Casos de aparecimento dos animais peçonhentos aumentaram 25% em São Paulo no primeiro trimestre de 2025; chef de cozinha relata experiência traumática após picada
O bairro de Perdizes, na zona oeste de São Paulo, tem enfrentado um problema crescente que preocupa moradores e autoridades: relatos de infestação de escorpiões em residências e áreas comuns de condomínios. Um dos casos mais recentes e alarmantes ocorreu no início de maio, quando um chef de cozinha foi picado dentro de seu próprio apartamento, resultando em uma experiência que ele descreve como aterrorizante.
Paulo Afonso, chef de cozinha, estava mexendo nas plantas da varanda de seu apartamento quando sentiu uma fisgada. Inicialmente, não deu muita importância ao ocorrido. “Bati a mão, o escorpião caiu no chão, pequeno. Não me atentei em tirar foto, filmar, nada. Doeu bastante na hora. Fui ao banheiro, lavei a mão, tirei o ferrão e achei que seria só uma picada e não ia ocasionar nada”, relatou.
Sintomas graves e atendimento de emergência
O que parecia ser apenas um incidente menor rapidamente evoluiu para uma situação de emergência. Por volta das 7h da noite, aproximadamente três horas após a picada, os sintomas começaram a se agravar drasticamente. “O braço começou a inchar, ele passou a ter muita febre, ânsia de vômito, suor e oscilação da pressão”, conta.
“Cheguei a trocar de quatro a cinco vezes a camisa, de tanto que eu suava. No hospital, perguntaram se eu tinha foto, ou levado o animal, mas a gente fica tão apavorado que nem pensa. Estou à base de antibiótico, fiquei muito mal. Pensei que eu ia morrer. É uma sensação muito ruim”, desabafou o chef.
Afonso relata que não imaginava que o veneno de um animal tão pequeno pudesse ser tão poderoso. “Pensei que não ia dar em nada, não pensei que um bichinho tão pequeno podia me fazer tão mal”, afirmou.
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Não é um caso isolado
Após o susto, o chef fez uma varredura no apartamento e conversou com o síndico do prédio. A dedetização do edifício estava em dia, mas ele descobriu que seu caso não era isolado. “Não sabemos o que está acontecendo. Mas depois que repercutiu, estou vendo várias pessoas com o mesmo relato na redondeza”, conta.
Por conta dos relatos, a página Perdizes Digital publicou um alerta: “Atenção! Vários relatos de presença de escorpiões na Rua Palestra Itália e transversais, em casas e, também, em andares mais altos de condomínios.”
A reportagem também ouviu relatos da presença de escorpiões na Vila Leopoldina e Vila Romana, na zona oeste, Santa Cecília no centro, no Jaraguá, na zona norte.
Outros relatos na região
Daniela Donato, economista e moradora da Vila Romana, relatou que foi alertada por funcionários da Prefeitura sobre a presença de escorpiões na região em dezembro do ano passado. Ela contou que uma vizinha, que costuma deixar o carro parado na rua, chamou técnicos porque tinha encontrado um dos animais no para-brisa do veículo.
“Eles fizeram uma varredura, mas disseram não ter encontrado nada. Mas passaram algumas orientações para deixar os ralos de casa sempre tampados porque os escorpiões menores conseguem passar pelas frestas”, afirmou.
No bairro de Santa Cecília, uma moradora relatou que um escorpião foi localizado no corredor do edifício onde mora. “Uma pessoa encontrou e nos mandou uma foto. No dia seguinte, nós dedetizamos”, disse a moradora, que preferiu não se identificar.

Infográfico: Anatomia, espécies e prevenção contra escorpiões
Aumento de ocorrências em São Paulo
Daianny Marotta, síndica de dois conjuntos habitacionais no Jaraguá, na zona norte, afirma que, no começo deste ano, sofreu com o problema. “Meus condomínios estão sempre com a dedetização em dia, mas, em janeiro, um escorpião entrou em um apartamento do térreo, onde reside um morador cadeirante que, por não ter os movimentos dos braços e das pernas, fica em um colchão no chão”, disse.
“A esposa o coloca ali porque é mais fácil para trocá-lo e dar banho”, explicou a síndica, que não sabe de onde o escorpião veio. “Ele foi encontrado perto na lavanderia. Mas a gente não sabe se chegou janela pela ou pelo ralo.”
Ela diz que já abriu protocolos junto à administração municipal sobre a presença de ratos e escorpiões na região, mas que os pedidos não foram atendidos.
Aumento de chamados
No canal SP156, da Prefeitura de São Paulo, o número de chamados de ocorrências envolvendo escorpiões aumentou do ano passado para este. Nos primeiros quatro meses de 2024, as solicitações para “vistoria de local com escorpiões” foi 576, enquanto no primeiro trimestre de 2025, 723 (aumento de 25%).
Vale ressaltar que os números podem sofrer distorções porque há casos em que os pedidos são realizados de forma dupla (via mensagem de celular ou por telefone) para uma mesma ocorrência.
Ação das autoridades
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), informou que uma equipe da vigilância vai “verificar a situação e tomar as providências necessárias” no local, e afirma que a “Subprefeitura da Lapa executa diariamente serviços de zeladoria para a manutenção da região”.
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Como prevenir acidentes com escorpiões
Especialistas recomendam algumas medidas preventivas para evitar a presença de escorpiões em residências:
- Manter jardins e quintais limpos, evitando o acúmulo de folhas secas, lixo e materiais de construção
- Vedar frestas em portas, janelas e ralos
- Usar telas em ralos do chão, pias e tanques
- Afastar camas e berços das paredes
- Examinar roupas e calçados antes de usá-los
- Manter lixeiras bem fechadas para evitar baratas, que servem de alimento para escorpiões
- Realizar periodicamente inspeções em áreas propensas, como jardins e lavanderia
O que fazer em caso de picada
Em caso de acidente com escorpião, é fundamental buscar atendimento médico imediatamente. Os sintomas podem variar de dor local intensa a manifestações mais graves, como alterações cardiorrespiratórias, especialmente em crianças e idosos.
Não é recomendado aplicar torniquetes, cortar, perfurar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da picada. Também deve-se evitar a aplicação de substâncias como álcool, querosene, ervas, urina ou esterco, pois podem agravar o quadro.
O tratamento adequado inclui o uso de analgésicos para controle da dor e, em casos mais graves, a administração do soro antiescorpiônico, que deve ser feita em ambiente hospitalar.