A população de Aedes aegypti é uma preocupação anual para grande parte das cidades e municípios brasileiros. Durante o verão, quando as altas temperaturas e os índices pluviométricos são maiores em lugares de clima tropical e subtropical, as condições se tornam favoráveis para a reprodução do mosquito e para eclosão dos ovos depositados previamente, que podem resistir até 450 dias sem contato direto com a água.
O crescimento populacional do mosquito gera, como consequência, o aumento no número de casos das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti: chikungunya, dengue, febre amarela e zika. Segundo o boletim da Secretaria de Vigilância e Saúde, somente nas três primeiras semanas de 2018, foram registrados 9.399 casos prováveis de dengue no Brasil, 43,3% deles na região Sudeste.
Nascida em Catanduva, no interior do Estado de São Paulo, Luisa Hamra, 19 anos, presenciou no início de 2015 a maior epidemia de dengue da história do município. Naquele ano, foram registrados, até o final de março, mais de 10.000 casos da doença, em uma população de 118 mil habitantes, ou seja, um cidadão infectado para cada 11 moradores. Somente na família de Luisa, mais da metade teve dengue. “Tenho 11 parentes na cidade e sete já foram contaminados. Logo, existia o dobro do risco de contraírem a doença de novo, que é quando ela fica muito mais séria e pode ser até a versão hemorrágica.”
Luisa conta que, diante da situação, decidiu estudar por conta própria a morfologia e o comportamento do Aedes aegypti. Em suas pesquisas, descobriu não só que o mosquito consegue identificar locais com potencial para se tornarem focos de água parada como também que a forma mais utilizada de combate ao mosquito, o fumacê, um veículo com pulverizador de inseticida acoplado, é ineficaz. “O Aedes aegypti é extremamente resistente e tem uma capacidade de mutação genética muito grande. O fumacê só atinge mosquitos que estiverem voando, mas o hábito da espécie é passar a maior parte do tempo parada. Logo, isso [o fumacê] só faz com que eles fiquem mais resistentes e não elimina os criadouros”, explica Luisa. Para piorar, em março de 2015, um dos componentes utilizados no inseticida, Malathion, foi classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como potencial cancerígeno.
Depois de identificar os hábitos e a estrutura morfológica da larva do mosquito, Luisa, que em 2015 tinha 16 anos e cursava o segundo ano do ensino médio, chegou a um método para combater a proliferação do Aedes aegypti. Ao somar os conhecimentos em química adquiridos na escola às suas pesquisas na internet, a estudante desenvolveu no banheiro de sua casa, com equipamentos caseiros e componentes encontrados em produtos de supermercados, um gel adesivo capaz de matar as larvas do Aedes aegypti.