POR LAURA MARQUES
Para especialistas e gestores públicos, os principais fatores que levaram a esse cenário são: questões climáticas, a maior circulação de um tipo da doença que é mais grave, e a falta de cuidado da população para evitar a reprodução do mosquito transmissor.
‘Começou comigo. Eu estava sentindo muita dor no corpo, passando mal. Minha mãe também estava se sentindo mal, só que ela achou que não era dengue. Ela me levou no médico e fez o exames. Nós duas estávamos com dengue. A família quase toda teve dengue’. Esse é o relato da empresária Aline Penido, que mora em Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte. Mas poderia ser de milhares de outros mineiros em 2019.
Em 2016, quando o número recorde foi registrado, foram mais de 500 mil notificações de dengue, com 208 mortes. Em 2019, já são quase 440 mil registros, com 107 mortes, conforme a Secretaria de Saúde de Minas. Ou seja, mais de 80 por cento do surto de 2016 ao longo de apenas seis meses.
Betim é o município mineiro que registra mais mortes pela doença em 2019. O diretor de Vigilância em Saúde da cidade, Nilvan Baeta, aponta que a maioria das vítimas era idosa e já tinha outros problemas de saúde. Ele afirma, ainda, que faltam leitos para atender à enorme demanda de pessoas com sintomas de dengue no município.
‘Nós percebemos aqui na cidade que muitos pacientes que estavam com dengue foram para o pronto-atendimento quando os sintomas estavam mais graves. E nesse sentido, nós precisaríamos de mais leitos de CTI, alta complexidade. E essa regulação quem faz é o Estado’.
O governo de Minas deve R$ 6 milhões em repasses para as prefeituras, segundo a Associação Mineira de Municípios.
Apesar do atraso no envio de recursos, gestores da Secretaria de Saúde de Minas garantem que esse não é o principal fator que levou ao surto em 2019. Segundo o diretor em Vigilância da Secretaria de Estado de Saúde, Dario Brock, os principais fatores não são controláveis.
‘Tem um padrão em Minas Gerais que a cada três anos a gente tem um ano mais severo no número de casos. Tem relação com questões climáticas, com a proteção individual. Cada pessoa que teve dengue fica protegida dos outros sorotipos por dois anos. E com esse crescimento do número de casos, naturalmente a gente vai ter mais óbitos. Mas esse ano a gente teve uma circulação predominante do vírus tipo dois, associado a uma letalidade maior’.
O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, destaca que, apesar de todos os fatores incontornáveis, houve falhas nas medidas de prevenção e combate.
‘Existe uma tendência a esse ciclo. Mas esse ano foi um tanto quanto exagerado. Então, algum tipo de ação, pública ou de cada indivíduo, foi inadequada. A gente vê os nossos vizinhos permitirem situações de altíssimo risco para a reprodução do Aedes aegypti’.
Conforme o governo de Minas, 80 por cento dos focos de dengue ficam dentro das residências. Entre as ações realizadas pelo estado em 2019 para combate e prevenção à dengue estão o repasse emergencial de quase R$ 13 milhões e o envio de equipes de força-tarefa para os municípios em situações mais críticas.
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