O gênero Hylesia é composto por insetos que pertencem à família Saturniidae (mariposas) e é constituído por 110 espécies. A distribuição desse gênero é restrita à região Neotropical, a qual se estende desde o México até a Argentina.
As formas larvárias (as lagartas, mais conhecidas como taturanas) possuem em todo o corpo projeções externas de cerdas modificadas, em cujo interior se encerram as glândulas
tricógenas que são responsáveis pela produção de substâncias cáusticas e irritantes. Essas
substâncias são liberadas quando as taturanas são tocadas. Em geral, as lagartas são
encontradas todas juntas (comportamento gregário) sobre troncos de árvores, folhas de
plantas, madeiras e até em paredes.
Uma imagem em alta resolução da larva pode ser acessada em:https://goo.gl/6Xemgj
Os adultos (mariposas) possuem variação no tamanho de 38mm para machos e 52mm para fêmeas. Possuem nas extremidades do abdome muitas cerdas semelhantes à pelos, as quais a fêmea usa para cobrir e proteger os ovos após realizar suas posturas. Essas cerdas quando liberadas no ambiente ao entrar em contato com a pele de pessoas e animais podem causar muitas irritações dérmicas em variados graus, dependendo da resposta imune de cada pessoa e sua extensão da área afetada.
Imagens das mariposas adultas podem ser acessadas a partir desse link:https://goo.gl/8tyTxQ
A dermatite humana causada por Hylesia é considerada um acidente biológico denominado de lepidopterismo, e é bastante comum em diversas regiões do Brasil em certas épocas do ano.
Os acidentes correm principalmente nas regiões rurais onde há matas e agricultura, especialmente quando são desenvolvidas culturas com plantas hospedeiras e que servem de
alimento para as lagartas. No artigo de Spech e colaboradores (2006) foram listadas pelo
menos 34 espécies de plantas hospedeiras para Hylesia nigricans (Disponível em:http://www.scielo.br/pdf/rbzool/v23n1/a18v23n1.pdf). Entretanto, é comum ocorrer
lepidopterismo em cidades visto que algumas plantas utilizadas na arborização e jardinagem
também podem hospedar as lagartas. Já a iluminação pública das ruas ou das residências
constituem-se em fatores importantes para potencializar os acidentes, pois atraem e
desorientam as mariposas adultas. Estas ficam se debatendo e liberam os pelos urticantes.
As dermatites são do tipo urticante papulopruriginosa, ou seja, que causa ardor, que forma
pápulas (botões) e coceira intensa. Por essa razão, são chamadas de mariposas-das- coceiras.
Imagens de lepidopterismos podem ser acessadas em https://goo.gl/yzXadq e em
https://goo.gl/xjWp3P .
Esses sintomas iniciam-se logo nas primeiras horas de contato com o inseto e podem se
estender de 7 a 14 dias dependendo da extensão da lesão e da resposta imune do paciente
acidentado.
O diagnóstico é clínico, feito somente pelo médico. O tratamento é com anti-histamínicos, por via oral, o qual está indicado para o controle do prurido (coceira), além de tratamento tópico com compressas frias, banhos de amido e, eventualmente, cremes à base de corticosteróides.
Prevenção
A instalação de telas em portas, janelas e alpendres dos recintos evita a entrada das
mariposas. Durante as épocas em que estes insetos estão em atividade é importante desligar as luzes dos recintos e evitar sair à noite nas ruas e praças ou até mesmo durante o dia evitar frequentar ambiente onde foi registrada a presença das mariposas.
Em casos em que a mariposa já adentrou o ambiente recomenda-se utilizar um pano úmido
para pegá-las e depois descartar o inseto junto com o pano no lixo.
Roupas, cortinas e toalhas que tiveram contato com as mariposas não devem ser sacudidas e nem lavadas junto com outras para evitar que os pelos sejam espalhados no ambiente.
Não se deve tentar afugentar as mariposas, pois essa ação pode provocar que se espalhem os pelos por todo o ambiente e aumentar assim o risco de contato com os pelos.
Durante a captura é recomendável que a pessoa use uma capa protetora, chapéu e óculos de proteção, por essa razão é importante sempre pedir ajuda a um profissional capacitado.
Procure sempre orientação especializada nestes casos.
Por Fabio Medeiros da Costa