O que é a doença do sono?
A Doença do Sono, ou Tripanossomíase Africana, é uma infecção causada pelo parasita unicelular Trypanosoma brucei, transmitido pela picada da mosca tsé-tsé. A doença atinge áreas rurais da África Subsaariana e não ocorre no Brasil, mas pode afetar pessoas que eventualmente visitem essa região. A infecção ataca o sistema nervoso central e, devido aos seus sintomas neurológicos graves, pode ser fatal se não tratada.
Quais são as causas da doença do sono?
O Trypanosoma que transmite a doença do sono para os humanos é veiculado pelas picadas das moscas tsé-tsé que vivem e procriam em regiões quentes e úmidas da África. Elas adquirem o parasita picando outra pessoa ou animal infectado. Humanos, animais selvagens, domésticos e o gado servem como hospedeiros para o parasita.
Há ainda outras formas de infecção, que são menos comuns, como a transmissão de mãe para filho durante a gestação e a transmissão acidental em laboratórios com agulhas contaminadas. As pessoas que vivem em áreas rurais e que praticam agricultura, pesca, criação de gado ou caça são as mais expostas e mais susceptíveis à doença.
Quais são as principais características clínicas da doença do sono?
Há dois tipos clínicos de doença do sono classificados de acordo com a subespécie de parasita envolvido na infecção e com os territórios endêmicos.
(1) Trypanosoma brucei gambiense: é a forma mais comum da doença, correspondendo a 98% dos casos relatados. Causa uma infecção crônica e a pessoa infectada pode passar meses ou até anos sem apresentar a maior parte dos sintomas, fazendo com que os pacientes muitas vezes só sejam diagnosticados quando já se encontram num estágio avançado da doença e já tenham tido o sistema nervoso central afetado. O território preferencial de sua incidência é a área ocidental e central do continente africano.
(2) Trypanosoma brucei rhodesiense: representa 2% ou menos dos casos relatados e causa uma infecção aguda. Os sintomas já são notados em poucos meses ou semanas após a infecção e a doença se desenvolve rapidamente atingindo o sistema nervoso central. Incide principalmente na África meridional e oriental.
Uganda é o único país africano que apresenta os dois tipos da doença. No primeiro estágio da infecção o parasita se multiplica e os sintomas não são específicos: dores de cabeça e nas articulações, febre e coceira. No segundo estágio os sintomas são mais óbvios, mas também mais difíceis de serem tratados. Ocorrem mudanças de humor e comportamento, confusão mental, distúrbios sensoriais e de coordenação, aumento de linfonodos, fraqueza, convulsões, sudorese, ansiedade e distúrbios no ciclo do sono, em que a pessoa não consegue dormir durante a noite mas é facilmente vencida pelo sono durante o dia.
Como o médico diagnostica a doença do sono?
Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhores as chances de tratamento. Quando um estrangeiro tenha viajado para as áreas de contaminação, o aparecimento dos sintomas do primeiro estágio levantam mais prontamente a suspeita, mas mesmo pessoas de áreas endêmicas devem procurar imediatamente ajuda médica aos primeiros sintomas.
O diagnóstico de certeza é feito através da pesquisa do parasita no sangue ou em líquido aspirado de linfonodos. Também se utiliza a inoculação do sangue em animais de laboratório se a parasitemia for baixa e indetectável.Todos os pacientes infectados devem ser submetidos à punção para coleta de líquor para avaliar o envolvimento do Sistema Nervoso Central.
Como o médico trata a doença do sono?
O tipo de tratamento para a doença do sono depende do estágio em que a doença se encontra, sendo que quanto mais cedo for iniciado o tratamento melhores as perspectivas de sucesso. No primeiro estágio, os medicamentos utilizados são de baixa toxicidade e fáceis de administrar, mas no segundo estágio a medicação deve transpassar a barreira hemato-encefálica para alcançar o parasita e, então, são medicações que podem apresentar mais efeitos colaterais.
Para o primeiro estágio é recomendado o uso de pentamidina e suramina. Já para o segundo estágio da doença do sono é recomendada a combinação terapêutica de nifurtimox-eflornitina. Ambas devem ser tomadas sob orientação médica.
Como evolui a doença do sono?
Quanto antes a doença for reconhecida e tratada, melhores as expectativas de cura para o paciente. Se não tratada, a doença do sono pode ser fatal, apesar de casos de portadores saudáveis já terem sido relatados. À medida em que os sintomas forem se agravando, da mesma forma que for evoluindo o estágio da doença, o tratamento se torna mais complicado e incerto.
Por ser comum em locais remotos e com sistemas de saúde deficientes, estima-se que muitas pessoas infectadas morram antes mesmo de serem diagnosticadas.
Como prevenir a doença do sono?
As pessoas devem evitar áreas endêmicas e/ou se proteger contra as picadas das moscas tsé-tsé. Deve-se levar em conta que, à diferença da maioria dos insetos, essas moscas são mais ativas de dia que de noite. As roupas devem ser grossas, pois a picada das moscas pode ultrapassar as roupas mais finas. Também pode-se usar repelentes de insetos a fim de prevenir a doença do sono, porém a eficácia deles contra a mosca tsé-tsé pode ser limitada.
Quais são as complicações possíveis da doença do sono?
As complicações decorrentes da doença incluem os danos causados pelos momentos de sono durante as atividades diurnas, danos graduais no sistema nervoso central, coma e até a morte.