A rede de esgoto pode ser o grande habitat e o foco maior dos escorpiões que tomaram conta de Campo Grande nas últimas semanas. O número de acidentes com escorpiões tem se tornando caso de saúde publica em todo o MS. No ano passado só no primeiro semestre, quase 500 pessoas procuraram atendimento nas unidades de saúde depois de terem sido picadas por esses animais.
A maior preocupação é o número significativo de atendimentos feitos nos últimos quatro meses. Para falar sobre o assunto esteve nesta quarta-feira (29) em entrevista no programa Giro Estadual de Notícias, o médico veterinário e especialista em saúde coletiva João Vieira.
Ele atua há mais de 20 anos no controle de vetores, e pragas urbanas e orientou a população para os principais cuidados que devem ser tomados para evitar a proliferação dessas pragas nas residências.
Ele destaca que a infestação de escorpiões é motivo de questionamentos e pesquisa. “Alguns anos, durante minha pós em saúde coletiva, naquela ocasião já se falava sobre a infestação de escorpião. Isso há mais de 20 anos. Então só vem aumentando e vai crescer ainda mais se as autoridades públicas não tomarem uma medida direta de combate ao foco”, frisou.
O veterinário alega com base em sua experiência no setor, que tudo indica pelas próprias medidas preventivas, que a proliferação de escorpiões está na rede de esgoto. “Você estabelece como medida a desinsetização que é para eliminar a fonte de atração dos escorpiões que são as baratas. Desinsetiza sua casa elimina as baratas e diminui os motivos para ele entrar porque seria a busca por alimento. Daí você manda fechar os ralos, colocar tela, cuidar para que não venha das bocas de lobo. Ou então o perigo está ai no esgoto, Então cabe ao poder público e as instituições de pesquisa fazer e definir claramente se é da rede de esgoto que está vindo. De onde está ocorrendo esta proliferação de escorpiões”, alertou.
Vieira lembra ainda que cidades maiores fizeram tratamento na rede de esgoto e tiveram bons resultados. “Não tem a pesquisa publicamente, mas na prática do dia a dia vemos que isso é o que acontece. Temos inclusive clientes de condomínio que nos contratam na empresa. A gente faz o tratamento na rede de esgoto, eliminamos barata e escorpiões que estão lá dentro com este tratamento”, explicou.
Ele lembra que antigamente os escorpiões tinham predadores naturais como pássaros e galinhas nos quintais das casas. Isso fazia o equilíbrio natural. “Atualmente com tudo pavimentado, quintal, ruas eles se escondem nos esgotos. Sabemos também eles aparecem em restos de lixo, mas a maior parte está vindo da rede de esgoto. Já atendemos caso de escorpião no 29º andar de prédios. Ou seja ele sobe pelo esgoto”, acrescentou.
O alerta do veterinário é para que as autoridades públicas façam uma boa pesquisa para identificar de onde vem a infestação. “Além das casas da periferia que possam ter materiais de construção, entulhos coisas do tipo, mas mesmo nestas casas tivemos uma expansão necessária da rede de esgoto. Todo mundo sabe disso. Campo Grande é uma cidade com alta cobertura de rede de esgoto o que é necessário para a questão do esgotamento sanitário. Em contrapartida ocorreu esta proliferação maior ainda. Obviamente você tem baratas e atrás delas vem os escorpiões”, frisou.
O veterinário ainda falou da importância da presença dos agentes sanitários nas casa para evitar o aparecimento também das larvas de mosquito.