Minas registra 421 mil casos de dengue em 2019, segunda maior epidemia da história do Estado

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IRRESPONSABILIDADE – Às margens da rodovia MG-20, no Novo Tupi, latinhas, garrafas PET, pneus, papelão e até um sofá acumulam água parada

Minas está diante da segunda maior epidemia de dengue já registrada no Estado, com mais de 421 mil casos contabilizados até junho. Segundo monitoramento da Secretaria de Estado de Saúde (SES), apenas em 2016 houve mais pessoas infectadas: 519 mil.

O número de mortes já chega a 77 e é maior do que a soma dos óbitos de 2017 e 2018. O índice elevado de notificações fora do período de maior incidência – janeiro a abril – também chama a atenção. Em junho, já são 8.817 doentes. Um dado atípico para o mês que, geralmente, tem redução de casos devido à queda de temperatura. 

Presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano defende que, apesar dos fatores climáticos externos, a grande brecha em relação ao combate à dengue está no “fraco controle” do mosquito transmissor. Ele afirma que a população se habituou a agir “de forma reativa e nunca proativa”. 

“Então, a tendência é que, à medida que o número de notificações comece a cair, as pessoas voltem a baixar a guarda. Isso não pode acontecer”, alerta. 

Para o médico, é impossível definir a causa principal da epidemia e o foco deve ser “no cuidado doméstico para eliminação do Aedes”. Os exemplos de descuido, porém, não são poucos.

Descaso

Às margens da rodovia MG-20, no bairro Novo Tupi, região Norte, um lote próximo à calçada está abarrotado de lixo. Latinhas, garrafas PET, sacolas, pneus, papelão e até aparelhos eletrônicos acumulam sujeira e água parada. Um cenário altamente propício para a proliferação do mosquito.

A cena de descaso já foi mostrada algumas vezes pelo Hoje em Dia. Na manhã de ontem, um idoso deixou dois sacos de lixo no local. Questionado, resumiu: “todo mundo joga entulho aqui”. Lucas Prates / N/A

N/A
SUJEIRA – Em outro ponto da MG-20,cenário propício para a proliferação do Aedes se repete

Uma moradora da região que pediu para não ser identificada, alega que as solicitações para limpar o trecho são “frequentes”.

“Quase toda semana vem um caminhão para retirar o lixo, mas no outro dia o problema volta”, resume. 
Por nota, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que “o recolhimento do material depositado indevidamente na via pública em questão será feito ainda nesta semana”.

Chuvas

Professora de imunologia e parasitologia de enfermagem das Faculdades Promove, Nayara Ingrid de Medeiros destaca que as chuvas fora de época propiciaram a maior reprodução do vetor da dengue em Minas. “Esse ano choveu mais e de forma mais distribuída. Isso favorece a formação de criadouros do vetor. Além disso, os desastres ambientais, principalmente o de Mariana, geraram desequilíbrios que refletem no ambiente urbano”. 

A SES afirma que, em 2019, 332 municípios já foram contemplados com R$ 12 milhões para reforço no combate ao Aedes. E que a circulação do vírus tipo 2 contribui. “Durante a grande epidemia em 2016, o sorotipo que circulou foi o 1, portanto, as pessoas não estão imunes ao sorotipo 2”.


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