Após apresentar redução nos casos de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, o Amapá enfrenta falta da substância inseticida Malathion, que é usada para combater os focos em regiões de risco. Cerca de 2 mil litros ficaram sem utilidade porque saíram da validade no mês de setembro.
Os lotes foram entregues para a Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) em abril. O veneno é usado por agentes de endemias somente em últimos casos, nos lugares com um alto índice de focos. Ele é aplicado diretamente nas lavas.
O titular do órgão, Dorinaldo Malafaia, diz que o tempo entre a entrega e o vencimento foi muito curto e, por isso, não foi possível utilizar todo o lote. Ele descreve que, quando o material chegou, já havia a previsão de que parte do inseticida seria perdido.
“A quantidade chegou com expectativa de não utilização. Esse é um problema que enfrentamos no estado, pois o inseticida chega próximo ao vencimento e ainda chega fora do período chuvoso, que é quando mais utilizamos o produto”, explica.
O inseticida é enviado pelo Ministério da Saúde. Malafaia afirma que terá uma reunião na segunda-feira (14), em Brasília, com representantes do órgão para fazer ajustes no abastecimento da substância.
Para o superintendente da SVS, a falta do veneno pode representar um aumento no número de casos para 2020.
Combate ao mosquito
De acordo com a SVS, o Amapá apresentou, de janeiro a setembro, uma redução de 78% em casos de dengue, 73% em chikungunya e 67% em zika, em relação a 2018.
Sem o veneno, a SVS detalhou que vai empregar meios alternativos de combate durante o Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa), que acontece a cada dois meses.
O morador do bairro Novo Buritizal, Zona Sul da Macapá, Benedito Pereira, de 70 anos, que já teve dengue, descreve que a sensação de estar com a doença é horrível. Ele conta que os sintomas como dor de cabeça, febre e dores no corpo impossibilitaram ele de fazer qualquer tipo de atividade. Ele falou sobre a importância de cada um fazer a sua parte.
“Tem muito lugar por aí que tá sujo. A gente adoece porque o outro não cuida do próprio terreno”, comenta.
A aposentada Raimunda Lobato, de 98 anos, diz que nunca foi infectada por nenhum vírus do Aedes aegypti, mas reconhece que o mosquito pode fazer uma vítima a qualquer momento, em qualquer lugar, por isso ela toma as precauções devidas.
“Lá em casa a gente usa baldes para armazenar a água, mas todos eles são tampados. Cada um tem que fazer sua parte e a gente tem que se cuidar”, sugere a aposentada.
Morador do bairro Nova Esperança, o pintor Edgar Teles, de 39 anos, já acompanhou de perto as dificuldades de quem é infectado. O filho dele ficou bastante debilitado por causa da dengue em 2018.
“Sem o inseticida, os casos de dengue ou malária podem se agravar, então é muito importante que venham mais para o combate do mosquito. Cada morador tem que fazer sua parte também, limpando os terrenos e evitando água parada”, finaliza.