Dengue, chikungunya e zika podem gerar surtos em quase 1 000 municípios

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O mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue - 26/10/2016 (Miguel Schincariol/AFP)

O primeiro Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti(LIRAa) de 2019 indica que 994 municípios brasileiros apresentam alto índice de infestação do mosquito, com risco de surto para dengue, zika e chikungunya. Os resultados foram divulgados pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (30).

Ao todo, 5.214 municípios realizaram algum tipo de monitoramento do mosquito transmissor dessas doenças. Os locais com risco de surto representam 20% do total. O levantamento identificou ainda a porcentagem de imóveis com a presença do mosquito nos municípios. Os resultados mostraram que 2.160 cidades apresentaram índice de infestação predial (IPP) entre 1% e 3,9%.

Os dados reforçam a importância do combate ao transmissor. “Esses resultados indicam que é preciso fortalecer ainda mais as ações de combate ao mosquito transmissor, com a participação da população e de todos os gestores locais e federal”, disse o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber.

Dengue

Entre as arboviroses – dengue, zika e chukungunya -, a dengue é a que mais preocupa o Ministério da Saúde. A incidência dos casos de da doença aumentou 339,9% em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com o último boletim, até o dia 13 de abril, foram notificados 451.685 casos prováveis de dengue e 123 mortes foram confirmadas – 186,3% mais do que no mesmo período de 2018. A incidência, que considera a proporção de casos em relação ao número de habitantes, tem taxa de 216,6 casos/100 mil habitantes. 

Os Estados em situação mais preocupante, por apresentarem alta incidência da doença – maior que 100 casos por 100.000 habitantes – são: Tocantins (799,2 casos/100 mil hab.), Mato Grosso do Sul (697,9 casos/100 mil hab.), Goiás (630,8 casos/100 mil hab.), Minas Gerais (585,3 casos/100 mil hab.), Acre (514,6casos/100 mil hab.), Espírito Santo (406,9 casos/100 mil hab.), São Paulo (349,1 casos/100 mil hab.), Distrito Federal (302,7 casos/100 mil hab.), Paraná (138,8 casos/100 mil hab.) e Mato Grosso (100,5 casos/100 mil hab.)

Apesar disso, Wanderson Kleber, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde afirmou que o Brasil “não está em situação de epidemia, embora possa haver epidemias localizadas em alguns municípios e estados”.

A dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que aproveita a água parada para colocar seus ovos e se proliferar. Na maioria dos casos, a infecção não apresenta sintomas. Quando eles surgem, os mais comuns são febre alta (acima de 38,5°C), dores musculares intensas, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça, manchas vermelhas no corpo e dor ao movimentar os olhos. Em casos graves – que incluem dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes e sangramento de mucosas – há risco de morte.

Chikungunya

Segundo o boletim, até 13 de abril, foram registrados 24.120 casos de chikungunya – uma redução de 36,3% em comparação com o mesmo período de 2018 -, sem óbitos confirmados.

A febre chinkungunya, como também é conhecida, é transmitida pela picada dos mosquitos Aedes aegypti e do Aedes albopictus. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz, a circulação do vírus foi identificada no Brasil pela primeira vez em 2014. Entre os sintomas da doença estão: febre alta, dores nas articulações dos pés e mãos, dedos, tornozelos e pulsos. Em alguns casos ainda pode ocorrer dor de cabeça, manchas vermelhas na pele e dores nos músculos. Veja também

Zika

O levantamento informou ainda que o registros de zika foram maiores que no ano passado: 3.085 casos prováveis em 2019, contra 3.001 no mesmo período de 2018. Apesar disso, não foram notificadas mortes pela doença.

O zika é um arbovírus, ou seja, sua transmissão ocorre principalmente através de mosquitos, em especial pelo Aedes aegypti, mas também pode ser adquirido através do contato sexual e pela transfusão de sangue. Quando se manifesta em adultos, os sintomas duram alguns dias e são leves, incluindo erupções cutâneas, conjuntivite, dor nas articulações e febre leve.

No entanto, se a infecção acontece durante a gestação, a doença pode trazer sérias consequências para o bebê uma vez que pode causar microcefalia. O vírus também pode aumentar o risco do desenvolvimento da síndrome de Guillain-Barré – doença que leva o sistema imunológico a atacar os nervos e pode causar fraqueza muscular e paralisia.

Combate ao mosquito

A prevenção dessas doenças depende diretamente de impedir a proliferação do mosquito. Recomenda-se manter tonéis, caixas e barris de água bem fechados, trocar a água dos vasos de plantas uma vez por semana, manter garrafas de vidro e latinhas de cabeça para baixo e colocar pneus em locais cobertos.

Também é necessário eliminar qualquer possível criadouro como piscinas sem uso e sem manutenção e até mesmo recipientes pequenos como tampas de garrafas. Em locais com transmissão da doença, recomenda-se o uso de roupas que evitem a exposição da pele, repelentes, inseticidas e mosquiteiros para evitar a picada. Essas ações devem ser realizadas durante o ano inteiro, especialmente no verão, que é a época mais propícia para a proliferação do mosquito.

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