Desde a antiguidade a população humana tem passados por momentos sanitários marcantes na forma de epidemias e pandemias associadas direta ou indiretamente a insetos (moscas, baratas, mosquitos e pulgas), carrapatos e reservatórios como ratos e morcegos.
A peste de Atenas foi um surto epidêmico que atingiu a cidade de Atenas entre 430 a.C. e 427 a.C. Especula-se que cerca de 1/3 da população de Atenas tenha morrido em virtude da epidemia que se acredita ser um tipo de febre tifóide.
A Praga de Justiniano deflagrou entre 541 e 750 da nossa era. Foi considerada a primeira pandemia historicamente documentada e o primeiro caso de peste bubónica que vitimou aproximadamente 50 milhões de pessoas, isto é, cerca de 26 % da população mundial.
A Peste Negra considerada a maior pandemia da história da civilização, iniciou-se em 1347, na Ásia Central. Assolou a Europa e foi responsável por dizimar entre um terço (25 milhões) e a metade da população (75 milhões).
Em 1665 a cidade de Londres foi assolada pela peste bubónica, conhecida como a Grande Peste de Londres que matou cerca de 20% da sua população.
Em 1817 surgiu a Pandemia de Cólera se espalhando por todo o mundo morrendo por volta de 150.000 pessoas
Em 1852, surgiu a terceira Pandemia da Cólera afetando gravemente a Rússia causando mais de um milhão de óbitos
Em 1892, infetou principalmente a Alemanha causando mais de 8 mil mortes no país
Em 1855 até 1960, iniciou-se a terceira Pandemia de Peste Bubónica. Estima-se que tenha provocado 15 milhões de vítimas.
Em 2019 tivemos o Covid causando 528 milhões e 500 mil casos com seis milhões e 286 mil mortes.
Existem atualmente ainda outras doenças como o Ébola, o Zika, o Dengue e o Chikungunya que são patologias de preocupação mundial. Pela sua enorme facilidade de contaminação podem originar grandes pandemias estando por isso a serem estudadas de forma intensiva pela comunidade científica.
Ainda temos uma série de patologias transmitidas por insetos, aracnídeos e reservatórios como dengue, zika, chikungunya, febre amarela, malária, febre maculosa, doença de Lyme Simile, Erliquiose, febre de Mayaro, peste bubônica, leishmaniose, leptospirose, hantavirose, tifo endêmico e muitos outros
O Brasil entra na era de combate aos vetores (mosquitos) e reservatórios (ratos) em 1903, quando o presidente Rodrigues Alves empossou o cientista e sanitarista paulista Oswaldo Cruz no cargo de diretor-geral de saúde pública. A tarefa dele era controlar e erradicar as epidemias e restabelecer um quadro mínimo sanitário na capital.
Seu primeiro adversário: a febre amarela, que angariara para o Rio a fama de “Túmulo dos Estrangeiros” e que matou, de 1897 a 1906, quatro mil imigrantes.
Para colocar seu plano em prática, Oswaldo Cruz iniciou uma campanha de saneamento com as chamadas “brigadas mata-mosquitos”, que ainda hoje são realizadas, como no caso de combate à dengue. “Oswaldo Cruz trouxe o modelo de combate à doença adotado pelo exército americano em Cuba”.
Os funcionários do serviço sanitário visitavam as casas para verificar e exigir o fim de poças d’água, que eram os criadouros das larvas dos mosquitos. Quando os moradores não permitiam a visita, os inspetores invadiam as casas com o aval de policiais.
Em 1911, Oswaldo Cruz foi contratado pela empresa de distribuição de energia elétrica Light para tratar da questão da malária.
Em seguida, Oswaldo Cruz iniciou sua luta contra a peste bubônica apesar de já, em 1898, a convite de Adolfo Lutz, diretor do Instituto Bacteriológico de São Paulo, Vital Brazil começou a trabalhar ao lado de Oswaldo Cruz com a identificação e prevenção do surto epidêmico da peste bubônica, em Santos, cidade do litoral paulista.
Os anos se passaram, mas os problemas e as dificuldades no combate destes organismos nocivos à saúde pública continuaram os mesmos. O sistema de saúde não estava e continua não estando preparado para o enfrentamento destas populações de insetos e ratos que aumentam continuamente pela falta de um programa consciente, abrangente, multidisciplinar e interdisciuplinar.
Alguns investigadores referem que assim que o coronavírus estiver controlado, o Mundo precisa de se começar a preparar para uma próxima pandemia, porque novos surtos pandémicos irão surgir mais tarde ou mais cedo.
O aumento do risco de contrair novos vírus e similares tem sido desencadeado por diferentes razões como a continua entrada do homem no meio silvestre buscando formas de se distanciar, nem que seja por alguns momentos da vida atribulada nas grandes cidades, habitações dentro das matas, a derrubada das matas para aumentar o número de moradias para uma população crescente, a conversão de animais selvagens em animais de estimação, em alimentos ou em medicamentos.
Muitos investigadores realçam a importância de serem tomadas medidas urgentes e serem criados novos regulamentos a fim de protegermos o nosso planeta.
Dentro de todo este contingente de profissões capacitadas a colaborar evitando o aumento destes riscos sanitários estão os controladores de pragas (Gerente de sinantrópicos).
Se observarmos a tríade epidemiológica das doenças não transmissíveis temos o seguinte desenho
Verificamos aí que nossa atividade profissional, além de prestar excelente serviço nas medidas econômicas, tem um importante papel nas medidas preventivas das doenças não transmissíveis na medida em que atuamos no combate aos vetores, reservatórios e animais agressoras bem como ao combatermos estes também estamos atuando no agente causador da enfermidade e da mesma forma interferimos no manejo ambiental impedindo sua entrada, manutenção e proliferação.
É momento de se dar maior importância ao trabalho do controlador de pragas dentro do sistema de saúde pois esta é uma atividade fundamental dentro do contexto sanitário do país. E este é um dia especial que deve ser encarado como um momento crucial para debatermos nossa atividade profissional inclusive para determinarmos nossa identidade que tem sido relegada a segundo plano.