O número de casos de pessoas picadas por escorpiões em Montes Claros cresceu de forma preocupante nos últimos meses. No primeiro semestre do ano, foram 879 atendimentos registrados no ambulatório de acidentes escorpiônicos do Hospital Universitário, uma média de 146 por mês. Em julho, agosto e setembro (até o dia 25) já foram 490 registros, uma média de 163 casos a cada 30 dias.
Na Vila Ipiranga, a estudante Leila Lopes, em sete dias, encontrou cinco escorpiões. “Durante uma faxina, encontrei dois dentro do sofá e outro entre minhas roupas. O restante foi ao longo da semana, na cozinha. Não entendo, porque meu quintal é limpo e também mantenho os ralos fechados”, conta.
Já no bairro Maraca-nã, na semana passada, em duas residências foram encontrados escorpiões. “Esse é o terceiro neste ano. Até coloquei cerâmica no piso do quintal na tentativa de inibir a entrada, mas não teve jeito”, diz o morador Marcos Oliva.
AMBIENTE
Segundo o ambientalista Leonardo Giucum, os escorpiões se proliferam por quase toda cidade, pois o clima quente é fator contribuinte para infestações.
“Em vários pontos de Montes Claros encontramos lixo e entulhos, favoráveis para a procriação destes animais, uma vez que eles vão atrás de outros peçonhentos, como baratas, pequenas aranhas, que servem de alimento”, explica.
O ambientalista esclarece ainda que mesmo que a residência não tenha entulhos, é provável que os escorpiões venham de lotes vagos ou sejam atraídos pelo acúmulo de lixo e abundância de presas, que basicamente são insetos maiores como gafanhotos, baratas, pequenos roedores, pequenos lagartos ou calangos. “É preciso prevenir a procriação, evitar que ela aconteça”, conclui.
CUIDADOS
A coordenadora do pronto-socorro do Hospital Universitário Clemente de Faria, Maressa de Morais Martins, explica os primeiros procedimentos após a picada de escorpião.
“O paciente pode tomar analgésico, como dipirona ou paracetamol para alívio da dor e dirigir-se imediatamente ao hospital. E devemos alertar que o indivíduo sempre deve procurar o hospital, pois o caso pode evoluir com quadros graves, sendo necessária intervenção médica imediata”, destaca a médica.
Dos dados apresentados pelo HU, 15% das vítimas são crianças. “Crianças e idosos são mais vulneráveis à picada de escorpião. O sistema imune é imaturo na criança e deficitário no idoso. Assim, em ambos os casos, é mais difícil neutralizar o efeito do veneno”, finaliza.
PROVIDÊNCIAS
O coordenador do Centro de Controle de Zoonoses, Luís Osmane, ressalta que a população tem que fazer contato com o órgão para solicitar a retirada dos entulhos e limpeza. “Temos que evitar locais propícios para a reprodução dos animais”.