integrado com foco na prevenção, alinhando ações multidisciplinares entre os órgãos públicos e a população para conscientização e manejo ambiental, a fim de tornar o ambiente desfavorável a permanência e sobrevivência do escorpião”.
O controle químico deve fazer parte deste controle integrado, e deve ser realizado, por empresas especializadas em controle de pragas, por Técnicos capacitados e com produtos indicados e registrados para o controle dessa praga.
Ao contrário do que é falado, existe sim controle químico para os escorpiões. Sabe-se que a biologia e o comportamento do animal podem dificultar esse controle, porém, para melhor eficácia e sucesso do tratamento, deve se utilizar produtos com princípios ativos de menor efeito irritante sobre a praga ou protegidos (microencapsulados) e com alto poder de ação residual no ambiente tratado. O uso de produtos com ação repelente faz com que o animal saia do esconderijo, o que pode aumentar o risco de acidentes, devendo, portanto ser evitado, principalmente em ambientes internos com crianças e idosos”, finaliza.
Apesar de galinhas serem predadores naturais destes artrópodes, a criação de galinhas, como medida de controle é uma estratégia de baixa eficácia, visto que as galinhas têm hábitos diurnos e os escorpiões são animais noturnos.
O MS recomenda medidas gerais para prevenção: Usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem; examinar calçados e roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las; não acumular lixo orgânico, entulhos e materiais de construção; vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés; utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos; manter limpos os locais próximos das residências, jardins, quintais, paióis e celeiros; combater a proliferação de insetos, principalmente baratas e cupins; preservar predadores naturais como seriemas, corujas, sapos, lagartixas e galinhas; limpar terrenos baldios pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas.