A crise sanitária causada pela pandemia voltou a atenção da população para os cuidados preventivos contra a Covid-19. Outra conhecida doença, no entanto, vem apresentando números altos em 2020. Entre 29 de dezembro do ano passado e agosto deste ano, o Ministério da Saúde registrou 924.238 casos prováveis de dengue em todo o país, com taxa de incidência de 439,8 diagnósticos por 100 mil habitantes.
Entre as regiões do Brasil, Centro-Oeste apresentou a maior taxa com 1.159 diagnósticos por 100 mil habitantes, seguida das regiões Sul (929,2 casos/100 mil habitantes); Sudeste (339,1 casos/100 mil habitantes); Nordeste (240,7 casos/100 mil habitantes) e Norte (106,7 casos/100 mil habitantes). No cenário entre os estados, Acre, Bahia, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal tiveram incidências acima da apresentada no país como um todo. Leia Também:
No sul do Brasil, o Paraná também esteve acima da média nacional. O estado teve 227.724 casos confirmados até julho deste ano, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. A chefe da Divisão de Doenças Transmitidas por Vetores da pasta, Emanuelle Pouzato, destaca que a maior parte dos criadouros identificados no estado estava dentro dos domicílios e chama atenção para a importância dos cuidados dentro de casa.
“No período anterior de avaliação, verificamos nos nossos trabalhos que 80% dos criadouros que foram encontrados eram removíveis. São aqueles locais em que, muitas vezes, as pessoas têm pratos, garrafas, tampas, vasos, que possam acumular água. São recipientes que podem ser eliminados do ambiente. Uma vez que conseguimos fazer a eliminação desses materiais, é um criadouro a menos para o mosquito”, diz chefe da Divisão de Doenças Transmitidas por Vetores.
Emanuelle Pouzato também ressalta que o mosquito Aedes Aegypti tem se adaptado a diferentes ambientes para poder sobreviver. “Muitas vezes foram encontradas larvas do mosquito em locais onde não se encontrava, como fossas que não estavam bem vedadas. É importante, neste momento, que a população esteja engajada na eliminação dos criadouros que são passíveis de eliminação”, completa.
Do outro lado do país, no Amapá, o cenário é diferente. Houve redução de 78,9% de casos registrados de dengue em agosto de 2020, na comparação com o mesmo período do ano passado. No entanto, mesmo com o número expressivo de queda nos registros da doença, o superintendente de Vigilância em Saúde do Amapá, Dorinaldo Malafaia, alerta que pode haver subnotificação de casos no estado.
“Nossa avaliação é de que, por um lado pode representar subnotificação de casos em virtude do que foi o reflexo do coronavírus, a partir do momento que teve aplicação do isolamento social, quarentena e lockdown. Isso estabeleceu que tivesse uma procura menor por parte da população às unidades básicas de saúde. E também, pode refletir um diagnóstico diferencial, ou seja, uma dificuldade na identificação entre os sintomas da dengue e da Covid-19”, ressalta.
Malafaia explica ainda que os serviços do poder público de combate à proliferação da dengue foram afetados pela pandemia. “Em virtude do isolamento social e decretos, agentes de endemia não estão indo à campo. Estamos fazendo agora reuniões para retomada dos serviços. Os indicadores epidemiológicos do Amapá estão em queda, o que permite que possamos retomar as atividades de combate ao Aedes”, diz.
Zika e chikungunya
O boletim epidemiológico do Ministério da Saúde também trouxe dados sobre chikungunya. Foram notificados 66.788 casos no país, com taxa de incidência de 31,8 casos por 100 mil habitantes. As regiões Nordeste e Sudeste apresentam o maior número de casos por 100 mil pessoas, com 79,2 casos/100 mil habitantes e 22,0 casos/100 mil habitantes, respectivamente.
Com relação aos dados de Zika, a taxa foi de 2,8 casos por 100 mil habitantes, em um total de 5.959 casos em território nacional. A região Nordeste apresentou a maior incidência (7,3 casos/100 mil habitantes); seguida das regiões Centro-Oeste (3,4 casos/100 mil habitantes); e Norte (2,0 casos/100 mil habitantes).