Entre as aulas pedagógicas, de judô e as sagradas horas no parquinho de diversão, os mais de 140 alunos do colégio Pique e Aprende, localizado na zona Sul de Ribeirão Preto, deram show de responsabilidade e prevenção contra um “bichinho” peçonhento e “muito mal”.
“Pode ser preto ou amarelinho, mas os dois têm uma agulha na ponta e podem picar bem aqui”, diz a falante Bianca Ravazzio, de apenas 4 anos, ao apontar para o pé.
A explicação foi obtida pelo jornal ACidade ON, na última sexta-feira (29), depois que ela e os demais amigos da pré-escola, de 3 a 6 anos, aprenderam tudo sobre escorpiões – de dicas aos cuidados básicos no dia a dia. E no melhor momento: de janeiro a outubro deste ano, a cidade registrou mais casos que a soma dos balanços de 2017 e 2018. Veja os dados abaixo.
“Tem que olhar o sapato antes de colocar e sacudir pra ver se não tem nada perigoso dentro. Ele também fica escondido na roupa, nos brinquedos e na grama”, conta Sofia da Silva Lima, 6.
A iniciativa de incluir o tema na rotina das crianças partiu da enfermeira responsável pela escola, Ariane Antolini, com o auxílio da Vigilância Sanitária, por conta de algumas reclamações dos pais e comentários sem muito conhecimento das crianças.
“Nós mostramos de forma lúdica tudo o que eles precisam saber para ficarem protegidos e evitarem acidentes domésticos. O material abordava desde o surgimento do escorpião até onde podem ser encontrados e o que fazer se acontecer […]. O resultado foi muito bacana, com várias perguntas e mudanças de hábitos em casa. O objetivo foi atingido”, comemora a enfermeira.
Agora, a expectativa da Secretaria Municipal da Saúde é conter os dados do município e diminuir o número de lesões, principalmente nas regiões Norte e Oeste.
De acordo com dados divulgados pela pasta também na última sexta-feira (29), 1.183 acidentes com escorpiões foram registrados nos 10 primeiros meses deste ano (janeiro a outubro), em cinco bairros da cidade. A média é de mais de 118 ocorrências a cada mês ou pouco mais de três por dia.
Destes, 298 ocorreram no Simioni, 240 no Sumarezinho, 216 na Vila Virgínia, 185 em regiões mistas, 127 no Castelo Branco e 117 no Centro.
O balanço mais atualizado é superior ao total de casos computados entre 2017 e 2018, quando 196 e 885 acidentes foram comunicados à pasta, respectivamente.
O Ministério da Saúde, no entanto, afirma que animais peçonhentos, como os escorpiões, além de aranhas e lagartas, “estão cada vez mais presentes no meio urbano devido ao crescimento acelerado dos grandes centros. Por isso, é preciso que toda a população saiba quais medidas adotar para evitar acidentes e mortes por envenenamento”. Um bom exemplo são as crianças do colégio Pique e Aprende.
Ainda de acordo com o órgão, o período do verão (entre dezembro e março) exige maior cuidado em relação a esses casos, “pois o clima úmido e quente é ideal para o aparecimento destes animais, que se abrigam em esgotos e entulhos”.
O que fazer em caso de acidente?
A recomendação do MS é procurar um hospital imediatamente e, se possível, levar o animal para avaliação do quadro. A medida é necessária porque cada espécie representa uma gravidade e possível tratamento. O primeiro deles, porém, sempre será o soro.
O antiveneno está disponível nos hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde). “Limpar o local da picada com água e sabão pode ser uma medida auxiliar, desde que não atrase a ida ao serviço de saúde”, finaliza o boletim informativo do Ministério da Saúde.