Com o objetivo de nivelar conhecimentos sobre a doença de Chagas, o Departamento de Vigilância Sanitária, por meio da Divisão de Controle da Qualidade dos Alimentos, da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), realizou nesta sexta-feira (15), na Casa do Açaí, da Prefeitura de Belém, a palestra “Doença de Chagas Aguda, um desafio”. Os palestrantes foram a cardiologista Dilma Souza, responsável pelo Ambulatório de Doença de Chagas do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), e a farmacêutica bioquímica Elenild Góes, da Sespa.
“A nossa finalidade hoje foi explicar, através do resultado da minha tese de doutorado, da Escola Paulista de Medicina, as ações relacionadas à doença de Chagas no Estado. Através da Vigilância Sanitária são desenvolvidas diversas ações no combate à doença, uma delas é a capacitação realizada pelo Município e o Estado, tanto para batedores quanto para a população, informando quais os cuidados que devem ser tomados e como os alimentos podem ser higienizados com segurança, com o foco principal no açaí”, disse Elenild Góes.
De junho a novembro é registrada a maior demanda na safra do açaí, e também é a época de maior incidência de casos da doença no Estado. “A minha palestra abordou os aspectos clínicos da miocardite aguda na doença de Chagas. Também falamos sobre os acometimentos cardíacos na fase inicial da doença. O coração é o principal órgão afetado pela doença”, explicou Dilma Souza.
“Nós trabalhamos na prevenção de doenças transmitidas por alimentos e achamos importante trazer a questão da doença de Chagas para os envolvidos nesse trabalho de qualidade do alimento”, acrescentou Dorilea Pantoja, técnica da Divisão de Controle da Qualidade dos Alimentos e integrante do Grupo de Trabalho do Programa Estadual de Qualidade do Açaí.
Batedores – A Casa do Açaí tem a função de informar e capacitar os batedores do produto. No local, a população também pode denunciar irregularidades em pontos que vendem açaí de forma duvidosa. A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), junto com a Vigilância Sanitária e outros órgãos competentes, fiscalizam todos os pontos denunciados pela população.
Também estiveram presentes representantes da Vigilância Sanitária e Epidemiológica, e da Associação dos Vendedores Artesanais de Açaí de Belém (Avabel).
Até outubro deste ano foram confirmados no Estado 38 casos de doença de Chagas, sem óbito. Em 2016 foram confirmados 311 casos da doença no Pará. Destes, 95% foram de transmissão por ingestão de alimentos. Ao longo de 2015 foram registrados 235 casos, com três óbitos, sendo uma de paciente oriundo de Belém e outros dois do município de Cametá. Em 2014 foram 137 casos e, em 2013, 133 confirmados.
Segundo o Programa de Controle de Doença de Chagas, o critério de confirmação aponta que 65% dos casos registrados este ano foram identificados no período inicial da doença – o que retardou o agravamento dos sintomas e permitiu a correção mais imediata das possíveis sequelas, como as cardiopatias.
Selo “Açaí Bom” – Para obter o selo é necessário que o batedor faça adaptações em seu estabelecimento e participe de formações oferecidas gratuitamente pela Vigilância Sanitária, como boas práticas de manipulação, higiene e branqueamento do produto.
Os interessados devem procurar a Casa do Açaí, localizada na Travessa do Chaco, entre Duque e Visconde de Inhaúma, das 8 às 17 h. No local também funciona o escritório da Associação dos Batedores Artesanais de Açaí de Belém.
Serviço: A população também pode fazer denúncias à Divisão de Vigilância Sanitária de Alimentos do município, pelo fone (91) 3344-1754.
Por Carla Fischer