Lucy Figueiredo é Bióloga, Consultora em Gerenciamento Integrado de Pragas. Sócia e Diretora Técnica da Ambiental Consultoria Técnica.
Parte I
A introdução do MIP, oriundo da área agrícola e adaptado à área urbana, inicialmente não foi bem aceito e compreendido como o rumo adequado ao setor de controle de pragas sinantrópicas.
A “rejeição” foi imposta por noções estigmatizadas, que imputavamas pragas como objeto unilateral das ações de controle.
O uso indiscriminado de praguicidas, embora já problemático por dificuldades relacionadas à resistência/tolerância dos animais alvo, além das intoxicações humana e animal e malefícios ao ambiente, ainda era visto como a forma predominante de controle.
A visão ambiental até então era um tanto incipiente e o ambiente não era interpretado como causa fundamental para infestação por pragas na área urbana. Ainda que se tomassem algumas medidas preventivas de cunho ambiental, estas eram tidas como “complementares”.
Ao longo do tempo, notadamente da década de 70 até os dias de hoje, o MIP ganhou entendimento e importância, como estratégia de controle. É reconhecdo como uma forma de controle consciente, controle racional e carrega outros adjetivos similares que atentam para o objetivo básico, ligado ao controle ambiental e cultural.
O ambiente passou, então, a ser o vilão principal pela presença e manutenção de pragas no meio urbano, embora não fosse o único fator relevante. Sendo o ambiente propício, as pragas são atraídas e se reproduzem. Ao contrário, se o ambiente é inóspito, as pragas até poderão adentrar por pontos de invasão, mas a condição de proliferação será dificultada ou abortada.
O controle ambiental passa a ser o caminho mais indicado do MIP, onde os conhecidos 4 A’s devem ser considerados, ou seja, as fontes óbvias de atração e profiferação de pragas devem ser eliminadas, a saber, Água, Alimento, Abrigo e Acesso.
Deve ficar claro que o MIP não elimina o uso de praguicidas, mas considera sua pertinência de acordo com o ambiente e a condição de infestação, caso a caso.
Poderíamos dizer que NADA MUDA, MAS TUDO MUDA. Porque muda a concepção, muda a forma, muda a lógica…
Bom ressaltar que o MIP não é uma técnica, sequer uma metodologia e sim, uma filosofia de controle que requer conscientização de fabricantes de praguicidas, prestadores de serviços e clientes. Por parte dos fabricantes, a evolução com foco em produtos e técnicas menos invasivas e mais direcionadas , portanto, ambientalmente adequadas, é indiscutível. Por parte dos prestadores de serviços, a adesão ao MIP é bastante reconhcida e ampla. Por parte dos clientes, não pode-se dizer que não houve melhora, mas o entendimento precisa ser aprimorado.
Enfatizando, a adoção do MIP não exclui o uso de produtos químicos. Haverá casos em que o uso destes será estratégia inicial e básica, assim como haverá casos em que será complementar às demais ações de caráter ambiental, podendo até mesmo ser dispensado ou postergado, confome a situação apresentada.
Para finalizar este preâmbulo, pois o tema é extenso, não se “enxerga” mais o controle de pragas sinantrópicas com um “olhar” exclusivo ou predominantemente químico.