Infestação coloca 47 cidades do Pará em perigo

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Dados apontam risco de surto em 11 municípios do Estado e abrem estado de alerta em 36, incluindo Belém e Ananindeua

Infestação pelo mosquito Aedes Aegypti preocupa no Pará (Cláudio Santos / Agência Pará)

Apesar da redução dos casos de dengue, zika e chikungunya, um terço dos municípios paraenses apresentam alta infestação do mosquito Aedes aegypti, transmissor dessas três doenças. Segundo dados do Ministério da Saúde, 47 cidades (32,6% dos 144 municípios) estão em situação de alerta ou risco de surto dessas três doenças. Dessas, 11 têm índice de infestação predial igual ou superior a 4%, o que representa risco de surto. Nos 36 municípios restantes, a situação é de alerta.

Nesses locais, a margem de imóveis onde foram identificados criadouros do mosquito ficou entre 1% e 3,9%. O Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa), divulgado no fim do ano passado, indica ainda que 68 dos 115 municípios do Estado que participaram da análise estão em situação satisfatória. Belém e Ananindeua estão em situação de alerta, com respectivas margens de 1,5% e 1,8% dos lares com larvas do mosquito da dengue.

Os casos mais preocupantes do Estado estão nos municípios de São Félix do Xingu, onde a proporção chega a 10,2% das moradias; Água Azul do Norte, com risco em 6,5%; e Cumaru do Norte, com 6,4%. Na sequência, aparecem Breves (6%), Floresta do Araguaia (6%), Breu Branco (5,2%), Monte Alegre (4,7%), Ourilândia do Norte (4,6%), Altamira (4,4%), Curionópolis (4%) e Sapucaia (4%).

Conforme o LIRAa, a maior parte dos criadouros no Estado do Pará foi encontrada em depósito de lixo (658), seguida de depósitos domiciliares (573) e água (495). Em todo o País, 5.358 municípios, 96,2% da totalidade de cidades, realizaram algum tipo de monitoramento do mosquito transmissor dessas doenças, sendo 5.013 por levantamento de infestação (LIRAa/LIA) e 345 por armadilha. A metodologia armadilha é utilizada quando a infestação do mosquito é muito baixa ou inexistente.

Todas as capitais realizaram um dos monitoramentos de mosquito: 25 realizaram o LIRAa; e duas, armadilhas. Estão com índices satisfatórios os municípios de Curitiba (PR), Teresina (PI), João Pessoa (PB), Florianópolis (SC), São Paulo (SP), Macapá (AP), Maceió (AL), Fortaleza (CE) e Aracaju (SE).

As capitais com índices em estado de alerta são: Manaus (AM), Belo Horizonte (MG) Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), São Luís (MA), Belém (PA), Vitória (ES), Salvador (BA), Porto Velho (RO), Goiânia (GO) e Campo Grande (MS).

Já as capitais Palmas (TO), Boa Vista (RR) Cuiabá (MT) e Rio Branco (AC) estão em risco de surto de dengue, zika e chikungunya por apresentarem IIP igual ou superior a 4%. As capitais Natal (RN) e Porto Alegre (RS) fizeram o levantamento por armadilha. Todas as formas de coleta de dados ocorreram no período de outubro e novembro deste ano.
Doenças sofrem queda no trimestre

Os casos de doenças causadas pelo Aedes aegypti estão em queda no Pará, segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Os dados do primeiro trimestre desse ano apontam que os casos prováveis de dengue caíram 9,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Em números, passaram de 1.552 notificações, em 2018, para 1.404, este ano – uma redução de 148 registros.

A taxa de incidência da doença atual no Pará, que considera a proporção de casos para o número de habitantes, é de 16,5 casos para cada 100 mil habitantes – ante 18,2 dos três primeiros meses de 2018. O Pará não registra óbitos em decorrência da doença há três anos.

Queda semelhante foi nas notificações de febre pelo vírus zika. De acordo com o Ministério, entre janeiro e o dia 31 de março de 2019, haviam sido registrados 87 casos da doença em todo o Estado. O número representa uma redução de 6,5% em relação a 2018, quando 93 casos foram registrados. Com isso, a taxa de incidência da zika passou de 1,1 para cada 100 mil paraenses em 2018, para 1,0 este ano.

Já os casos de febre chikungunya apontam uma redução de 5,2%, ou 111 casos a menos. No geral, caiu de 2.144 casos entre janeiro e março de 2018 para 2.033 em 2019. Em média, são quase seis casos prováveis da doença por dia no Pará – incidência de 23,9 registros a cada grupo de 100 mil.

Em todo o País, o número de casos prováveis de dengue no primeiro trimestre deste ano disparou 303% em comparação ao mesmo período de 2018. Até o dia 30 de março, foram 322.199 casos da doença, com uma incidência de 154,5 casos/100 mil hab. No mesmo período de 2018, foram registrados 79.940 casos prováveis.

A região Sudeste apresentou o maior número de casos prováveis de dengue (213.587 casos; 66,3 %) em relação ao total do país, seguida das regiões Centro-Oeste (56.135 casos; 17,4%), Nordeste (24.167 casos; 7,5%) Norte (17.437 casos, 5,4 %) e Sul (10.873 casos; 3,4%). Já em relação à incidência, as regiões Centro-Oeste e Sudeste apresentam os maiores valores: 349,0 casos/100 mil hab. e 243,5 casos/100 mil hab., respectivamente.

Na incidência entre as unidades da federação, destacam-se Tocantins (687,4 casos/100 mil hab.), Mato Grosso do Sul (518,6 casos/100 mil hab.), Goiás (479,0 casos/100 mil hab.), Acre (467,9 casos/100 mil hab.), Minas Gerais (387,8 casos/100 mil hab.) e Espírito Santo (303,9 casos/100 mil hab.).

Em relação aos óbitos, foram 86 confirmados neste ano, contra 51 no mesmo período do ano passado. Os casos de chikungunya no País, até 30 de março último, chegaram a 17.775, com uma incidência de 8,5 casos/100 mil hab. Em 2018, no mesmo período, foram registrados 29.997 casos – redução de 40%.

Subiu o número de casos de zika, que até 23 de março, teve 2.819 registros no País, com incidência de 0,6 1,4 caso/100 mil hab. Em 2018, no mesmo período, foram registrados 2.797 casos prováveis (0,8%). Em 2019, nenhuma morte por zika foi anotada e foram confirmados dois óbitos por chikungunya, na Bahia e no Rio de Janeiro.

Por :ORM /Thiago Vilarins (da sucursal Brasília)

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