RIO – Ter uma casa segura e comida farta é prioridade na vida de muita gente. E é exatamente isso que os ratos encontram em muitas residências e condomínios. Para proteger seus interesses, esses roedores são capazes de adotar estratégias surpreendentes, cujo combate exige perspicácia. Entender melhor como eles vivem é um importante passo rumo à vitória numa batalha que já dura séculos.
— Ao contrário do que a população acha, os ratos são muito inteligentes. Eles preferem alimentos saudáveis, por exemplo, e não comem coisas estragadas. E quando encontram algo que acham saboroso, mantêm essa informação na memória e sempre voltam para buscar mais, guiados pelo olfato — descreve o biólogo especialista em roedores Jerônimo da Fonseca, que é gerente de controle de vetores da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), onde trabalha há 20 anos.
Um comportamento típico das ratazanas ilustra bem a complexidade desses bichos. Segundo Fonseca, quando falta comida, as fêmeas podem canibalizar seus filhotes para sobreviver. Mas, assim que encontram alimento novamente, entram no cio e voltam se reproduzir, colonizando o local.
A ratazana, diga-se de passagem, é uma das espécies mais comuns em cidades como o Rio, ao lado do rato-de-telhado e do camundongo. E saber como cada uma delas se comporta é outra peça-chave no controle dos animais. O biólogo e diretor técnico da Rodantech Dedetizadora, Vinicius Rocha, comenta algumas dessas particularidades:
— A ratazana circula mais nas tubulações de esgotos e rios. Ela tem a habilidade de nadar e pode, inclusive, sair pelo vaso sanitário. Já o rato-de-telhado habita as partes mais altas, graças à capacidade de escalar e andar em fios. Eles também têm uma alimentação mais seletiva, com frutas, cereais e grãos. Enquanto isso, o camundongo fica mais dentro de casa e circula muito entre a cozinha e a sala.
Para quem quer esses bichos o mais longe possível, também é fundamental compreender o que os atrai. Neste caso, o cheiro de alimentos é um dos primeiros tópicos da lista. Mantimentos devem estar sempre guardados em potes bem vedados. A ração dos animais também merece atenção.
— Muita gente acha que ter cães e gatos é um recurso eficaz de combate aos roedores. Mas quando potes de ração ficam expostos por muito tempo, sobretudo na madrugada, os ratos são atraídos — ressalta Fonseca.
LIMPEZA É INDISPENSÁVEL
O professor de saneamento do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Viçosa, Artur Kanadani Campos, acrescenta que cuidados como o acondicionamento e destinação adequada do lixo, a limpeza periódica e a manutenção dos encanamentos das redes de esgoto também são muito importantes. Outro conselho é evitar o acúmulo de caixas, embalagens, pilhas de jornais e entulhos que possam servir como abrigo para os animais.
— Também é fundamental fazer a manutenção periódica dos gramados e dos jardins, bem como a limpeza dos terrenos baldios e das ruas, para evitar o estabelecimento de colônias de roedores no perímetro e nas residências — elenca ele. — Essas medidas precisam ser adotadas de forma coletiva, já que o descuido de alguns pode levar a condições favoráveis para o estabelecimento de novas colônias e os ratos podem facilmente migrar entre casas vizinhas.
Subestimar os riscos oferecidos por ratos é outro erro grave. Esses animais transmitem mais de 40 tipos de zoonoses, das quais a leptospirose, cujo contágio se dá pela urina dos roedores, é a mais conhecida. Só no ano passado, o Rio registrou 37 casos e sete mortes (19% dos pacientes), segundo dados do Comlurb. Este ano já foram seis registros até fevereiro, sem que houvesse óbito confirmado.
Fonseca afirma que uma divisão dentro da companhia concentra esforços para combater os animais na cidade. São 286 profissionais que fazem vistas periódicas a praças e locais públicos, além de atenderem a solicitações de moradores.
Segundo ele, qualquer pessoa que enfrente problemas com ratos em casa pode ligar para Central de Atendimento da Prefeitura do Rio (1746) e pedir uma visita para que os procedimentos adequados sejam tomados.
— Direcionamos uma viatura para atender à demanda e, uma vez constatado o problema, efetuamos o controle com raticida. Também orientamos os moradores sobre as medidas de prevenção necessárias e retornamos sete dias depois para ter certeza de que os roedores foram eliminados — detalha ele.
Segundo Fonseca, buscar esse suporte é importante, porque usar os produtos comercializados para o controle de ratos nem sempre funciona. Em geral, os moradores não distinguem qual é a espécie exata e isso os impede de adotar os procedimentos corretos.
— As pessoas podem optar por um produto que o rato não vai comer, por exemplo. E caso usem uma ratoeira, o equipamento dificilmente vai eliminar uma ratazana ou um rato de telhado, já que são maiores e mais espertos. E ainda que mate um animal, não eliminará a colônia — exemplifica ele.
ILEGAL E INEFICIENTE
Outro recurso pouco eficiente é o chumbinho, que muita gente compra no mercado ilegal — a comercialização é proibida. Além de oferecer riscos à saúde humana, o produto também não elimina a colônia, como explica Vinicius Rocha.
— Quando é envenenado dessa maneira, o rato não morre imediatamente. Isso acontece só quando ele já está de volta à família. E, depois que um segundo integrante morre do mesmo jeito, os outros entendem que aquele alimento está contaminado e param de consumi-lo — diz ele.
Se os ratos têm versatilidade para driblar algumas armadilhas, eles ainda não são tão espertos em relação às pistas que deixam por onde passam. O biólogo e diretor técnico da Rodantech Dedetizadora, Vinicius Rocha, afirma que estar atento a estes sinais ajuda a agir na hora certa.
— O principal indicativo são as fezes. Inclusive, os especialistas conseguem identificar qual é a espécie de roedor por meio delas — afirma ele, acrescentando que a urina também denuncia a presença dos animais.
Outra pista importante são as manchas escuras no canto das paredes, na altura do rodapé. Segundo Rocha, como estes bichos têm muita gordura no corpo e tendem a caminhar sempre encostados nos cantos, este rastro vai se formando com o tempo.
Alimentos e embalagens roídas são outros fortes indícios. Além disso, como lembra Rocha, os dentes incisivos desses animais nunca param de crescer. Então, eles precisam estar sempre roendo algo, mesmo que não seja alimento.
— Fio elétrico é algo que eles roem com frequência. Muitas vezes, entram em carros, nas garagens, para isso ou usam os fios das redes elétricas dos prédios e das casas. Isso é muito perigoso, porque pode causar curto-circuitos — alerta o biólogo.
Para quem mora em prédio, Rocha afirma que a presença de roedores nas partes mais altas é menos frequente. Mesmo assim, eles podem subir pelas tubulações e árvores que encostam nas paredes externas. Em edifícios que ainda têm vãos internos por onde os moradores de cada andar descartam o lixo (e que são proibidos) os cuidados devem ser redobrados, já que estes animais podem percorrer essas instalações, atraídos pelo cheiro de alimentos.
— Essas estruturas ficam muito danificadas com o tempo. Então, os ratos conseguem escalá-las — alerta ele.
boa tarde eu sou tecnico em controle de pragas realmente controle de roedor se da conforme a especie e local por exemplo em mercados se controla rato de telhado com algumas iscas tem algumas que eles nao pegam devido a quantidade de alimentos a muito atrativo no local usamol isca somente prensada sem adicionais e dependendo da infestaçao cola para captura