Por que combater esta praga?
Por que os pombos (Columba livia domestica) são considerados PRAGA? Quais os perigos que eles representam para a Saúde Pública? Além de vetores de, até hoje descritas, 70 doenças, os pombos urbanos são animais sinantrópicos que causam danos materiais através da excreção de suas fezes no ambiente. Seus ninhos abrigam parasitas, como piolhos, que também infestam o ambiente e atingem as pessoas que ali frequentam.Um grande DESAFIO
para o Controlador de Pragas é estar preparado para reconhecer o grau de infestação e sua dificuldade de controle e escolher o produto mais adequado para cada situação, com menor custo e menor risco:saber fazer um Controle Inteligente.
Figura 1- pombo em residência na região
da Av.Paulista – SP (fonte: ABC Expurgo)
Do ponto de vista do cliente, o Controle de Pombos deve ser encarado como um INVESTIMENTO, pois ao repelir esta praga da sua empresa, ele reduz a suscetibilidade de contaminação ambiental, elimina a possibilidade de contaminação de funcionários e de todos os que frequentam diariamente sua empresa. Diminui as despesas de manutenção predial anual, através dos inúmeros reparos
que são necessários quando há uma infestação, como limpeza, raspagens, remoção de telhas para limpeza das lajes. Mantém o patrimônio bem conservado e livre das pragas, além
de valorizar o imóvel. Trabalhar diariamente numa empresa onde há infestação de pombos e de piolhos causa mal-estar entre os funcionários, fornecedores e clientes. Portanto, controlar estas pragas traz benefícios a médio/longo prazo em termos de investimentos e segurança.
Danos causados ao patrimônio e à Saúde Pública
Os excretas dos pombos possuem cristais de ácido úrico capazes de corroer irreparavelmente pinturas de carros, concreto e outras superfícies com as quais mantiver
contato. Mas além do ácido úrico, os excretas são um ótimo substrato para fungos e bactérias. O fungo Aspergillus sp pode acelerar o processo de deterioração de mármores
e pedras-lima, através da ação mecânica de suas hifas, que se espalham sobre a superfície do mármore onde se fixam. Quando depositados no chão, além da aparência ruim e odor
desagradável, os excretas podem deixar pisos e escadas escorregadias e acidentes poderão ocorrer. Em uma área industrial fica muito claro perceber o dano causado às matérias-primas ou produtos acabados contaminados por estas fezes. Trabalhar num local onde há este
tipo de infestação torna o ambiente insalubre e as pessoas que ali frequentam ficam vulneráveis à contaminação tanto via inalatória (poeira contaminada por fezes) ou mesmo
por absorção da pele (encostar a mão nas fezes). As doenças associadas a esta
ave já ocupam a casa de número 70, bem acima da quantidade descrita associada aos ratos urbanos, que são 35. Além das doenças comumente mencionadas, mas não menos importantes, que são a Criptococose (causado por fungo Criptococcus neoformans), Salmonelose (causado pela bactéria Salmonella sp), Histoplasmose (causada pelo fungo Histoplasma capsulatum), identifiquei em 2004, através de análises dos excretas no Laboratório de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública USP, mais 13
agentes infecciosos, parasitas, tanto protozoários quanto helmintos. A dose de infecção dos helmintos é de apenas um ovo, aumentando o risco de infecção enquanto a dose
de infecção dos cistos dependerá do tipo do protozoário. A Giardia sp e a Entamoeba sp podem causar infecção com apenas dez cistos.
Como escolher o melhor método e o produto mais eficientes?
Não podemos nos esquecer de que os pombos urbanos também são seres vivos epossuem comportamentos que podem ser diferentes ante cada alteração ambiental. Quanto maior a aproximação do controlador de pragas perante a situação de infestação, maior será a quantidade de informação obtida e mais fácil e certeira será a escolha da técnica e produtos mais adequados. Então, OBSERVE DE PERTO. Vá ao local mais de uma vez, em dias
diferentes. Muitos comportamentos observados em dias de semana podem ser completamente diferentes aos sábados e domingos, por exemplo. Portanto, se o controlador de pragas for observar o local apenas num dia e horário, ele correrá o risco de não fazer uma avaliação correta da situação-problema e talvez tomar ações apenas paliativas, ao invés de ir direto à solução.
A- Identificar o local de nidificação e alimentação
Em 1997 realizei um trabalho de campo sobre a adaptação destas aves às estruturas de construção na região urbana de São Paulo. Foi uma experiência inédita para mim, aprendi muito sobre estas aves o que não se aprende nos livros. Foram muitas madrugadas em que chegava ao local antes do amanhecer e muitas vezes o bando ainda dormia. Para minha surpresa, cada local apresentava um comportamento diferente. Para facilitar o entendimento, os locais mencionados serão nomeados da seguinte maneira: Local “A” (praça da Prefeitura), local “B” residência (telhado), local “C” – lanchonete (famosa). Estes locais foram escolhidos porque traduzem alguns dos exemplos de locais que normalmente encontramos no nosso dia-a-dia. Nem sempre os pombos elegem o mesmo local para nidificar e para se alimentar: os pombos têm o hábito de se alimentar pela manhã e no final do dia, em pares ou pequenos grupos. Observe-os nestes horários. Ao identificar que os bandos nidificam no mesmo local onde permanecem durante todo o dia, é possível interferir no ambiente utilizando as barreiras físicas e atingir diretamente o problema. O bando migra definitivamente do local tratado para outro local. Esta técnica foi utilizada no local “A” e o resultado foi 100% eficaz. O produto utilizado neste caso foi o gel, aplicado diretamente no
ponto de nidificação, caracterizado por duas grandes placas dispostas paralelamente, no sentido vertical. A prática condiz com a teoria de que localizar os pontos de nidificação
reduz a população de 50% a 80%. Já no local “B”, a área era ocupada durante todo o dia, e evidenciava uma intensa oferta de alimento. Ao entardecer, o bando migrava para outro local, numa distância num raio de 1 km, deixando apenas um casal sobre o telhado, para “guardar” o ponto. Neste caso, utilizar barreiras físicas contra nidificação teria um resultado poucoeficaz, pois não se trata do foco do problema: O alimento é o foco. O controlador de pragas deve buscaridentificar a fonte do alimento e tomar as ações com este enfoque.
Palestras e campanhas educacionais podem ajudar, mas nada substitui a famosa MULTA por alimentar os bichinhos.Insistir na limpeza constante também traz resultados positivos, mesmo que algumas pessoas ofereçam alimentos com frequência. Neste local “B” ficou muito evidente a solução da infestação. Quem fornece alimento é o dono de um bar na esquina da rua. Aos domingos o bar fica fechado e é justamente o dia em que a presença
destas pragas é zero. Se o alimento for reduzido, naturalmente o bando pode migrar para outros locais onde há maior oferta de alimento.Quando mais de um tipo de alimento é
oferecido, o bando restringe-se a se alimentar daquele mais abundante.
Figura 2- Aplicação de gel em estruturas
de barras verticais (fonte: ABC Expurgo)
ONDE HÁ MAIS OFERTA É PARA ONDE ELES VÃO.
B – Capacidade cognitiva Aristóteles define a cognição como a capacidade de armazenar conhecimento, transformá-lo e resgatá-lo sempre que preciso. A capacidade cognitiva dos pombos tem sido observada e já são considerados capazes de entender regras numéricas abstratas e contar até três e continuar contando, como descoberto em 2011, pela cientista
neozelandesa Elizabeth Brannon. Os pombos também têm a capacidade de reconhecer a si próprios na frente do espelho, capacidade esta atribuída apenas a primatas. Distinguem elementos geométricos, são capazes de reconhecer pessoas pela parte traseira da cabeça, mãos, pés e outras partes da anatomia humana. Também são capazes de reconhecer pessoas disfarçadas, usando roupas diferentes e até mesmo pessoas em fotografias. Este
comportamento foi constatado em campo. Os pombos reconheciam imediatamente as pessoas que os alimentavam. Em alguns casos a pessoa somente aparecia na rua e eles já se aproximavam, mesmo ela estando sem alimento nas mãos. Os pombos conquistam as
pessoas com seu jeito dócil e amistoso de ser. O simbolismo que remete à Paz, harmonia e a crenças religiosas facilitam a aproximação desta ave ao homem. Não causam tanto asco como causaria a presença de um rato, por exemplo. O local “C”, lanchonete Fast Food famosa, frequentado principalmente por alunos, possui varanda aberta e as mesas ficam bem expostas. A tolerância à presença dos pombos permite que fiquem sobre as mesas, em busca das batatas fritas. A audácia deles chega ao ponto de entrarem no supermercado em busca dos grãos que caem das gôndolas. Parece até que estão “fazendo compras”. O Hospital de Aves em Nova Deli – India conta uma história interessante sobre um pombo que foi resgatado com a pata quebrada e foi tratado. Após receber alta, como de costume, os tratadores do hospital vão até o terraço do hospital e soltam a ave. Após cerca de um ano, o mesmo pombo, desta vez machucado na asa, apareceu no telhado do mesmo hospital, aparentemente para receber tratamento. C – Observe o tamanho do bando e há quanto tempo está no local Bandos considerados mais velhos (de 50 a 250 indivíduos ou mais) costumam ter comportamento muito mais resistente do que bandos mais jovens (de 45 a 50). Num dos serviços de controle de pombos que prestamos no estado do Rio de Janeiro, o bando era bem antigo (mais de 25 anos) e foi escolhida como alternativa de barreira física
a espícula. A espícula instalada é de inox, inclusive na base, muito resistente às intempéries e, pelo visto, aos pombos. Após a instalação das espículas eles continuaram a (tentar) pousar nos beirais, durante horas. O resultado foram alguns pombos machucados e bastante sangue nas paredes em decorrência dos pousos forçados. Somente após alguns dias é que o bando elegeu outro local para pouso e nidificação. D- Como escolher o método mais adequado? Inicialmente o controlador de pragas precisa identificar a espécie de ave que quer controlar. São SOMENTE os pombos que estão infestando ou também existem no local outras aves, de portes diferentes? Existem diversos fatores que devem ser levados em consideração no momento de escolha do produto e método para o controle dos pombos. Determinar a espécie a ser combatida , suas características biológicas e comportamentais e a localização de pouso e nidificações. Os pombos são considerados aves de porte maior. Abaixo a lista de produtos mais adequados para seu controle indicados por fabricantes de vários países. ESPÍCULAS – Esta ferramenta é muito eficaz, principalmente para bandos mais maduros (acima de 60 indivíduos e instalados há mais de 10 anos). As mais resistentes são as de inox, inclusive na sua base, pois não enferrujam, nem se descolam. As de base plástica embora eficientes podem ressecar e quebrar com o tempo, além de se descolarem da
superfície. São indicadas para locais bem elevados, de difícil acesso, pois requerem baixa manutenção e resistem durante anos.
TELA ANTI-POMBOS –A tela PROFISSIONAL anti-pombos é mais fina emais resistente ao ressecamento já que é feita de polipropileno. Não permite a passagem de aves de portes menores, como pardais e andorinhas. Quando instalada permite uma aparência de quase
transparência. Por isto é uma solução perfeita para proteger monumentos históricos, fachadas de museus, patrimônios tombados, e quaisquer estruturas onde a aparência não
pode ser comprometida. Esta tela não é adequada para ser item de segurança anti quedas.
FIOS DE NYLON – Considerada uma boa solução para peitoris de janelas de apartamentos comerciais ou residenciais, mesmo não sendo uma novidade no mercado. O fácil acesso permite manutenção constante dos fios e molas instalados e que podem ficar menos firmes com o tempo, ou até mesmo ressecar.
Figura 3 – pombos entre as gôndolas (Fonte: Internet)
Figura 4-Hospital de Aves em Nova Deli-India (Fonte: Internet)
Figura 4 – espículas instaladas e parede
com sangue dos pombos (fonte: ABC Expurgo)
Figura 4 – espículas instaladas e parede
com sangue dos pombos (fonte: ABC Expurgo)
GEL REPELENTE – É recomendado para situações de controle de bandos mais jovens e em pontos cujo acesso seja relativamente fácil, pois requer manutenção periódica de aplicação. Pode durar até um ano, dependendo da ação das intempéries. Não é recomendado para combater bandos antigos. Eles são muito resistentes às mudanças e o gel não os afugentará. Os bandos antigos tendem a ficar mais elevados, o que dificulta a manutenção/
reaplicaçao do gel. Mais uma vez é preciso tomar ciência do tipo de praga ave que está sob alvo de controle. Caso existam animais de menor porte, como pardais, o gel NÃO
É RECOMENDADO, pois estas aves menores grudarão no gel e lá ficarão até morrer.
SPIDER – É um produto interessante para repelir pombos em áreas superiores e extensas, como telhados. As “pernas” impedem o pouso dos pombos e ao balançarem, também
fazem o papel de afugentá-los. BALÕES HOLOGRÁFICOS – Uma solução mais simples e rápida, ideal para bandos jovens. Os olhos holográficos confundem os pombos dando a impressão que estão sendo observados. É uma ferramenta eficiente em áreas industriais,
galpões fechados de pé direito a partir de 5 metros de altura. Estão disponíveis no mercado nas cores AMARELA e PRETA.
ABATE – A Bióloga Maryana Baioco da Empresa Kaf ka realiza desde 2008 um trabalho de retirada de ninhos e abate dos pombos no Porto de Vitória (ES) – CODESA. É uma região de infestação intensa e com bandos antigos. A técnica é feita com a orientação de veterinários,
por conta do uso do CO2 e obteve autorização para operação após o óbito por Criptococose de um dos trabalhadores do porto. A empresa que presta os serviços semanais de exclusão de ninhos e aves adultas faz uma contagem rigorosa periodicamente e constatou que a população diminuiu. No entanto, a oferta do alimento continua a ser intensa apesar dos esforços constantes com a limpeza e remoção dos grãos. Como dito anteriormente, onde há maior abundância de determinado tipo de alimento será onde as aves permanecerão a se alimentar. O abate tem sido levado em consideração em alguns casos extremos, onde todas as alternativas já tenham sido usadas e não deram resultado satisfatório. A luta constante contra as aves da espécie Zenaida auriculata que infestam Londrina , PR existehá mais de 5 anos e as Entidades Públicas têm feito diversas tentativas
de repelência destas aves. Aparelhos de ultrassom, aplicação de Gel, sons agudos, imagens de gaviões e por enquanto nada se tornou eficaz para afastar esta praga, estimada em
400 mil aves segundo informações na imprensa.Está prevista multa de até R$ 1.000,00 por alimentar os animais. A mais recente tentativa, que ainda está em teste, é a de instalar
um equipamento eletromagnético, que confunde o senso de direção destas aves, ocasionando assim seu afastamento. Enquanto não adotam o método mais eficaz, será feita a troca da terra da praça pois o mau cheiro oriundo da deposição dos excretas é muito forte e a população continua preocupada com o risco de infecção. Segurança e custos Prestar um serviço de controle de pombos requer quesitos de segurança importantes. Ao inspecionar
o local da infestação, o controlador precisa observar o risco associado à execução do serviço. Trabalhar em altura já passa a ser um risco para o trabalhador a partir
de 01 metro de altura do chão. O controlador deve perguntar ao responsável pela Segurança do Trabalho no estabelecimento do cliente onde estão os pontos de ancoragem para poder se apoiar durante a execução. Equipamentos de segurança como cintotipo paraquedista
de duplo talabarte, capacete, luva, máscaras anti pó, cabo de segurança vertical com trava-queda e escadas devem sempre estar em bom estado de uso e devem fazer parte
da elaboração do custo do serviço caso surja necessidade de investir em mais equipamentos, para que o PESTSYS controlador trabalhe em segurança o tempo todo.
Figura 6 – Instalação de Tela Anti Pombos
(Fonte: ABC Expurgo)
(Fonte: ABC Expurgo)
Figura 5 – Espiculas instaladas em local
de difícil acesso (fonte: ABC Expurgo)
Figura 5 – Espiculas instaladas em local
de difícil acesso (fonte: ABC Expurgo)
Figura 7-Processo de captura e abate de
pombos no Porto de Vitória – CODESA –
ES. Foto cedida pela empresa Kaf ka Controle
de Pragas
Figura 7-Processo de captura e abate de
pombos no Porto de Vitória – CODESA –
ES. Foto cedida pela empresa Kaf ka Controle
de Pragas
Normalmente este tipo de serviço contempla acesso a lugares altos, acima de 10 metros de altura. Se a intenção é realizar a prestação do serviço num tempo menor do que o estimado, alugar a plataforma agilizará a finalização do trabalho, entretanto aumentará o custo do serviço. Realizar controle de pombos não é fácil e requer muita análise antes da
sua execução. O planejamento deve ser feito minuciosamente levando todas as possibilidades em consideração, antes de passar o orçamento para o cliente. Usar produtos caros ou importados não garantem 100% de sucesso no Controle. É onde entra o Controle Inteligente. Uma simples ação, se bem pensada e com foco, pode resolver o problema.
Referências Bibliográficas podem ser obtidas na ABCVP.
Monica Schuller Ribeiro é Bióloga, Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde
Pública da USP, especialista em pombos urbanos.
E-mail: [email protected]
Monica Schuller Ribeiro é Bióloga, Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde
Pública da USP, especialista em pombos urbanos.
E-mail: [email protected]