MP exige licitação para ampliar controle biológico

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O mosquito Aedes aegypti é o responsável por transmitir a dengue, febre chikungunya e vírus da zika (Foto: Pixabay)

Lucas Aleixo – Especial para Tribuna do Vale

O Ministério Público do Estado do Paraná (MP-PR) está exigindo a realização de um processo licitatório por parte da Prefeitura de Jacarezinho para a continuidade do projeto de controle biológico do Aedes aegypti. Mosquito causados da dengue, chikungunya, zika e febre amarela . Como a Forrest Brasil Tecnologia tinha licença para a soltura de machos estéreis apenas até abril, agora existe a necessidade de um novo contrato entre o Município e a empresa para que o projeto tenha continuidade.

O projeto em questão foi desenvolvido experimentalmente por oito meses no bairro do Aeroporto e consistia na soltura de machos estéreis do Aedes aegypti. O balanço foi de um resultado extremamente positivo, com a redução de 90% da infestação do mosquito na área atendida.

Para se ter ideia, o Aeroporto, que em anos anteriores liderava o ranking de casos da dengue no município, em 2019 apresenta apenas três casos confirmados, com a possibilidade das pessoas infectadas terem contraído a doença em outro bairro da cidade. A Vila São Pedro, local de maior infestação atualmente, tem a confirmação de 65 pacientes com dengue.

Desta forma a prefeitura pretendia fazer de imediato a soltura de machos estéreis também na Vila São Pedro, uma vez que a técnica se mostrou eficiente no Aeroporto. Entretanto, como a licença da Forrest para a realização do projeto está se encerrando, o Ministério Público não autorizou a medida de forma imediata e emergencial.

“Até por princípios de transparência, pedimos a prefeitura que seja feita uma licitação para que aconteça tudo da forma correta uma vez que o projeto piloto, que não tinha custos ao poder público, se encerrou”, explica a promotora Maristela Canhoto Carulla.

Segundo o biólogo e gerente operacional da Forrest, Rodrigo de Oliveira, a empresa está buscando todas as licenças legais para que possa dar continuidade ao projeto. “A soltura dos mosquitos estéreis dentro do projeto piloto é válida somente até o final de abril. Agora, para atender o restante da cidade, a gente está conversando com a administração em que, provavelmente, haverá um processo de licitação. Também estamos em contato com o IAP para as renovações de todas as licenças ambientais para caso a gente continue com o projeto aqui na cidade”.

Uma vez devidamente licitado, o controle biológico deverá ser aplicado em todo o município. Enquanto isso o combate ao mosquito segue com bloqueios nas áreas afetadas e a aplicação de veneno com a bomba costal. Já o fumacê segue em falta no Paraná e só deve chegar a Jacarezinho nos próximos dias.

O secretário de Saúde de Jacarezinho, Marcelo Nascimento e Silva, afirma categoricamente que a soltura imediata dos machos estéreis seria a melhor forma de combater a dengue, mas que a prefeitura irá acatar as recomendações do MP. “A técnica já se mostrou muito eficiente e nós gostaríamos de fazer a soltura de mais machos estéreis imediatamente, o que certamente teria resultados muito positivos como ocorreu no Aeroporto, mas vamos fazer tudo dentro da lei conforme as orientações do Ministério Público e seguir com o combate ao mosquito”.

PROJETO PIONEIRO

O projeto desenvolvido pela Forrest é pioneiro em nível mundial no que diz respeito ao controle biológico do Aedes aegypti. Nestes oito meses de atuação, a empresa soltou 12 milhões de machos estéreis no bairro Aeroporto.

Como a fêmea só copula uma única vez durante a vida, se a cópula acontecer com um macho estéril não haverá o surgimento de novos mosquitos. Já em uma reprodução sem intervenção uma fêmea pode gerar até dois mil descendentes.

O projeto foi encerrado semana passada e apresentou resultados promissores na redução da infestação do mosquito. Enquanto isso o município corre o risco de uma nova epidemia de dengue. Até o último número divulgado pela secretaria municipal de Saúde, haviam 112 casos confirmados e outros 201 sob suspeita.

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