Em uma caixa cheia de mosquitos, o professor Francisco de Assis Marques coloca a mão e nenhum deles se aproxima. Isso porque a mão dele está com o repelente estudado.
O teste foi feito com mosquitos estéreis, criados em laboratório e que não estão contaminados. O produto é eficaz contra o Aedes aegypti, o mosquito que transmite a dengue e a zika, e também contra o culex, o mosquito comum.
Segundo os pesquisadores, a novidade é que esse repelente tem uma base diferente dos produtos disponíveis atualmente no mercado.
Como funciona?
A fêmea do mosquito da dengue consegue perceber o gás carbônico e o ácido lático liberados pelo corpo humano. É assim que ela procura uma pessoa para picar e se alimentar do sangue.
Esse novo repelente possui um derivado do ácido lático para bloquear os receptores do mosquito.
“Quando você passa o repelente na pele, ele vai vaporizar, vai evaporar, o mosquito quando tenta chegar perto de você, o repelente entra em contato com os receptores do mosquito. Ele pode até chegar perto, mas não vai se aproximar mais porque faltou pista química, não vai se alimentar de você”, explicou Marques.
A pesquisa começou há três anos e teve financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Nos testes feitos em laboratório, o repelente apontou uma eficácia de até 10 horas. Ele pode ser formulado com solvente para ser aplicado como spray ou com hidratantes, como um creme.
Conforme os pesquisadores, o novo repelente pode ser produzido a um custo menor do que os já existentes.
“Ele vai ser um repelente de alta eficiência, de baixa toxidade, a partir de de um produto natural, biodegradável e produzido através de um processo que minimizam os impactos ambientais, por isso talvez seja considerado o repelente mais verde do mercado”, relatou o professor.
Futuro do produto
Toda a pesquisa foi realizada dentro de um laboratório do centro politécnico da UFPR. Os pesquisadores fizeram o pedido de registro de patente no Brasil e estão encaminhando o pedido internacional.
A equipe também espera o investimento de alguma empresa pública ou privada para a produção e comercialização do novo repelente.
“Essa pesquisa tem muito potencial, é uma grande oportunidade para as indústrias. Existe, sim, uma necessidade de investimento, mas a indústria que conseguir transformar esse estudo, essa tecnologia, em produto, vai obter um grande diferencial competitivo”, disse Alexandre de Moraes, coordenador de Gestão Tecnológica da Agência de Inovação da UFPR.