A ocorrência de casos neurológicos graves em crianças na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte (RN), deixou o município em alerta. Até agora dez meninos e meninas com idades entre 1 e 10 anos foram notificados com um quadro de encefalite(inflamação cerebral) a esclarecer. Desses, quatro morreram após darem entrada em hospitais da cidade. A maior parte das ocorrências foi registrada em um curto espaço de tempo. Oito dos casos suspeitos aconteceram em menos de 30 dias.
As secretarias estadual e municipal de saúde potiguar já abriram uma investigação epidemiológica sobre o caso. Amostras biológicas dos que sobreviveram e dos que foram a óbito já foram coletadas para análise laboratorial. Além das arboviroses(dengue, zika e chikungunya), que podem provocar danos cerebrais em casos mais graves, estão sendo feitos testes também para o vírus da febre do Nilo, enfermidade comum em países asiáticos, diagnosticada no Brasil pela primeira vez em 2014, no Piauí. Não é descartada também que uma doença desconhecida estaria implicada nos casos.
Pernambuco já faz o monitoramento de doenças neuroinvasivas (que acometem o sistema nervoso central, incluindo o cérebro) e entre 2016 e 2017 foram notificados 172 casos suspeitos, com sete confirmações e 64 prováveis. No mesmo período, 28 mortes foram notificadas por relação com arbovírus.
A gestora de Vigilância Epidemiológica de Natal, Aline Bezerra, contou que a prefeitura esta atuando em conjunto com uma equipe de infectologistas para descobrir o que tem provocado o adoecimento das crianças. “O primeiro caso foi agora em junho, mas a gente esta fazendo uma busca retroativa. Este primeiro doente chamou atenção porque tinha várias suspeitas médicas e todas de notificação imediata e compulsória, entre elas meningite. Algumas já foram negativadas e outras ainda estão em investigação”, explicou.
Aline Bezerra destacou que a encefalite provocada por vírus não é uma doença nova e que várias doenças virais podem causar a inflamação. Mas um fato que vem chamando atenção é que os pacientes não têm qualquer vinculo de proximidade. “Eles não moram no mesmo bairro, não frequentam a mesma rua ou escola, por isso, estamos preocupados. Podemos estar diante de alguma doença nova. Mas o que mais nos preocupa é se estamos diante de algo que já existe e que está se apresentando de maneira diferenciada”, afirmou. Outro fato relevante na investigação é que nenhuma das famílias notificadas viajou para fora do Rio Grande do Norte nos últimos seis meses. A corrida para se chegar a um consenso é o desafio, seja para evitar “achismos”, como os que já vêm circulando nas redes sociais, seja para evitar o pânico entre os pais.