O tabloide inglês Daily Mail deu uma matéria apocalíptica que, infelizmente, casa com os tempos tenebrosos que estamos vivendo.
“Brasil invadido por escorpiões amarelos venenosos à medida que as mudanças climáticas os empurram para as grandes cidades” é o título:
Eu moro em São Paulo, a maior cidade do Brasil, que abriga cerca de 12 milhões de pessoas – 20 milhões se você contar a periferia que está se espalhando há três décadas.
Isso faz com que seja um bom lugar para observar o fenômeno que eu pesquiso: problemas sociais complexos.
Na academia, esse conceito refere-se a problemas como corrupção, crime e trânsito – problemas que, na prática, não podem ser resolvidos. Eles devem ser simplesmente mitigados ou gerenciados.
São Paulo é uma cidade densa, com escassos espaços verdes e pouca ou nenhuma vida animal – sem esquilos, sem guaxinins, nem mesmo muitos pássaros. Então fiquei surpreso quando, em janeiro, soube que os escorpiões haviam infestado meu bairro.
Acontece que pessoas do outro lado da cidade e do estado de São Paulo estavam tendo o mesmo problema com esses perigosos e venenosos insetos. Em todo o estado, picadas de escorpião triplicaram nas últimas duas décadas.
Quatro tipos de escorpião vivem em todo o Brasil, mas historicamente apenas em áreas rurais. Os moradores de São Paulo são urbanos. Nós conquistamos a natureza – ou assim pensamos.
A infestação do escorpião no Brasil é o exemplo perfeito de como a vida moderna se tornou imprevisível. (…)
Cerca de 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo, do México à Rússia, vivem com escorpiões, que geralmente preferem habitats quentes e secos.
Mas as cidades brasileiras também fornecem um excelente habitat para os escorpiões, dizem os especialistas. Eles oferecem abrigo em redes de esgoto, muita água e comida no lixo que não é recolhido, e não predadores naturais.
Escorpiões, como as baratas que eles comem, são uma espécie incrivelmente adaptável.
Como o clima no Brasil fica mais quente devido à mudança climática, os escorpiões estão se espalhando por todo o país – inclusive em seus estados sulistas mais frios que, se alguma vez, tiveram relatos de escorpiões antes deste milênio.
O número de pessoas picadas por escorpiões em todo o Brasil aumentou de 12.000 em 2000 para 140.000 no ano passado, de acordo com o Ministério da Saúde.
A maioria das picadas de escorpião é extremamente dolorosa, mas não fatal. Para as crianças, no entanto, elas são perigosas e requerem atenção médica urgente. (…)
Temo que os escorpiões amarelos venenosos tenham reivindicado seu lugar ao lado de crimes violentos, tráfico brutal e outros problemas crônicos com os quais a população urbana do Brasil precisa lidar diariamente.