Cidades da região de Piracicaba (SP) que tiveram epidemia de dengue em 2019 estão sem inseticida pra fazer a ação conhecida como “fumacê”, que combate o mosquito que transmite a doença.
Desde o ano passado, o Ministério da Saúde, que distribui o produto, enfrenta um problema de abastecimento depois que 105 mil litros do inseticida foram recolhidos com problemas de qualidade.
Entre os municípios sem o inseticida estão Piracicaba, que teve 3.920 casos e três mortes em 2019; Limeira (1.003 casos); e Santa Bárbara d’Oeste (3.004 casos e uma morte).
A nebulização é importante para matar o mosquito já na fase adulta. A prefeitura identifica uma área de transmissão baseada nos resultados positivos para a dengue. Isso significa que nesse local, além dos criadouros há circulação do mosquito adulto transmitindo a doença. Aí é delimitada a área que deveria receber o inseticida para interromper ou controlar essa transmissão.
“A gente sempre cuida dos vasos né, sempre com areia para não ficar aquela água parada. As garrafas também, a gente sempre mantém ou para baixo ou tampadas, e as crianças sempre com repelente”, diz a dona de casa Débora Migueloti, de Santa Bárbara d’Oeste.
Na cidade, a prefeitura afirmou que realiza visitas domiciliares para orientação aos moradores, retirada de criadouros, tratamento focal com larvicida em recipientes fixos, palestras à população e aos alunos das redes municipal e estadual de ensino, visitas a locais com grande quantidade de focos de mosquitos, como ferros-velhos, borracharias e recicladores, além de imóveis com grande circulação de pessoas.
“Além disso, a Secretaria de Saúde discute, planeja e implementa ações que demandam atividades integradas de vários setores da administração municipal, como limpeza e desocupação de áreas públicas com descarte irregular de resíduos”, acrescentou.
O que diz o governo federal?
Em nota, o Ministério da Saúde informou que desde maio de 2019 o Brasil está desabastecido do inseticida Malathion devido à uma grande quantidade de produtos vencidos e com problemas de qualidade em razão de alterações químicas em sua formulação.
Por conta deste problema, a Bayer, empresa produtora do adulticida, recolheu 105 mil litros do produto vendido ao Ministério da Saúde por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
“Dos 105 mil litros, já foram repostos pelo laboratório Bayer ao armazém do Ministério da Saúde, 25 mil litros, aptos para uso. Essa primeira remessa aprovada começou a ser distribuída aos estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí e Rio de Janeiro. Esses estados são prioritários para recebimento do produto por apresentarem maior risco de casos, de acordo com os boletins de dengue, zika e chikungunya”, informou.
Está prevista, ainda no mês de janeiro, a distribuição de aproximadamente 80 mil litros do inseticida Malathion. A pasta também adquiriu 300 mil litros de um novo produto adulticida (Cielo) que vai substituir o Malathion. A previsão de entrega deste produto é até fevereiro de 2020.
“É importante reforçar que o uso do adulticida é a última estratégia de enfrentamento ao problema da zika, dengue e chikungunya, visto que, nesta fase, o mosquito já atingiu a fase adulta. A medida mais eficaz é a eliminação de focos de multiplicação do mosquito (água parada), evitando que eles nasçam. Por isso, o envolvimento de todas as esferas do governo e da sociedade é fundamental”, finalizou.