Pombos representam ameaça para a saúde

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01:00 · 12.06.2018
A Columba livia, popularmente conhecida como Pombo, é uma ave comum que, encontrando condições propícias de moradia, alimentação e água, se aglomera e prolifera facilmente. É o que vem acontecendo, da mesma forma que em algumas cidades europeias, em Fortaleza, onde os pombos se adaptaram e, hoje, são pragas que representam graves ameaças.

A Célula de Vigilância Ambiental e Riscos Biológicos da Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza (SMS) recebeu, somente até esta segunda-feira (11), 22 solicitações de intervenção em lugares com muita presença destes animais. O gerente da célula, Atualpa Soares, destaca que o índice extraoficial impressiona, por exemplo: o Centro da Cidade só registrou uma reclamação.

As aves estão, sobretudo, em praças ou prédios localizados no centro de grandes cidades, tendo se acostumado ao acesso que foi facilitado principalmente pelos próprios seres humanos. “As pessoas desenvolveram o péssimo hábito de achar os pombos bonitos. Aí vão lá e alimentam eles, não raramente compram milho ou jogam resto de pão ou biscoito e criam um ciclo”, destaca Atualpa Soares.

Sua reprodução também é comum em torre de casas, áreas de construção e igrejas. Praças que contenham chafariz matam as sedes das aves, e restos de comida encontrados em lixos próximos a restaurantes também são alvo. Os pombos podem causar 64 tipos de zoonoses. As doenças causadas pelas aves incluem Criptococose (micose profunda), Histoplasmose (infecção no sistema respiratório) e Salmonelose (digestivo).

“A Criptococose é causada por um fungo e encontrada nas fezes dos pombos, e é uma doença que pode ser bem grave. Ela se manifesta como uma pneumonia grave, causando tosse, febre e falta de ar. Em pessoas com deficiência de imunidade, pode causar uma doença disseminada, com sangramento e queda de pressão, podendo levar a óbito”, explica o infectologista Roberto da Justa, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Controle

Segundo Soares, a SMS realiza ações de conscientização, porém de maneira eventual, visto que outros assuntos como no caso das arboviroses neste primeiro período do ano de 2018, se tornam mais urgentes. “Esse trabalho existe mas fica aquém do desejado. Vamos em alguns locais e falamos sobre os riscos de infecções que esse animal pode trazer. A gente também orienta quando são as pessoas que nos pedem ajuda. Mas, infelizmente, nós não temos como fazer um controle, e sim apenas um manejo da praga”, explica.

O controle não pode ser desenvolvido pois o pombo é considerada um pássaro comum da fauna e, como tal, protegida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Se a célula chegar a capturar a ave ou mesmo controlar seu nascimento, pode ser vítima de multa ambiental. A conscientização deve, então, partir da própria população, limitando a aproximação do pombo.

“Nos locais em que os pombos causarem prejuízos econômicos ou dano para a saúde humana, o órgão municipal, estadual ou federal competente deverá emitir um laudo que comprove esse fato. Nesses casos, o Ibama realizaria a captura dos animais ou, se necessário, o abate. Mas deve ter a comprovação com os laudos”, destaca José Alencar, responsável pelo Núcleo de Biodiversidade e Florestas do Ibama.

Em Fortaleza, os locais em que mais há aglomeração de pombos são o Centro da Cidade, sobretudo em suas praças, os bairros Meireles e Aldeota e proximidades de condomínios residenciais da Regional IV. A SMS recebe denúncias acerca do problema diariamente, e o número permanece estável durante todos os períodos do ano.

O afastamento dos pombos dos locais próximos a pessoas não ocorre da noite para o dia, como frisa Atualpa. “Eles podem desalojar, pois o pombo não é urbano, ele apenas se apropriou porque deram condições”, completa o gerente da SMS.

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